Nessa bela foto, na realidade um postal, vemos a região do Mourisco nos anos 20.
O urbanismo é o mesmo da era Passos, onde o final da orla de Botafogo foi retificada, melhorando a embocadura dos acessos aos novos bairros atlânticos da cidade, notadamente Copacabana, que ganhava de modo consecutivo um novo acesso, mais direto sem passar por dentro de todo o Bairro de Botafogo. Essa retificação da orla custou o sumiço dos últimos vertígios da pequan Laguna de D. Carlota, que ficava na foz do Rio Berquó, antes navegável e importante para o acesso a restinga de Ipanema e até mesmo Copacabana, indo até o outeiro do Forte da Piaçaba e de lá novamente por barco até a Praia Funda.
Sobrou ainda uma pequena área de areia ( http://www.rioquepassou.com.br/2007/08/17/enseada-de-botafogo-foz-do-rio-berquo-mourisco/ ) suprimida nos anos seguintes por novos aterros e a construção da piscina do Guanabara ( http://www.rioquepassou.com.br/2005/06/02/clube-de-regatas-guanabara-ii/ ) clube este no qual vemos sua bela sede, construída em 1922.
Na direita ainda vemos uma pequena nesga das garagens de barcos da sede do Botafogo de Regatas, bem como mais ao fundo as árvores junto ao aterro da elevatória do III distrito da City.
O urbanismo é ainda identico ao do início do séc XX, inclusive os postes, que seriam substituídos nos anos 30, quando as luminárias foram trocadas do arco-voltáico para as lâmpadas de tungstênio. Fato este que ocorreu em toda a Avenida Beira Mar, onde esses postes da era Passos, foram retirados, talvez por não serem padrão no resto da cidade que foi utilizando outros modelos. Esses postes junto com os do canteiro central da Av. Central foram os primeiros exemplares de iluminação pública na cidade, usando um curioso sistema em série, como os pisca-pisca de natal. E para evitar que todo o conjunto apagasse quando uma lâmpada queimava havia um transformador dentro da luminária que permitia a passagem de energia, aumentando a corrente das outras, mas nãos desligando o circuito. E mesmo sendo enormes geravam e mesma luminância de uma lâmpada de 200W de hoje, mas com uma luz muito mais branca e desconfortável.
Este recanto da cidade era muito bonito.
Esse final de praia era um charme só, como acesso a próxima praia sendo feito pela Av. Pasteur, alí no final da Pr.de Botafogo.
Quantas mudanças!
André,
Até onde ia o rio Berquó? Largo do IBAM?
E onde ficava o forte da Piaçaba? Havia um forte no Maconhão? Em que época havia um forte lá?
Victor, Rio Berquó se origina das encostas do Corcovado e chegava mais ou menos até a altura do Largo do Ibam possivelmente com a calha onde hoje é a Rua Humaitá. Hoje ele desce canalizado pelo eixo Visc. Silva-Mena Barreto, mas que era praticamente seu leito original. Já o Forte da Piaçava pode ser visto aqui : http://www.rioquepassou.com.br/2005/08/17/garaganta-do-humaita-sec-xix/
Mais uma outra curiosa imagem sem ninguém. Dá a impressão que era uma cidade vazia.
Recanto simpaticíssimo!
🙂
O conjunto formado pela foto do dia e pelas fotos nos links são muito importantes para que se compreenda a evolução desta região do Rio de Janeiro.
De vez em quando insisto nos sites de fotos do Rio antigo que é preciso algum movimento para que este enorme acervo seja canalizado para cursos sobre a história do Rio de janeiro tanto para adultos como sendo parte do currículo das escolas do Rio. As pesoas, desde pequenas, passariam a valorizar a cidade talvez até trabalhando mais para conservá-la.
O titular deste espaço poderia certamente dar aulas neste curso. Aliás, se alguem conhece algum curso assim, gostaria de saber a respeito.
Não fosse pela posição do Pão de Açucar , diria estarmos na altura do Morro da Viúva.
Parecidíssimo.
Eu tenho uma foto do ângulo inverso a essa, tirada do Guanabara olhando para a Praia de Botafogo, por volta de 1935. Acho que já compartilhei com os colegas.
Não consegui descobrir ainda como era o final da Praia de Botafogo ali entre os clubes. Eu achava que a rua terminava onde é hoje, no pé do morro junto à Pasteur (inclusive já postaram nos FRA uma foto disso) mas por essa imagem vê-se que ela contornava e ia até a sede do Botafogo, talvez além.
Tenho a impressão que o logradouro “Praia de Botafogo” realmente encontrava a Pasteur enquanto que a então “Av. Beira Mar” seguia o litoral terminando na sede do Botafogo, provavelmente sem saída. Entre os dois o Pavilhão Mourisco.
Na foto aéra linkada vemos que ela terminava na altura do Guanabara, antes da elevatória da City
Existia um largo entre o Mourisco, Guanabara e Botafogo. Era um cul-de-sac.