Sistema Pasmado Copacabana – Quarta Parte

Com o túnel do Pasmado já definido a PDF continuava com inúmeras questões na execução do resto do sistema, notadamente na ligação com Copacabana.

No final de 1939 mais uma variante é apresentada, tratava-se do corte do Morro de São João, mais ou mesmos nos mesmos moldes que a prefeitura fazia no Cantagalo, rebaixamento de um velho caminho (no Cantagalo de partes do velho Caminho do Caniço) através de profundo corte na rocha.
A intenção era ligar a Praça Juliano Moreira à Praça Cardeal Arcoverde, com a  construção de uma avenida de 30 metros de largura, rasgada no morro de forma qual a grau de inclinação fosse pequeno.
Possivelmente a instabilidade das encostas do Morro de São João, que no mesmo ano já tinha ceifado uma vida num escorregamento da encosta,  causou o abandono dessa solução, que praticamente não foi noticiada na imprensa da cidade.
 
Em 1940 novo projeto é apresentado, os viadutos e o túnel no Morro de São João voltam a ser cogitados, mudanças em relação ao primeiro projeto são várias e há uma tentativa de simplificar o projeto, tentando o deixar mais barato.
O viaduto começaria na esquina com a Gal Severiano, com um “bump” aterrado e gramado elevando a pista até a junção da praça Juliano Moreira, Rua da Passagem  (ainda não havia sido desmembrada o trecho da Av. Gal Gois Monteiro) e Venceslau Brás, ali se iniciaria o viaduto que encontraria o novo túnel por de trás do Hospital São Zacharias.
Aparentemente nessa solução a linha de bondes da Gal. Severiano seria desativada e os bondes rumariam para Copacabana usando a passagem por baixo do viaduto e a antiga Rua do Túnel.
 

Nessa imagem vemos o trecho de Botafogo, esse perspectiva não tem a escala correta das anteriores, e chama a atenção o prédio neo-colonial na parte inferior da imagem, não se trata da sede do Botafogo, quanto menos o Hospital dos Estrangeiros, que aliás pareceria ser parcialmente demolido com a passagem da auto estrada.
Como essa obra o Túnel Novo que se aventava a alargar no projeto anterior, era deixado de lado, embora na nossa imagem parece ter os mesmos 30 metros do túnel projetado, no projeto sem viadutos.

O túnel seria um só, ao contrário do trio anterior e sairia mais ou menos no traçado da Rua Otaviano Hudson, curiosamente por onde hoje passa a galeria de pedestres da Estação Cardeal Arcoverde do Metrô, ali desceria o viaduto em quota cruzando a rua Tonelero e encontrando novo “bump” na Praça Cardeal Arcoverde, que em 1940 ainda não estava urbanizada. Vemos que a auto-estrada desembocaria na esquina da praça com a Rua Barata Ribeiro, as obras contemplariam também o alargamento da Rua Inhangá e possivelmente do quarteirão inicial da Rua República do Peru até a praia.
Nesse projeto temos um detalhe interessante, a ligação da Ladeira do Leme com a Rua Barata Ribeiro por uma via  auxiliar nas franjas da encosta, onde hoje está o Barata Ribeiro 200, e a praça continuaria segmentando essa via da Barata Ribeiro imagino até as proximidades com a Rua Duvivier.
Os viadutos são do mesmo estilo do projeto do túnel dos Pasmado, mostrado no post anterior desta série com esculturas em suas cabeceiras.
A obra chegou a ser licitada, inclusive com a concorrência para a execução dos dois viadutos, com a participação de grande construtoras da época como a Pederneiras, a Raja Gabaglia, a Nacional, Soares de Mattos dentre outras.
Como sabemos nada disso foi realizado, mas ainda não chegamos ao final da história…..
 

14 comentários em “Sistema Pasmado Copacabana – Quarta Parte”

  1. Enfim… nenhuma novidade dos dias de hoje.
    Muitos e muitos projetos e no final algo completamente diferente do que inicialmente estava previsto.
    Não sei e nem tenho da capacidade para avaliar se isso é certo ou errado, se isso é comum em outros lugares ou somente aqui.
    Só sei de que é assim.

      1. Então o viaduto cruzaria a Toneleros e chegaria na Barata Ribeiro, que aparece abaixo do lago da praça, à esquerda. A boca do túnel estaria perpendicular à praia, e não paralela como estava tentando visualizar.

  2. Esses projetos complicados só aconteciam na zona sul. A zona norte nunca era escolhida para essas melhorias. Foi só na época da olimpíada que escolheram a zona norte para projetos de transporte. O B.R.T foi uma mão na roda e vamos ver se vai durar.

      1. Não só o BRT deu uma melhorada como também a região por ele servida. Com isso do moradores de lá estão tendo mais acesso às informações e daqui a pouco tempo deixarão o opróbrio e o limbo no qual vivem. Já não é sem tempo.

  3. Nos tempos citados, a corrupção, se havia, era ínfima. E as empreiteiras citadas eram empresas sólidas, cujas obras foram perenes. Mais adiante, nos anos 60 e 70, o quadro era o mesmo, já que as obras realizadas principalmente nos governos militares estão aí mostrando a sua solidez. Certamente aparecerão curiosos, mal informados, indivíduos formados por uma geração de professores de viés comunista, ou mesmo “agnósticos convictos”, para desqualificar um período próspero e que só traz boas recordações (pelo menos para pessoas lúcidas e bem informadas). O fato é que TODAS as obras públicas da atualidade são de péssima qualidade, custam dez vezes mais, e são executadas por empreiteiros ligados às incontáveis quadrilhas de políticos que pululam em “Terra Brasilis”. Só não faltam no entanto, os naturais defensores dessa fantástica “realidade democrática”. Afinal em Junho teremos Copa do Mundo…

    1. Toda vez que falam de construções “sólidas” da época dos milicos eu lembro da Transamazônica, que de tão sólida o mato tomou conta. Dizem que o Mario Andreazza “levou” muito com esta obra e a Ponte Rio Niterói. Um amigo meu que era bem conhecedor dos meandros internos do Exército no início dos anos 70 disse que o Leônidas tinha a alcunha “10 %”. Por que será?

      1. Wagner, estamos no Brasil e “alguma corrupção existiu”, mas não de forma avassaladora como atualmente. Dez por cento não podem ser comparados com os oitocentos por cento obtidos com a obra da linha 4 do Metro. E quanto à solidez, os 44 anos da inauguração da Ponte dispensam maiores comentários. Em relação à corrupção, comparativamente a uma nação europeia, lembro de uma piada contada pelo saudoso Costinha, piada essa que peço licença ao André para reproduzir. “Um cidadão pagou R$ 5,00 por um programa com um travesti. Terminado o coito e ao retirar o membro do ânus do travesti, o cidadão percebeu que havia um caroço de milho em seu órgão sexual. Indignado, o cidadão reclamou com o travesti a existência do “corpo estranho”. Ao que respondeu o traveco: – Por esse valor queria que fosse o o que? Strogonoff de camarão?” Esse é o abismo que separa o Brasil de qualquer país sério…

  4. Tem aqueles que preferem ver a Família Imperial do Brasil voltar a comandar o Brasil. Nesta hipótese, o Brasil voltaria a ter príncipes, princesas, bobos da corte, execuções em praça pública, etc, tudo sob o comando do rei.

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