Túnel Rebouças a série cap. II

Vamos aproveitar o período de obras, para condensar uma das maiores séries já publicadas no “foi um RIO que passou” ainda nos tempos do fotolog.com, que explicava as origens do Túnel Rebouças. A série dispersa em post’s ao longo de quase todo o mês de Dezembro de 2005, poderá ser condensada aqui no site em uns 4 post’s, facilitando em muito a consulta, hoje também incluiremos na série dois posts de Janeiro de 2004 que explicam como seria o Rebouças pedagiado.

 

Foi então o túnel inaugurado, segundo os engenheiros em caráter provisório. Faltava ainda tudo do planejado, mas o mais difícil, seria sem dúvida o sistema de exaustão e ventilação. No projeto original se previa um sistema onde gigantescas torres escavadas na rocha partiriam da abóbada do túnel, até o topo do maciço onde os gases e o calor sairiam por convecção.

Viu-se que era insuficiente, decidiu-se então dotar essas torres no topo de grandes ventiladores o que resolveria o problema, mas sem dúvida o custo e a complexidade de fazer esses túneis verticais, combinados ainda com as experiências desastrosas sentidas pelo poder público no túnel Santa Bárbara, onde desabamentos rochosos atrasaram a obra e custaram muitas vidas, promoveram o abandono deste projeto.

Começaram os estudos para tentar resolver o problema, os engenheiros do DER-GB foram postos à prova, e começaram a fazer simulações nos laboratórios da UEG e também nos laboratórios do próprio DER localizado no entroncamento da Dutra com a Av. Brasil.
Ventiladores começaram a ser testados a idéia era expulsar a poluição e renovar o ar dentro do túnel usando a própria galeria e não um forro falso como havia no Santa Bárbara. Descobriu-se então para a surpresa de muitos, que para as características de clima do Brasil, quanto mais lentos em suas pás e maiores em poder de sucção funcionariam melhor do que ventiladores rápidos, pois provocariam um efeito pistão conjugados com o próprio deslocamento de ar provocado pela passagem dos carros.
Mas a indústria nacional não os produzia, e numa época pré internet, começaram-se as buscas. O então engenheiro Marcos Acorsi descobriu uma fábrica estrangeira que fabricava ventiladores semelhantes, mas que teriam que ser adaptados, foi feita a encomenda então, desses ventiladores, 89 no total, que junto com um sistema de monitoramento de monóxido de carbono,  os poriam então em funcionamento de modo automático.
Como curiosidade aí vai o número de ventiladores em cada galeria, 50 na galeria Lagoa-Cosme Velho, 23 na galeria Cosme Velho-Lagoa e 8 em cada galeira Rio Comprido-Cosme Velho.

 

 

 

No livro editado pelo DER/GB intitulado “Via Expressa para a Cidade Universitária e Aeroporto Supersônico Internacional” do final dos anos 60 explica-se o porque, da grande área asfaltada da foto aérea e dos croquis a cima e no final do post de hoje.
O pensamento original na época seria que, a Linha Vermelha, seria uma via expressa interestadual que ligaria a Guanabara ao Estado do Rio, com poucas rampas de entrada e saída e altamente sofisticada, com o mais moderno em estradas à época implantado no sistema.
Os túneis  que com a fusão nunca ficaram prontos,  teriam monitoramento constante de poluição e imagem, placas de material sintético revestindo as galerias, facilitando a limpeza e clareando o ambiente. Essas placas de revestimento sustentariam as luminárias e instalações ( telefone, telex, rede de dados do BEG e Detran-GB e cabos do sistema alta tensão da Light), e ficariam independentes das paredes melhorando a acústica .
Todas as bocas contariam com treliçado, com zonas de claro e escuro eliminando o ofuscamento na entrada e saída das galerias, e um septo para evitar o fluxo cruzado da fumaça que poderia sair de uma galeria e entrar na outra de sentido inverso, bem como sistema de exaustão totalmente automatizado.
Com todas essas sofisticações a via quando concluída seria dotada de pedágio, que ficaria na saída da Lagoa onde hoje é o campo de futebol apelidado de “maconhão”, bem como daquele viaduto construído na década de 80, pois o metrô estaria quase todo concluído, (linhas 1,2,3 faltando-se as linhas 4 e 5 que seriam terminadas antes de 2000 e a 6 em construção no final do séc XX e início do XXI) bem como o Santa Barbara atenderia com folga o tráfego local sul-norte com a conclusão do sistema viário Laranjeiras- São Cristóvão- Estácio também nunca concluído .
A Guanabara possuía todo um plano de desenvolvimento urbano até o ano 2000 inclusive com verba destinada automaticamente no orçamento, mas aí veio a fusão…
Por fim, hoje, colocaremos alguns croquis de como ficaria o túnel se o projeto dos anos 60/70 fosse concluído na sua totalidade.

 

1- Essa é como seria a boca da Lagoa com os brises e septos instalados, e o tratamento paisagístico realizado

2- Essa é a boca do Cosme Velho-Rio Comprido, com os brises e septos também instalados

3- O último croqui mostra uma ilustração de dentro do túnel, com as placas sintéticas nas laterais, as sancas com a iluminação e os ventiladores.