Assim poderia ser o Foyer do Teatro Municipal se o projeto de Victor Dubugras tivesse sido o vencedor na concorrência pública de projetos para o novo teatro da capital Belle Époque que a República queria.
Sabemos que o projeto em estilo eclético com fortes elementos Luiz XVI de Francisco Pereira Passos foi o aprovado. Até hoje muito se especula se o projeto do filho do então prefeito, que concorria com um pseudônimo, foi de alguma maneira favorecido.
Pessoalmente acredito que o estilo fortemente Art-Noveu do projeto de Dubugras era de difícil digestão para um corpo julgador, que saia da cidade colonial rumo às reformas de Napoleão III. O Art-Noveu era um estilo industrial, uma semente da arquitetura moderna e certamente suas formas não eram palatáveis aos julgadores que escolheriam um prédio público de tamanha importância numa cidade que queria ser francesa.
Certamente a fachada é que deveria causar mais resistência como podemos ver pelas palavras de Yves Bruand “O exterior era uma curiosa mistura de formas inovadoras e de decoração tradicional, esta tomada de empréstimo tanto à arte romana italiana (galeria de arcadas finas em arco-pleno colocadas imediatamente abaixo do teto), quanto à deuterobizantina ( pequenas torres flanequeando a fachada) e à gótica ( arcos trilobados das balaustradas e da galeria lateral no térreo): é certo que o conjunto teria resultado pesado e heterogêneo”.
Certamente as palavras do arquiteto e urbanista francês devem ter passado pela cabeça da comissão julgadora à época.
Mas se o exterior era pesado e de difícil interpretação o interior era fantasticamente bem realizado, e a obra prima do projeto é a nossa imagem de hoje, o Foyer do projetado teatro.
Em puro Art-Noveu, sem nenhuma re-leitura do passado, o enorme vestíbulo se destacava pelas lindas arcadas que subiam rumo ao belo teto abóbadado em sinuoso desenho. Ou então no piso de motivos florais de onde partiam escadas curvas com corrimões e balaustradas em desenhos geométricos. Completando luminárias em metal que partiam diretamente das colunas, como capitéis. Sem dúvia um “noveu” muito avançado para a época.
Infelizmente o prédio não foi aprovado, tendo ficado em segundo lugar, o que é uma pena, pois o Art-Noveu teve um curto período de evidência em nossa cidade, e principalmente em construções particulares. Praticamente todas varridas do mapa nos anos 50 e 60, tendo sobrado pouquíssima coisa de um estilo muito interessante e que teve o grande mestre Antônio Virzi aqui em nossa cidade como seu principal projetista.
Comments (7)
Talvez destoasse do conjunto de prédios ao derredor…
Era completamente diferente dos outros, BN , MNBA, etc…
Uma pena.
Este projeto, hoje em dia, seria dez vezes mais interessante para a cidade do que a cópia de teatro que existe hoje.
:-(((
Não desgosto do Municipal.
Eu também não desgosto do Municipal, alias, gosto muito dele.
Mas teria preferido que este projeto fosse o vencedor.
Seria com certeza um marco para o Rio de Janeiro ainda maior do que o Municipal.
Olha, acho que foi melhor assim, pois concordo com o colega que comentou sobre o quanto essa construção destoaria das demais. Mas, concordo, não deixa de ser um projeto interressante.
Um grande abraço a todos!
Com certeza teria ficado muito interessante, mas como sempre o jeitinho brasileiro aparece. Esse negócio do projeto do filho do Passos ganhar é o mais puro 171.
Será ?
Gosto do Municipal…. Se o outro seria melhor ou pior..não consigo ter opinião formada.