Vista do Corcovado 1966

Nessa foto tirada por turistas argentinos, o que nos interessa não é o casal em primeiro plano, mas simn a paisagem urbana que se descortina pelos seus ombros.
Na parte esquerda vemos a Lagoa talvez no seu período mais intenso de modificações desde as obras de saneamento do prefeito Carlos Sampaio e a construção do Jockey poucos anos depois.
Nessa época as vias de entorno da Lagoa começavam a ser unidas como concretização do plano de transforma-la  na rota distribuidora de trânsito da Zona Sul , com a chegada nela da Linha Vermelha ( Túnel Rebouças ) e a Auto Estrada Lagoa Barra, ligando a Z. Sul respectivamente à Z. Norte e fronteira da Guanabara e a Z. Oeste para onde a cidade deveria crescer.
Para isso aterros aconteciam e a remoção das ocupações irregulares que existiam em diversos pontos era imperiosa. Na nossa foto vemos três delas ainda praticamente intactas, podendo-se ter inclusive uma idéia da dimensão da Favela da Praia do Pinto, bem a cima do ombro do rapaz. No litoral pouco à frentre vemos as favelas do Guarda e da Ilha das Dragas nessa época já unidas em uma só. E junto ao muro do Jockey a pequena Favela Piraquê.
A Ilha Piraquê já ocupada pelo Departamento Esportivo do Clube Naval há pouco mais de 20 anos à época promovia seu primeiro grande aterro, como podemos ver pela imagem onde a grande área sem urbanização é a que está sendo aterrada, para a construção do ginásio, campo de futebol, piscina recreativa e quadras esportivas. A disposição das quadras de tênis também era diversa.
Mais ao fundo vemos o Drive-in operado numa área estadual por concessão pelo empresário Ricardo Amaral, que continua até hoje sem justificativas plauzíveis ocupando a área, privatizando a vista e a fruição de boa parte da Lagoa pelos cariocas, numa realidade urbana muito diferente do desvalorizado local dnos anos 60 tomado por favelas.
Junto ao mar temos um Leblon ainda dominado por prédios baixos e casas, situação que mudaria radicalmente 20 anos à frente.
À direita do casal vemos a Gávea, serpenteando morro a cima, morro este longe do crescimento desordenado da Rocinha, que a fez nos anos 80 dobrar a vertente e pressionar o que era um dos bairros mais aprazíveis da nossa cidade.
A imagem também mostra em desque o predio serpentina do Parque Proletário da Gávea, o único construído do que seria um interesante conjunto habitacional popular projetado por Reidy.
Agradecemos ao amigo Carlos Ponce de Leon de Paiva o envio dessa imagem

15 comentários em “Vista do Corcovado 1966”

  1. Xará, parece que nos anos 60 a Zona Sul era bastante desvalorizada pela presença das favelas, a pressão imobiliária, com a ajuda do governador Carlos Lacerda, que expulsou essas comunidades dessa região permitiu o avanço da especulação imobiliária.
    A pergunta é: Quem começou primeiro? O Governador com uma medida “saneadora” ou a pressão da máfia do cimento e vergalhão?

    1. Acho que era um efeito Tostines, mas se pensarmos bem a Praia do Pinto foi a única ex favela a ser ocupada diretamente, as outras ou viraram parques ou áreas non-edicanti.
      Mas era certo que as favelas não poderiam ficar sem condições mínmas de urbanização, como aliás mais de 60% das favelas da cidade que deveriam ser removidas e condensadas nas áreas urbanizáveis, urbanizar um Santa Marta por exemplo é jogar dinheiro fora, pois pela inclinação é simplesmente inurbanizável condenando os moradores a viverem num gueto sem acesso fácil a salubridade a vida toda !

  2. Foi bom ter tocado no assunto Lagoa, pois estou a procura do ano da abertura do trecho entre a Fonte da Saudade e o Cantagalo. Será que foi mesmo por volta de 1920 com o Carlos sampaio ?
    Ele adorava fazer obras em locais complicados. Em pensar também que a rua Jardim Botânico, na sua maior parte, beirava a lagoa.

  3. A Lagoa em frente ao Jockey e a área da Favela do Pinto e Miguel Couto sempre foram terra de ninguém e tem aquela cara de coisa mal acabada. Não gosto do astral do lugar.

  4. Carlos Lacerda deu jeito (para sorte nossa, pois imaginem se ainda existissem as que ele removeu) em muitas favelas, mas hoje, com essa praga do “politicamente correto”, a pressão e a campanha difamatória contra qualquer político que ouse falar em remover uma “comunidade”, são forças que poucos homens públicos se atrevem a desafiar. O resultado, desse acovardamento diante das patrulhas, nós sentimos todos os dias.

  5. De fato o Drive-in é mesmo um imenso desperdício. nem sabemos mesmo para que serve aquilo, mas…..

  6. Gostamos de favela. O plano inclinado do morro Dona Marta custou cerca de R$ 4.000,00 por habitante. A cidade será uma grande favela com algumas partes urbanizadas.

  7. A remoção das favelas do entorno da Lagoa são erroneamente atribuídas ao Governador Carlos Lacerda quando, na verdade, ocorreram no Governo Negrão de Lima.

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