Ministério da Fazenda construção e violação do Plano Agache

Essa foto iria para a pequena série que fiz sobre os ministérios do Castelo a poucas semanas atrás, mas para não ficar repetitivo não a inclui, principalmente depois de constatar que essa foto mostra muito mais que a construção do imponente edifício, mas também a completa e flagrante violação dos ditames do Plano Agache, de forma mais que cristalina.
Ela deixa clara que, a Rua Debret tem a mesma natureza de outras vias com a da Imprensa e Anfilófilo de Carvalho, a de  “abrir”  as grandes quadras com pátios públicos internos, determinadas pelo plano.
Se no quarteirão da Debret entre a Nilo Peçanha e Alm. Barroso isso não é tão visível, pois a quadra ainda se encontrava totalmente vazia quando o plano foi rasgado, no quarteirão entre a Alm Barroso e Araújo Porto Alegre já existiam alguns prédios, excluindo-se o prédio da ACM que é anterior ao P. Agache. Dois prédios já estavam de pé na quadra, um virado para a Alm. Barroso, que vemos na foto, e outro no meio da quadra, com a frente para a Graça Aranha.
Isso criou uma situação de choque urbanístico, na foto vemos a Rua Debret dentro do canteiro de obras do ministério emoldurada por uma empena cega do edifício antes construído, nas diretrizes do plano, vemos até mesmo um prisma de ventilação, que devia servir a um corredor ou banheiros. Até hoje, nesse ponto, temos o prédio que se insere de maneira estranha no local, principalmente pela ausência de granito nos pilares da galeria virados para a R. Debret, mas em algum período tentaram amenizar tal flagrante inadequação, abrindo janelas na empena cega, aberturas na loja no térreo e eliminando o prisma.
Mas é por de dentro da quadra que as cicatrizes ficaram mais evidentes, pois os prédios virados para esse lado da Rua Debret, para terem uma razoável profundidade, se projetaram sobre o que sobrava do pátio interno, o transformando num escuro fosso, muito diferente dos pátios feitos ainda na vigência do Plano Agache, e até mesmo no pátio do outro quarteirão, onde os prédios dos quatros lados foram construídos já com a Rua Debret aberta. O mais curioso é observar no acanhado espaço as pequenas calçadas de pedra portuguesas junto aos prédios mais antigos viradas para a Av. Graça Aranha.
Dou para foto, que é de Malta, mas está com as bordas cortadas por volta de 1942/43

9 comentários em “Ministério da Fazenda construção e violação do Plano Agache”

  1. Deixa ver se eu entendi, a Debret não seria uma rua, mas um “pátio interno” e por isso a empena cega do prédio da esquina, pois haveria outro prédio por cima da rua?

  2. André, como Arquiteto, penso que os prédios ficam bem melhores em centro de terrenos. A solução dos pátios internos, além de aproveitados inadequadamente, não deixa circular o ar, prejudica a visibilidade, cria quadras imensas, repetitivas e sem graça.
    Penso eu.

    1. Carlos, acho que tem seus prós e contras. Na realidade tivemos erro, ou abandono do que era previsto no plano original. Mas por incrível que pareça acho a quadra entre as Av Erasmo Braga, Nilo Peçanha, Pres. Antônio Carlos e Graça Aranha muito bem resolvida na arquitetura interna ods prédios, todas as salas são claras e os prédios tem circulação interna eficiente. O que matou foi a transformação do pátio num infecto estacionamento, mas o previsto era uma praça interna, inclusive havia iluminação pública da light

  3. Em minha humilde opinião a grande coisa dos prédios agachianos são as calçadas cobertas.
    A gente constata como são boas em dias de chuva ou de sol intenso, como hoje.

  4. É um misto de perplexidade, de revolta e desafio. Essas fotos são testemunhas de uma forma de pensar. Por outro lado também servem para desvendar sobre uma cultura existente em nosso país. Felizmente preservaram-se as imagens e os que se interessam por elas.

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