Infelizmente as fotos são pequenas, mas não podem deixar de ser postadas, pois mostram em raras imagens o berço da cidade na parte plana, onde ela desceu do Castelo e começou a se espairar para virar a metrópole dos dias de hoje.
Mais um dos berços da cidade destruído de forma inclemente, já nos anos 50 e 60 quando os órgãos de patrimônio histórico já existiam, e onde se cometeu o mesmo erro de se desaparecer com o Castelo, 40/30 anos antes.
Vemos uma raríssima foto do Beco Pequeno, podemos ver como era estreito o tecido do núcleo original da cidade, com seu traçado expontâneo, e defensivo. Ao fundo desse beco tinhamos uma das servidões criadas em volta do guindaste montado pelos jesuítas para subir material, alimentos e outros tipos de carga para o alto do Morro do Castelo.
O bonde ruma por um dos ramais que contornam a Misericórdia pela Travessa do Guindaste, rumo ao Mercado, fazendo um Loop entre a Rua da Misericórdia e a Rua Clapp, e com isso envolvendo o velho bairro, junto ao bonde vemos a esquina com o Beco Pequeno e ao fundo onde deveria estar o Morro do Castelo. Essa pode ser considerada a via mais antiga da cidade no plano, criada pelos jesuítas quando da construção da cidade no topo do morro, como via de acesso entre seu guindaste, que se inciava perto do Beco e a Praia da Biaçaba que se alinhava em uma primtiva linha do mar com a antiga Praia de D. Manuel, onde hoje está a rua homônima.
Vemos aqui o Largo da Misericórdia, na direita a subida da Ladeira da Misericórdia, o poste em estilo NY marca com exatidão as violentas mudanças urbanas e demolições da região como podemos ver nesse post ( http://www.rioquepassou.com.br/2007/09/11/ladeira-da-misericorida-i/ ), onde ele é mostrado com as construções que haviam nas fraldas do Castelo nesse trecho e que foram demolidas com a desculpa de se construir o viaduto da Perimetral !!! ( http://www.rioquepassou.com.br/2007/09/12/ladeira-da-misericorida-ii/ e http://www.rioquepassou.com.br/2007/09/13/ladeira-da-misericorida-iii/ )
Na última foto deste post vemos a Rua da Misericórdia, numa esquina com o nada, a rua que vemos que parte rumo a Esplanada foi aberta a força pelo tecido do velho bairro e pela linha dupla de bondes podemos especular que ficava bem junto com o que sobrava do morro, mais ou menos como um prolongamento do velho Beco da Música, hoje também desaparecido ( a via com esse nome não é no mesmo lugar do velho beco, assim com a R. da Misericórida de hoje). Acho que hoje nesse ponto desce hoje a via chamada Ladeira da Misericórdia, que conduz o tráfego da Av. Pres. Antônio Carlos para o terminal rodoviário e Av. Alfrede Agache.
A história da cidade destruída em nome do progresso.
E pensar que a perimetral poderia ter sido construída deixando boa parte do bairro intacto! 🙁
A perimetral passa bem longe desses lugares mostrados pelas fotos….
Ruas bem estreitas!
Imagino o labirinto que era para penetrar neste local, mesmo assim conseguiram!
André sempre gosto de perguntar: é de alguma reportagem as fotos?
Pena que não dá para clicar e aumentar!
Não tenho como se precisar se foram publicadas como reportagem, mas são de um órgão de imprensa hoje extinto.
Gostei da resposta, Andre. Vou passar a utilizá-la!
Boa Resposta !!!!
O resto do que estou escrevendo é enrolação por que vivo recebendo mensagem que o comentário é curto… Dá para mudar ???
O local parecia ser bastante insalubre e decadente, com muito lixo aparente nas fotos.
Se não me falha a memória, você já citou que a área, desde o século 19, era infestado por prostitutas, traficantes, drogados, enfim, a escória da cidade. Estes cantos imundos com vielas deviam ser ótimos para a proliferação deste tipo de gente.
Sim, mas nem por isso deve-se demolir tudo só pelo tipo de pessoas que ocupam o local, é a forma mais simples de fazer um serviço, aliás serviço ruim, pois destrui-se o núcleo original da cidade. Possivelmente o Rio é a única cidade que demoliu totalmente, varrendo do mapa o lugar onde a cidade começou
Essa do Victor é igual a história do cara que pegou a mulher com outro no sofá e colocou fogo no sofá.
André, sobre as fotos da enseada da Urca, Hotel Balneário e/ou TV Tupi, como consigo as fotos, elas estão sob direito autoral de quem? Me escreva. Peço sua compreensão e disponibilidade em ajudar. Sou do IED São Paulo e vamos fazer um trabalho impresso sobre a construção na praia que por muitos anos ficou inativa. Agradeço desde já. Obrigado, Bruno.
André, emocionante a série. Não havia visto ainda fotos tão detalhadas do Bairro da Misericórdia. É nostalgia pura.
Linda essa série de fotos, engraçado como parecem ser feitas por alguém que já advinhava que tudo ia desaparecer.
“parece ser feita…” errei!
Essa seqüência de fotos é para sentar no meio fio e chorar lágrimas de esguicho.
Caro André,
Com todo respeito, me permita fazer uma correção: Na segunda foto, onde vemos o bonde passando é a Travessa Costa Velho e o Beco Pequeno, na verdade, é a Travessa do Guindaste. Parabéns pela sequência sobre a Misericórdia, foi excepcional !
Me corrigindo, Beco do Guindaste !