Metrô, Linha Prioritária, e Linha 1, segunda metade dos anos 70

Por motivos de obras nosso arquivo inédito, bem como os livros e demais materiais de consulta estão indisponíveis, portando faremos um repeteco de posts que foram realizados no fotolog desde o início do “foi um RIO que passou”, quando possível com os textos revisados e enriquecidos. O de hoje, publicado em Agosto de 2005.
O Metrô do Rio sempre teve sua construção atribulada, desde os primórdios quando se pensou em fazer uma via ferroviária elevada do largo da Carioca até a rua Real Grandeza e Copacabana, nos primeiros anos da república.
Depois com esboços do plano Agache, e sonhos mais concretos nos anos 50.
Mas foi com o estado da Guanabara que o projeto conseguiu andar com a criação da Cia do Metropolitano.
Hoje eu e Roberto Tumminelli ( http://www.flickr.com/photos/carioca_da_gema/34571599/ ) faremos um post duplo com base em dois mapas, publicados com apenas 5 anos de diferença, o dele de 1970 constando no livro RIO 2000, e o meu publicado na Revista de Engenharia e Arquitetura da Guanabara em 1975.
O ideal seria que vocês abrissem os dois sites e fizessem suas comparações.
Os mapas são muito parecidos, e abordam a linha 1, mas há nos dois diferenças, partindo do bairro do Flamengo, inicialmente a estação Flamengo se chamaria Marquês de Abrantes, nada mais lógico pois ela está nessa rua, mas o mais impressionante é que o bairro de Botafogo contaria com duas estações, uma localizada certamente na Praça Jóia Valansi, que fica entre as ruas Muniz Barreto e Visconde de Ouro Preto, e outra, chamada de Mourisco no leito da rua Fernandes Guimarães.
No mapa que vocês estão vendo Botafogo só conta com uma estação, embora o traçado permaneça o mesmo, embora difrente da realidade atual, pois a partir daí os trilhos fariam uma grande curva em arco se dirigindo para Copacabana por baixo no morro da Babilônia.
Novamente temos diferenças, no mapa de 1970 a primeira estação seria na praça do Lido, nesse que vocês vêem aqui ficaria no entrocamento da Av. Princesa Isabel com Av. Nossa Senhora de Copacabana e aliás seria por ela, no sistema Cut and Cover que o metrô caminharia pelo bairro sendo então construídas as estações Siqueira Campos, na praça Serzedelo Correia, Constante Ramos ( na realidade na esquina com a rua Dias da Rocha, certamente nos terrenos do Cine Copacabana ), Sá Ferreira ( possivelmente na praça Sarah Kubitschek ) e a partir dali iria rumo à Ipanema rasgando pelo meio de dois quarteirões, Souza Lima, Av. Copacabana, Francisco Sá, Raul Pompeia, Júlio de Castilhos e Conselheiro Lafayette. até chegar a praça General Osório e dali por Cut and Cover pela rua Visconde de Pirajá até a praça Nossa Senhora da Paz.
Os traçado nos dois mapas é igual, mas as estações de Copacabana foram reposicionadas ou apenas renomeadas, Miguel Lemos para Sá Ferreira embora ficassem no mesmo lugar.
O mais impressionante é que nesse mapa havia traçada uma linha prioritária, para estar pronta até o final dos anos 70, ela atrasou alguns anos mas em 1983 ela já estava concluída, mas o resto era para estar finalizado até os anos 90, o impressioanante é que não aconteceu, Copacabana só agora tem sua última estação em obras e terá apenas 3, no fundo do bairro e não 4 em regiões centrais como seria.
Pode-se até perguntar, o que seria do comércio de Copacabana com uma obra dessas, certamente entraria em decadência, mas entrou sem ela, hoje o comércio da outrora chique Av. Copacabana se iguala ao comércio da rua do Catete e da rua Uruguaiana ruas que tinham comércio chique que minguou por causa dos tapumes vários anos lá instalados, até o cinema possivelmente demolido não é mais cinema.
O que muitos poucos sabem é que Botafogo tem uma estação, lacrada esperando ser colocada em operação, chamada Morro de São João, muito próxima da projetada estação Mourisco no mapa do Roberto.
A volta deste post, além da nossa obra, está relacionada a notícia publicada no Globo de ontem ( domingo, 2  de Novembro) onde mais uma vez nossos governantes mostram que nada entendem de transporte público de massas. Uma esticada da Linha 1 até o Leblon e aí em praticamente linha reta a partida da Linha 4 rumo à Barra é um absurdo.
É um contra-senso, como é a Linha 1-A, esse rabicho passará por regiões de solo complicadíssimo como grade parte de Ipanema e a região do Jardim de Alah e Selva de Pedra, regiões que há uns 80 anos eram água, com fundo lodoso , rico em matéria orgânica. Quem acompanhou a construção do trecho entre as estações Siqueira Campos e Rua santa Clara, sabe muito bem do custo de passar por tal tipo de solo em uma área habitada. A Estação Siqueira Campos consumiu milhões de sacos de cimento somente para endurecer o solo da Rua Tonelero e até hoje é a estação mais cara do Metrô carioca.
Mas se ali não tinha-se uma alternativa, no caso da Linha 4 há. Passando quase todo  tempo  por dentro de macissos rochosos, com o Morro de São João e os contra-fortes das encostas do macisso Tijuca, além do Morro Dois Irmãos, sendo uma obra mais barata, e em termos operacionais, caso haja boa vontade criando dois cruzamentos com a Linha 1, na Rua Uruguai e na lacrada estação Morro de São João.
Tudo muito ruim para um governo que diz que governa para o subúrbio, uma estação no leblon e até hoje a não conclusão da Linha 2 até a Carioca, o que realmente beneficiaria os eleitores do candidato do Governador a prefeito.