A Villa Ruy Barbosa está intimamente ligada ao posto do dia 14 de Março (http://www.fotolog.com/andredecourt/23622084 ) pois fazia parte de um mesmo programa elaborado por Arthur Sauer para habitações populares. Para isso ele fundou a Cia de Saneamento do Rio de Janeiro, que pretendia levantar inúmeras vilas como essa por toda a cidade.
A primeira a ter seus trabalhos iniciados foi a Ruy Barbosa em 1890 seguido pela a Arthur Sauer em 1891 em 1892 começou-se a obra de mais uma, perto da Central do Brasil, mas nessa época a Cia de Saneamento enfrentou os problemas que desestimularam a construção de mais vilas. A negativa do governo de dar isenção de impostos à importação dos materiais de construção e também dos impostos fundiários, prejudicando em muito a iniciativa.
Apesar de não resolver os problemas da casa própria as vilas proletárias poderiam ter resolvido a não propagação das favelas no início do séc XX e dado habitação digna aos moradores de cortiços e estalagens que se espalhavam pela cidade sendo focos de doenças.
As vilas como a Ruy Barbosa tinham rígidas normas de ocupação e higiene, para se ter uma idéia a área mínima que uma pessoa poderia morar só seria um quarto de 31 metros quadrados, sendo para famílias numerosas o espaço mínimo de 114 metros quadrados não colocando a companhia obstáculos para serem anexadas mais de uma morada.
Sem dúvida a Ruy Barbosa era a maior das construídas, ela era composta de uma via principal, arborizada, a qual vemos um da suas entradas, e várias travessas que abrigavam construções que iam até os 3 andares. Possuía 124 casas multifamiliares e 324 quartos para solteiros. A Cia também fornecia além do aluguel do cômodo ou casa, móveis e apetrechos, sendo esse serviço muito utilizado pelos solteiros e pouco pelas famílias.
Outro fenômeno curioso era a lotação sempre máxima das casas para família, muitas vezes ocorrendo o pagamento de luvas de uma família para outra quando da desocupação de um imóvel.
No relatório d engenheiro Everardo Backheuser encomendado pelo ministro JJ Seabra, feito em pleno período Passos, e para onde originalmente essas fotos foram produzidas, era apontada a solução das vilas operárias como a ideal, pelo menos em meios sanitários, pois o cidadão não possuiria seu imóvel.
A Ruy Barbosa era quase uma cidade, pois possuía dois mercados, um restaurante, uma açougue, uma farmácia, uma carvoaria, uma lavanderia, uma lavanderia à vapor ( nunca usada segundo o texto de 1905 ) uma sapataria e uma fornalha para incineração de lixo.
Infelizmente algo deu muito errado, as vilas nunca se propagaram, e nos anos 40 apenas as anexadas as unidades fabris tinham sucesso, e muitas ainda chegaram aos nossos dias.
Já a Ruy Barbosa, localizada no meio do Centro da Cidade, nada sobrou. O imenso terreno que ocupa todo um lado da Rua do Senado, entre as Ruas dos Inválidos e Ubaldino do Amaral, e que chega quase até quase a esquina da Av. Henrique Valadares, era o local ocupado pela vila. Aparentemente a pequena via chamada hoje de Rua Didino, era uma das vias internas da Villa Ruy Barbosa.
De vestígios testam alguns testos de fachada na Rua do Senado, absorvidos pelo muro do terreno, e um pequeno conjunto de imóveis na esquina da Rua dos Inválidos com Av. Henrique Valadares, que tem uma arquitetura muito parecida com as casas da desaparecida vila.
O enorme terreno sem dúvida é de propriedade de algum órgão público federal, ou estadual, como inúmeros outros por toda a cidade, abandonado e esperando a sua vez de ser invadido e transformado em favela, como dezenas de outros viraram grandes favelas em nossa cidade.
Comments (6)
rock_rj 05.12.07 19:26 …
Re: a foto é em frente ao 4720 da Av.Epitácio Pessoa, perto da Fonte da Saudade.
triunfodapintura 05.12.07 20:54 …
Excelente essa história das habitações populares.
jban 05.12.07 21:09 …
Desvendado o mistério do “navio no meio da Esplanada do Castelo em:
http://fotolog.terra.com.br/sdorio:508
Ver em:
http://www.miniweb.com.br/Cidadania/Dicas/carnaval1.html
“Em 1935, o Cordão dos Laranjas construiu um salão, em forma de navio, que “atracou” na Esplanada do Castelo, e ali se realizariam alguns dos mais alegres bailes de três ou quatro carnavais. E enquanto o Municipal iniciava concursos de fantasias de luxo (a princípio só femininas, e, depois dos anos 50, masculinas), os bailes que atraíam multidões eram os do Botafogo, Fluminense, Flamengo, Vasco da Gama, América. Bem familiares em suas primeiras versões, reunindo a sociedade abastada em trajes de gala, foram-se tornando cada vez menos bailes de fantasia. Já não se conseguia dançar, apenas pular, e à casaca e ao smoking juntavam-se o traje-esporte e o mulherio semidespido. E existiam os bailes gremiais como o das Atrizes, o Vermelho e Negro, o dos Pierrôs etc. ”
derani 06.12.07 11:43 …
Realmente seria um grande passo para evitar a criação de favelas… uma ótima idéia para a época.
caucaia1 06.12.07 13:57 …
Olá, muito doido mesmo, e feito em Santos, veja você!
alo_helo 07.12.07 08:24 …
Muito interessante, parecem pequenos condominios populares, facilitando a vida de muita gente, principalmente dos solitarios, uma pena não ter dado certo, creio que seria uma boa para os problemas atuais, que estariam minimizados hj em dia.