Um dos clássicos da Av. Atlântica o Ypiranga foi construído no melhor estilo Art-Déco na corrente streamline, onde formas aerodinâmicas influenciavam fortemente a volumetria do prédio.
Construído nos anos 30 ele faz parte a geração pioneira dos predios da orla, como o Palacete Atlântico, Erlú, Guarujá, Lellis, Imperator, Embaixador, Araguaya etc.. todos no estilo eclético ou déco.
Suas protuberantes varandas que avançavam para fora da fachada renderam ao prédio nos anos 40 e 50 o apelido de Mae West, uma atriz de Hollywood cheia de “atributos”, ainda mais na época que o edifício só tinha um vizinho de quarteirão, o Araguaya.
Na nossa foto, a agência Globo, tirada nos anos 50 o prédio já está inserido no conjunto edificado que até hoje permanece no local, com destaque ao modernista Justus Wallertein, projeto de Sérgio Bernardes que se mostra na foto em muito melhor forma que hoje.
Na nossa foto podemos ver que mesmo nos anos 50 quase todas as suas varandas dos pavimentos inferiores ainda estavam abertas dando volumetria ao edifício, a janela que vemos não é da sala mas sim de um dos quartos. A razão para isso, era na concepção da época que era importante ter quartos arejados e iluminados, ao contrário das alcovas existentes nos sobrados e construções muito antigas da cidade. O resultado é que tanto no Ypiranga como em vários prédios contemporâneos a sala fica no centro do imóvel, de onde se irradiam os quartos.
Nossa foto também mostra a portaria original do prédio, ainda longe do surto “modernizador” nos anos 60 e 70 onde milhares de portarias déco ou clássicas da cidade foram reformadas, perdendo mármores italianos, enormes portões trabalhados de fer forgé, luminárias importadas ou exclusivas etc…. para em seus lugares entrarem o vidro fumê, o tapete e o mármore branco e as luminárias compradas em Benfica que imitavam as coloniais.
Nos anos 80 o Ypiranga sofreu nova agressão, com a construção de um puxadinho, com janelas que divergiam das originais e da volumetria do prédio, feito pelo Sr. Oscar Niemeyer para abrigar seu escritório. Puxadinho esse que modificou o coroamento do prédio.
Comments (9)
edubt 2008-01-28 09:14 …
Fico impressionando como certos síndicos conseguem avacalhar com prédios de arquitetura caracteristica com o intuito de moderniza-los. Deviam ser depostos, e pagar do proprio bolso o erro. Isso tambepm com os maradores que deram “sim” nas assembléias.
derani 2008-01-28 09:26 …
Para mim , esse ainda é um dos prédios mais interessantes da Orla.
Gostaria de morar lá…
luiz_o 2008-01-28 10:53 …
Concordo com o Derani, é simpatissímo.
fade_radius 2008-01-28 12:44 …
Agregado
Good day
🙂
jban 2008-01-28 13:06 …
Casa de Ferreiro, espeto de pau.
rodrigonetto 2008-01-28 16:39 …
Taí um prédio em que o fechamento das varandas não foi de todo ruim, deu ao edifício um formato tão peculiar quanto o original.
Não amaldiçoemos os síndicos ignorantes dos anos 70 e 80, eles não sabiam o que faziam, não tinham (como alguns ainda não têm) idéia do valor histórico e arquitetônico desses edifícios. Pra eles, são só velharias que precisam ser modernizadas – o mesmo pensamento destruiu a Avenida Central.
Andre, não existe nenhum projeto de incentivo à restauração desses edifícios às características originais?
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
claude_photos 2008-01-28 19:01 …
Pena que tem muito fechamento de aluminio !
triunfodapintura 2008-01-28 21:06 …
Incrivel como se vulagariza tudo aqui nessa terra com o passar dos anos.
O predio ao lado, citado no texto, é extremamente elegante e totalmente dentro da arquitetura moderna purista dos anos 50.
famadas 2008-01-29 06:27 …
Niemeyer fez puxadinho? Seu passado lhe condeeeeeenaaa…
Obrigado pela foto e as informações sobre o Ed. Ypiranga. Vou para o Rio uma ou duas vezes por ano; como moro no posto 6, o admiro desde a praia cedo todas as manhãs. A foto, com o elegante (mas hoje muito afeado) Justus Wallerstein (não Wallertein) do lado, dá relevo àquilo que mais me chocou durante minha primeira viagem ao Brasil em 1996: as grades que fecham os prédios, dos mais modestos aos mais espléndidos, separando eles irreparávelmente do pedestre e do “flâneur,” destruíndo uma continuidade urbanística na qual, como mostra a foto, eles foram pensados. Me lembro a chegada de taxi ao meu hôtel em São Paulo: tevi a impressão esquisita de estar ao mesmo tempo dentro e fora duma cadeia… Impressão menos forte no Rio, mas não menos chocante. Compreensíveis talvez como estratégia (eficaz?) de defesa, as grades não deixam de ser uma das mais notáveis degradações urbanas – que já nem notamos. Alguém sabe quando começou o “surto” da grade? (“Surto”: achei ótima a caracterização dos anos 60-70 que vieram a “bruxellização” de tantas cidades no mundo inteiro.)
O Ypiranga incorporado em 1930 pelo meu Avô Gustavo Joppert,foi projetado e pelo que tinha de melhor na época a Cia. Freire e Sodré,sendo que o engenheiro Mario Freira fez uma especialização em ARQUITETURA,com o famoso Arquiteto Van Allen,que projetou o Crysiler Building , um dos mais famosos prédios de NYC,no estilo Art Deco Streamline,com a característica de seu topo ser igual a um foguete imitando a frente de um veículo,porém o Mario Freire foi despedido do escritório do mestre Van Allen,por improbidade administrativa,acusado pelo dono da fábrica de automóveis,proprietário do Prédio.
Quando retornou ao Brasil,influenciado pelo Van Allem,projetou o Ypiranga,o unico Art Deco Streamline da orla Carioca.
O Arquiteto Mario Freire sempre foi uma pessoa Correta e idônea.
Grato
Adorei ver o meu querido Ypiranga, onde nasci e vivi feliz na infancia Filha de pai ingles e Mae brasileira. Lembro com saudades grandes o porteiro Seu Jose, e outros…memorias otimas. Ainda ha motadores dos tempos 50 e 60 ai que lembra da familia Tarbutt? Entre em contato comigo via email, [email protected]“