Rua Lacerda Coutinho 42

 

Vemos na nossa imagem de hoje membros da família Pardal em visita a uma família amiga que tinha casa em outra rua do Vale São João-Cabritos.
A pequena  Rua Lacerda Coutinho, aberta em terrenos da família Gardone Constante Ramos no início do séc XX, foi construída como um acesso aos terrenos da família localizados nas fraldas do Morro dos Cabritos, muito antes de um prolongamento da Rua Santa Clara ser pensado, tendo ainda seu formato em L acessando lateralmente a cerca que dividia os terrenos da família dos de Felizberto Peixoto.
Anos depois com a abertura do prolongamento da Rua Santa Clara até o topo do vale ela perdeu essa função de ligação e ficou praticamente parada no tempo.
Composta praticamente só de casas, em pequenos terrenos, o que certamente salvou a rua da demolição total nos anos 60 e 70, ela mantém até hoje muitos exemplares dos anos 20 e 30, algumas em perfeito estado, outras desfiguradas por reformas sem nexo, sendo a maior perda a casa de número 50 um lindo exemplar déco, revestida em pó de pedra, transformada em uma casinha típica de condomínos de 2ª  categoria da Barra da Tijuca.
A casa 32 era um perfeito exemplar do estilo Missões, tão em voga aqui nos anos 30, que copiava certamente as belas casas de artistas e pessoas importantes que eram construídas na California.
Temos elementos interessantes como a porta de entrada emoldurada por um frontão em pedra super decorado, fachada em chapisco rústico, arcos de pedra, luminária de ferro batido, grades e corrimãos também de ferro batido com barras bem finas e outros elementos que não parecem como escadas de lajotas decoradas com azulejos floridos, simulação de vigas de madeira e grandes janelões.
A casa existe até hoje, mas não teve a mesma sorte da outra casa na região mostrada por nós há poucos dias (  http://www.rioquepassou.com.br/2008/04/02/ ). No final dos anos 80 início dos anos 90 a casa passou por uma arrastada reforma que a descaracterizou totalmente. Um puxadinho que se projeta da fachada usando como base uma varanda avançada que existia na casa à esquerda, mas que não aparece na foto, com tétricas e pequenas esquadrias de alúminio, simplesmente destruiu a simpática arquitetura da casa.
A varanda que existia à direita superior sumiu, a portada teve alguns elementos cortados pela nova estrutura, e ainda conseguimos ver o arco da garagem escondido pelo puxadinho como se encoberto por uma marquise. Logicamente o muro não é mais essa pequena mureta, mas sim um de 2 metros. Para completar a casa é pintada de um marelo gema, o que nada tem a ver com o estilo Missões, que ela possuia.
Agradecemos ao amigo Ricardo Lafayette o envio da foto

8 comentários em “Rua Lacerda Coutinho 42”

  1. Ruas como a Lacerda Coutinho deveriam ter suas casas tombadas antes que seja tarde, pois, ainda conservam a história de nossa cidade.

  2. Uma pena o que fazem até hoje com essas casas.
    Conheço uma pessoa que tinha um magnífico chalet típico do final do século XIX, fui várias vezes na casa e achava linda e bem conservada.
    Da última vez que fui deu vontade de chorar… ela tinha tranformado tudo num caixote.
    Até a escada interna de madeira, muy bonita em curva desapareceu e virou uma coisa vulgar em alvenaria e mármore.

  3. Uma vizinha promoveu uma destruição parecida com sua casa no ano passado. Comentei o fato com alguns colegas de fotolog.
    Apesar de estar preservada pela APAC, ela conseguiu modificar o formato das janelas e acrescentar um segundo andar na fachada. Todo o madeirame de pinho de riga foi perdido para sempre. E para se isolar dos vizinhos (com os quais sempre teve problemas) construiu paredes por dentro das originais, e eliminou a área de serviço transformando a casa em um caixote e a área da vizinha em um buraco.

  4. Chamou-me a atenção o nome da rua, pois pesquisei/ pesquiso sobre o escritor José Cândido de Lacerda Coutinho, mais conhecido por Lacerda Coutinho, que nasceu na Nossa Senhora do Desterro, antigo nome da capital de Santa Catarina (século XIX). Ele fez medicina no Rio e transferiu-se para a corte em 1870, vivendo lá até o fim da sua vida, em 1900. Neste período, ele exerceu medicina nos bairros da Saúde e da Gamboa e fundou, no Rio, o Centro Catarinense. Há algum registro de que ele tivesse morado nessa localidade? Ou alguma outra informação sobre ele?

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