Esquinas das Av. Calógeras e Graça Aranha com Rua de Santa Luzia, final dos anos 40

O amigo Carlos Ponce de Leon Paiva nos brinda mais umna vez com uma fantástica imagem de seu “arsenal” de petardos fotográficos.
Essa pequena panorâmica do encontro da velha cidade colonial e da nova Esplanada do Castelo se mostra riquíssima em detalhes a serem explorados, desmistificando inclusive o traçado confuso das ruas desse pedaço da cidade.
O fotógrafo possivelmente estava em uma das últimas janelas do recém inaugurado Ed. Metrópole, vemos o recém entregue prédio do MEC em seu revolucionário modernismo, composto de pilotis, brises e uma improvável fachada de vidro que contrasta com seus vizinhos, contemporâneos e com as ruínas da cidade velha, que teima ainda em aparecer.
A foto mostra um ponto muito curioso, já levantado nas fotos tiradas pelo pai do Harlley Pacheco ( http://www.rioquepassou.com.br/2009/07/15/ e http://www.rioquepassou.com.br/2009/07/28/ ) que mostram essa região por volta de 1951. De fato a atual Rua Aderbal Madruga, que faz um ilógico L com a Rua da Imprensa, era uma via que ligava as Avenidas Pres. Antônio Carlos e Graça Aranha, numa desconstrução do Plano Agache, como aliás são as Ruas Anfilófilo de Carvalho e parte da Pedro Lessa, vias construídas no lugar das servidões que ligavam os quarteirões por dentro dos grandes pátios centrais, como temos entre Nillo Peçanha e Erasmo Braga, que respeita fielmente as diretrizes do Plano Agache.
Poucos anos depois esse trecho da via desapareceu, dando lugar a um pequeno calçadão e a parte da área ocupada pelo edifício sede da Vale. Por falar em prédio da Vale, vemos que no seu lugar e do terreno baldio ao lado, usado hoje como estacionamento, os sobrados da Rua de Santa Luzia estavam sendo demolidos de forma vagarosa. Há até um pequeno caminhão em meio aos entulhos. Junto a área do MEC temos até mesmo um pedaço do sopé do Castelo, que teima em aparecer.
Mas as demolições já permitiram o encontro da ainda tímida e estreita, neste trecho, Graça Aranha com a Calógeras, complementando essa foto, publicada em Dezembro de 2004, http://www.rioquepassou.com.br/2004/12/17/  , tirada por Malta Filho em 1941. As demolições continuariam até conseguirem fazer o PA ficar homogêneo.
A média distância vemos o Ministério do Trabalho sofrendo a reforma que descaracterizou o prédio menos de 6 anos depois de sua entrega, onde o coramento déco era abandonado, transformando o prédio num feio caixotão. Até hoje os motivos desta profunda modificação no prédio que era muito bonito, são pouco justificados. Ao menos que, se quisesse ganhar mais 4 pavimentos corridos. Pois com o coroamento original ele começava a ter o tamanho dos pavimentos diminuído a partir do 8 andar.
Ao fundo a foto ainda nos brinda com a Igreja de Santa Luzia, os telhados da Santa Casa, os prédios da Av. Churchil subindo e um pedaço do Ministério da Agricultura, além das siluetas de alguns pavilhões da Expo de 22.

8 comentários em “Esquinas das Av. Calógeras e Graça Aranha com Rua de Santa Luzia, final dos anos 40”

  1. Excelente texto e foto!
    Muitos prédios velhos que aparecem no sopé esquerdo da foto ainda existiam quando comecei a trabalhar na década de 70 até pelo menos a década de 80.
    Um deles servia como sede da 1ª DP, sempre caindo aos pedaços.

    1. Me lembro bem da 1a DP.
      Num desses sobrados morou a minha bisavó, quando veio da Itália. Segundo JBN o quintal do sobrado era na altura do 2o andar, no sopé dos restolhos do Morro do Castello.

  2. Passei aí agora de manhã. Entre o prédio da Vale e a Igreja de Santa Luzia um estacionamento – só no Brasil mesmo que prédios vão abaixo para virar estacionamento, isso em um dos trechos principais do centro. A única vantagem é que permite uma vista a mais do prédio do Mec. Na esquina direita aquele espigão redondo…

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