Não estamos em Wall Street, ou em alguma das ruas da zona financeira de Nova York, mas sim em pleno Centro do Rio, na velha zona bancária da cidade.
O fotógrafo da Revista Life está bem na esquina da Ruas da Alfândega com Quitanda. Numa época de um Brasil que caminha cada vez mais junto ao Eixo o fotógrafo da Life faz algo mais que mero jornalismo, faz sim “espionagem”. O prédio que vemos bem na nossa frente era a novíssima e sofisticadíssima sede do Banco Alemão Transatlântico (Deutsche Überseeische Bank) , edificado em 1926 e um dos prédios mais luxuosos e modernos da cidade à época.
Material totalmente importado, pesadíssimas portas de ferro fundido e bronze, vitrais, mármores de carrara, maquinário de primeira qualidade, ar-condicionado ( instalado posteriormente), enfim tudo do mais moderno.
Mas era nesse prédio, em cofres Panzer (só havia 3 iguais em todo mundo), que alemães residentes no Brasil e também empresas da mesma nacionalidade guardavam, para o posterior envio, clandestino, ouro e pedrarias, que abasteciam a máquina de guerra alemã. Em 1939, com certeza, os serviços secretos aliados já sabiam das viagens clandestinas, tanto que em 12 de Fevereiro de 1940 a Marinha Real Britânica torpedeou o cargueiro alemão Wakama no litoral de Búzios, que entre a carga oficial de carvão e algodão transportava ouro, num incidente até hoje não explicado corretamente mesmo passados quase 70 anos do ocorrido.
Pouco depois do afundamento, alguns militares em uma história até hoje nebulosa, invadiram o banco atrás de mais divisas a serem desviadas e dos responsáveis. Houve intensa troca de tiros dentro do prédio e vários ocupantes se evadiram usando 2 passagens secretas que davam para as obras da Av. Pres. Vargas na região da Candelária, os que não escaparam foram mortos.
Dentro do cofre, ouro, jóias, pedras preciosas, obras de arte, pinturas valiosíssimas, papel moeda em profusão. Mas não havia nenhuma listagem a quem possuia os bens. Que aliás sumiram misteriosamento logo depois a essa invasão, lembrem-se que nessa época o governo Vargas ainda era amigo do Eixo, o que deixa a invasão ainda mais estranha.
Com a entrada do Brasil na guerra o banco foi liquidado e o prédio espoliado pelo governo brasileiro, como outras propriedades e entidades germânicas e italianas.
Em 1943 o prédio foi vendido à PDF que passou a utilizá-lo como sede da Secretaria de Finanças, passando depois a Secretaria de Fazenda da Guanabara e após a fusão a mesma secretaria do ERJ, estando hoje tombado pelo patrimônio histórico.
Junto a prédio vemos a velha igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, uma das congregações mais ricas da cidade no séc. XIX e hoje praticamente desaparecida. Mais ao fundo a esquina com a Av. Rio branco.