Bota Abaixo

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A imagem de hoje mostra o “bota abaixo” de Passos em plena execução, arrasando grande parte da precária cidade colonial, para a construção do novo Rio, uma cidade preparada para o séc XX e não presa no pior do séc XVII.
Ao lermos escritores como  Luiz Edmundo que descia a ripa na velha cidade, chaamando-a de “adranjo”, imaginamos que não só Edmundo exagerava como também outros. Mas ao vermos a improvisação das partes menos nobres desses sobrados que iam ao chão podemos entender o que era falado.
Essas construções sem respeito a um PA, cheias de puxadinhos, horizontais e verticais, desafiavam qualquer regra de urbanismo. O que falar do estreito cômodo que se eleva acima das outras construções, ou das janelas antes emparedadas por de cima da carroça mais a esquerda.
 O arranjo lembra muito a atual fase das favelas, que crescem sem controle, criando prédios cada vez mais altos em becos estreitos, abrigando um grande número de pessoas, para o lucro fácil dos especuladores locais, que contam com a inércia e o populsimo do poder público.
Os índices de crescimento da Rocinha em 10 anos são assombrosos, bem como a porcentagem de apartamentos e imóveis de aluguel que passam de 1/4 dos construídos na favela.
Junto com esse crescimento está vindo de forma silenciosa a tuberculose, doença de catacumbas, que aliás e como se pode classificar muitos desses “imóveis”, não só na Rocinha como em muitas favelas da cidade, notadamente as de encosta em áreas nobres. Que outras doenças virão depois ???

9 comentários em “Bota Abaixo”

  1. A Perimetral, o obelisco e a passarela do Bar 20, todos os edifícios modernosos da orla, são outros exemplos do que poder ser “botado abaixo”!

  2. A foto é de Malta? Qual seria o lugar? Algum ponto no traçado da Rio Branco? Alargamento da Carioca, Sete de Setembro ou Uruguaiana?
    É bom lembrar que fora dos eixos reurbanizados, as construções coloniais foram mantidas e sendo modificadas ao longo do tempo. A Saara é legítima herdeira desta época, vários prédios lá são claramente coloniais submetidos a reformas ecletizantes, e a visão atual dos fundos dos sobrados a partir dos vazios da Presidente Vargas não é muito diferente desta cena.

  3. É incrível a decadência desse Rio antigo. Infelizmente, quem achava que aquilo não poderia piorar não contava com as esquadrias de alumínio, o revestimento de azulejos decorados e, principalmente, a laje pré-moldada.

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