Rua Figueira de Melo, esquina com Rua Antunes Maciel anos 50


Custa-se muito a acreditar que essa via arborizada por oitis, ensolarada é a hoje sombria Rua Figueira de Melo obscurecida desde o meio dos anos 70 pelo Elevado Ruffino Pizarro, um dos viadutos do conjunto da Linha Vermelha.
Poucos sabem mas a Figueira de Melo até os anos 30 chegava na Praça da Bandeira, e até hoje o viaduto da Central está lá marcando o antigo caminho da via que ia se encontrar com a também desparecida Av. Lauro Muller, engolida pelas novas pistas da Radial Oeste e viaduto dos Pracinhas depois de cruzar a hoje morta rua Elpídio Boamorte. Essa comunicação acabou com a construção da estação terminal da Leopoldina Railway e hoje nem a ponte que existia sobre o Rio Maracanã na Av. Pedro II existe mais.
Todas as construções baixas que vemos na direita foram demolidas quando da construção do viaduto, alças de acesso com o viaduto do encontro da Linha Lilás com a Vermelha ( viaduto da Rua Francisco Eugênio) e novo traçado do emboque da Rua Figueira de Melo com a Av. Pedro II e a Rua Francisco Eugênio.
Embora o viaduto em dois andares tenha evitado mais desapropriações sua grande altura média de 20 metros criou uma enorme zona de sombra e emparedou praticamente todas as construções da via, com os pilares metálicos do viaduto a um metro das janelas das construções que ainda estão no PA antigo da rua..
As obras desse trecho da Linha Vermelha condenaram à demolição mais de 50 imóveis, praticamente a metade só na Figueira de Melo que perdeu toda sua embocadura com  a Rua Francisco Eugênio e que  foi praticamente devastada da Francisco Bicalho até a Figueira de Melo.
O arrastar das obras que duraram quatro anos causou inúmeros problemas aos comerciantes da Figueira de Melo, na época o maior polo de comercialização de autopeças e rolamentos da cidade, os comerciantes asseguravam que as vendas no auge das obras, quando as ruas estavam interditadas caíram 80%, muitos comerciantes migraram para ruas próximas e outros até mesmo de bairro.
Nessa pequena imagem vemos o caos desta mesma esquina em março de 1976

 
 

24 comentários em “Rua Figueira de Melo, esquina com Rua Antunes Maciel anos 50”

  1. André,
    Lendo seu texto, fui buscar a imagem aérea da estação Leopoldina no Google Maps.
    É impressão minha ou já tiraram todos os trilhos que davam acesso a estação?
    Ainda pensei que poderia ter volta essa linha, mas pelo visto nunca mais!
    Você tem algum mapa dessa região nos anos 30?

  2. Costumo passar por essa esquina, e na posição do fotógrafo e à esquerda fica atualmente uma concessionária de veículos. Atrás do caminhão e à direita ainda existe ainda o estádio do São Cristóvão. André Decourt, quando você mencionou Avenida Lauro Müller, quis na verdade se referir à “estação Lauro Müller”. Existia na Figueira de Melo antes da esquina com a Elpidio Boamorte um depósito de leite. Os trilhos de bonde alcançavam a Francisco Eugênio e viravam à direita em direção à rua São Cristóvão passando em frente ao batalhão da P.M ou viravam à esquerda em direção à Francisco Bicalho. Quanto à foto aérea mencionada pelo Ricardo Galeno, tenho algumas da região em épocas diversas e se quiser posso enviar uma dos anos 30. Quanto ao restabelecimento do tráfego de trens na Leopoldina, não é impossível mas acho difícil. Além disso, Eduardo Paes arrancou em 2008 o trilho que atravessava a Francisco Bicalho em direção à estação de Praia Formosa, onde no local está a rodoviária urbana e a estação terminal do VLT.

  3. Passei algumas vezes pelo elevado indo para São Paulo. Nunca imaginaria a devastação causada. Algo parecido aconteceu na Rua Bela, que virou piada pronta depois das obras de outro trecho da LV.

  4. A região era mais mais complicada do que parece. De acordo com a foto a média altura que eu tenho e data de 1930, a rua Francisco Eugênio possuía casas dos dois lados, sendo que no lado ocupado pelo canal havia uma imensa concentração de casas, e um charco separava os trilhos da Leopoldina das casas atualmente demolidas da Francisco Eugênio. Nos anos 50 ou princípio dos 60, todas as casas de um dos lados da Francisco Eugênio foram demolidas e em seu lugar passou a correr o canal e a rua ficou restrita apenas às casas existentes do mesmo lado do batalhão da P.M. A Figueira de Melo começava no Campo de São Cristóvão, atravessava a Francisco Eugênio e em seguida depois de transpor o “charco”, que na verdade era o Rio Joana antes da canalização, atravessava os pátios ferroviários da Leopoldina e de Alfredo Maia para desembocar na rua Elpídio Boamorte junto à estação Lauro Muller. De acordo com as fotos, o “bota Abaixo” ocorrido ali foi semelhante ao que existiu nas ruas atrás de Central do Brasil, em especial a General Pedra e a João Caetano.

      1. André Decourt, não foi no governo Negrão de Lima. As fotos que eu possui mostram a região já sem o casario e em uma configuração parecida com a atual, ainda no final dos anos 50 ou início dos 60, com bondes circulando na região.

  5. Interessante o relato de nossos guapos comentaristas que como eu conheceram
    o belo bairro de São Crsitovaõ antes desse nefasto viaduto que faz dupla com o do Rio Comprido.
    Porque não derrubá-lo e reurbanizar a área do bairro á época das olimpíadas assim como o tresloucado alcaide fez no porto maravilha.
    O Rio deveria continuar como cidade estado pela sua importância histórica e política assim como os bairros da Quinta e São Cristovaõ,mas depois do incêndio do Museu Nacional acho que nada mais resta a fazer.

    1. Marco, bom dia.
      Respondendo as suas perguntas.
      1- O assim citado Porto Maravilha, ficou bonito em partes, mais ou menos restrito a um pedaço da Avenida Venezuela, Pça Mauá, e Rodrigues Alves. Mesmo assim, há que se levar em consideração de que à área está vazia pois ficou pronto quando a catástrofe financeira-corrupção já havia se instalado, tendo como resultado de muitos prédios do porto a estarem sem uso, fechados. Tanto que atrás da extinta Rodrigues Alves, onde antes situava-se do antigo prédio da CIBRAZEN, hoje Aquário, está feio. O prédio que era do Moinho Fluminense, também está horrível, só bonito na parte que dá de frente para os antigos “tijolinhos” do Cais.
      2- Alguns dos prédios, na época do Governo PT, com toda a euforia esquerdista que assolava o país, alguns daqueles prédios foram implantado coisas que a meu ver ou deveria ter sido bem feito ou nem ter, chegando ao cúmulo de grafitar apologia, como sempre, da dita cultura das “minorias” que como sempre são “isentos de preconceitos”, porém, há da necessidade de reafirmação perante os preconceituosos “brancos dos olhos azuis”, como assim um dia expressado pelo então Presidente Lula.
      3- Segundo minha opinião, geralmente, nos dias atuais quando se faz um “bota abaixo”, ou algo similar, o Estado e a Iniciativa Privada não cumprem com o seu papel como deveria ser. Entretanto, a balbúrdia, a desordem, e o crime passam a vigorar de todas as formas.
      4- E por último, quanto a dita “importância histórica e política”, é complicado falar disso. Quem já leu de meus comentários, seja aqui no site do André ou de outros comentaristas que aqui aparece vez ou outra, sabe muito bem de minha opinião sobre a figura indesejada de Juscelino. Sempre disse e reafirmo, embora reconheça que guardar sentimentos nocivos não nos leva a lugar nenhum, porém, sempre falei que deveria ser um dever de “amor ao Estado do RJ” todo Carioca odiar e desprezar da figura de Juscelino. Muitos adoraram o que fizeram com o RJ durante todo esse tempo, especialmente o pessoal de SP, que tão bem odeia isso aqui. Vide hoje em dia com a ditadura paulista que somos obrigados a engolir, claro que em parte o habitante e os Governantes do RJ tiveram sua participação de culpa nisso tudo. Para encerrar, tenho minhas dúvidas se o RJ tivesse continuado como Capital Federal se isso aqui teria ido algum lugar melhor. Como diria o Joel: “Está no DNA do povo” que reside na faixa de terra do Oiapoque ao Chuí.

  6. Isso na época em que havia os renques de palmeiras imperiais ao lado, na Francisco Bicalho. Agora é tudo um ‘no man’s land”, digno das trincheiras da Grande Guerra.

  7. Caro Wolfgang: Concordo com voçê em vários aspectos e sempre disse nas minha conversas e inclusive já citei aqui e no site Saudades do Rio sobre a inveja que mineiros e paulistas principalmente, nutriam pelo Rio e Juscelino foi o instrumento inicial para forçar a decadência politica e financeira da cidade maravilhosa quando retirou daqui a capital e que teve no governo militar com o Gisel a pá de cal com a fusão com o estado do Rio .
    Quanto ao DNA do povo isso ´só muda com educação,acho que não há outra via.

    1. Parecem também esquecer que Juscelino “ganhou” um agrado de uma empreiteira na Av. Vieira Souto. De fazer corar o triplex do Guarujá. Lacerda era o primeiro a denunciá-lo como corrupto e, com efeito, jamais teve renda a que o permitisse amealhar o patrimônio que legou à família após a morte em 1976.

  8. Se Juscelino ganhou um imóvel na Vieira Souto eu não sei, mas “havia rumores” de que gostava de agrados. Os militares “sabiam das coisas” e cuidavam delas “da melhor maneira” e ele jamais conseguiu se eleger para alguma cousa, nem mesmo para síndico de prédio. Atualmente político corrupto vai para a cadeia e até Janeiro algumas “cabeças coroadas” irão mofar na enxovia. Dizem as más línguas que Pezão fará companhia à Cabral em Janeiro. FF: O andar dos acontecimentos mostrou mais um esquerdista que se revelou e “saiu do armário”…

  9. André Decourt, gostaria de encaminhar para você a foto aérea dessa região. Com isso serão dirimidas quaisquer dúvidas. Para isso preciso do seu email.

    1. Você está se referindo ao hotel Três Barras, que pertencia ao então amigo de JK chamado César Pires de Melo? Eu acho que lá era onde JK mantinha os affairs dele e inclusive o quarto que ele sempre usava é mantido em destaque para visitação.

  10. Sabia que ia até a Praça da Bandeira, só não sabia que um trecho da Radial Oeste se chamou Avenida Lauro Müller. Isso, sem dúvida explica, por anos, a estação do trem levar o nome do engenheiro. Depois que virou Supervia, mudaram para Praça da Bandeira.

  11. Espero que o projeto do Porto Maravilha, revitalize essa área, que está totalmente abandonada e perigosa. Apesar de algum comércio e uma Concessionária Mercedes Benz proxima.

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