Queremistas

 
Ontem o amigo Derani, mostrou um grupo de queremistas no Largo da Carioca: http://fotolog.terra.com.br/nder:525 e hoje continuaremos no tema, nos aprofundando, inclusive.
Com o fim da segunda guerra mundial haviam pressões políticas para a saída de Vargas do poder e a realização de eleições democráticas, haja visto que as ditaduras fascistas tinham sido derrotadas na Europa, ficando a nossa claramente anacrônica. Pressionado Getúlio anunciou eleições.
Mas havia um grande número de partidários do caudilho que não queriam a sua saída, por razões obvias, e começaram a usar o povo simples como massa de manobra. O primeiro movimento surgiu em São Paulo, intitulado de “Panela Vazia”, logo em seguida no mesmo mês de Maio de 1945 surgiu no Rio o movimento mais famoso o Queremista, vindo das palavras de ordem “queremos Getúlio”.
Muito da animação deste movimento vinha da dubiedade de Getúlio vir ou não candidato às eleições futuras, visto que, vários partidos já tinham sido criados após anos de Estado Novo, e candidatos eram anunciados. Alguns grupos defendiam a permanência de Getúlio por mais tempo enquanto se elaborava uma nova constituição, embora as duas constituições anteriores já tinha sido elaboradas com ele no poder, a democrática de 1934 e a “polaca” de 1937, o que claramente não seria o ideal. Ainda mais com previsível permanência de Getúlio por um período superior a mais um ano no poder.
O movimento cresceu e ganhou importância nacional e poder de fogo com a compra de 3 rádios por Hugo Borghi, massas de trabalhadores urbanos são manipuladas para ir a rua gerando grandes manifestações populares em Agosto, Setembro e Outubro, o presidente fazia seguidas aparições nas sacadas do Catete onde era ovacionado pela massa estrategicamente colocada na rua. Os queremistas estavam seguros do seu poder e Getúlio dava cada vez mais manifestações que pretendia continuar no poder.
Manobras de Vargas, entre elas a decretação de eleições estaduais, com a outorga de novas constituições estaduais, e que os interventores poderiam concorrer, desde que se desencompatibilizassem 30 dias antes do pleito, o que daria todas as benesses das máquinas estaduais para eles. Essa manobra fortaleceria muito Vargas, caso vários governadores eleitos fossem antigos interventores, como tudo levava a crer
Mas talvez o caudilho tenha feito uma manobra prematura ao trocar, no dia 25 de Outubro, o chefe de polícia do DF, João Alberto Lins de Barros por “Bejo” Vargas, seu irmão e comprometido com Estado Novo até a cabeça.
Esse movimento de tabuleiro acendeu a luz vermelha nos movimentos democráticos, como uma manobra que visava pavimentar um novo golpe, ou um novo Plano Coen. Pois corria o boato que a primeira ação de Bejo seria prender os líderes militares de oposição e os civis que articulavam a saída de Vargas, entre eles intelectuais, políticos, empresários etc…
No dia 29 de Outubro o exército deu o seu primeiro golpe institucional, o segundo seria para garantir a posse de JK, e retirou Vargas do poder, entregando a presidência da república interinamente ao presidente do STF.
Com essa atitude do exército, que esvaziou momentaneamente o ímpeto de Vargas por mais poder o Queremismo foi rapidamente esvaziado.
Nossa foto mostra um grupo de manifestantes sentados na descida da linha de bondes de Santa Teresa, que seguia junto aos muros do Convento de Santo Antônio até o “loop” do prédio da Ordem Terceira. Vemos alguns motorneiros e mecânicos da Light misturados ao povo, e alguns cartazes chamam a atenção, principalmente o colocado dentro do círculo.