Lá era debadido qual a importância do Aterro, bem como se o litoral era mais belo antes dele ou não.
O Aterro já era previsto no Plano Agache dos anos 20, e contemplava na parte da Glória uma série de novos quarteirões, jardins e praças monumentais, bem como um novo portão marítimo para cidade, na qual a planta já foi esmiuçada aqui no ano de 2005.
Na parte do Flamengo também seria feito um aterro, e um novo litoral criado, haveriam quadras com prédios baixos e com grandes pátios centrais e intercaladas entre sí por praças de grande tamanho. Além de cruzamentos elevados em viadutos no estilo Metrópolis.
Com o golpe de 1930 o Plano Agache foi dito como jogado de lado, como algo da velha ordem. Mas o Estado Novo o utilizou bastante, logicamente mudando coisas, como o uso do solo, principalmente na Zona Sul, que foi totalmente deturpado.
Nos anos 40 o projeto do Aterro andava firme e forte pelos gabinetes da PDF com uma visão nem um pouco urbanística, na orla do Flamengo estavam previstos grandes prédios de até 20 andares, criando um novo paredão e no litoral uma nova e estéril avenida de 16 faixas de transito.
Mas começou a surgir a figura de um arquiteto modernista que era funcionário concursado da PDF, Afonso Reydi. Flexibilizando a politicagem ele começou a eliminar os prédios da nova área aterrada, muitas vezes contrariando os intereses dos próprios prefeitos, como em uma das plantas que o prefieto à época queria ver aprovada, contendo ainda umas 10 lâminas de 20 andares de altura.
Reydi não se fez de rogado e foi aos jornais defender sua posição de uma área livre, pois a cidade já se afastava o suficiente do mar, e não merecia ganhar mais um paredão de construções.
A polêmica continuou por mais uma década, nossa imagem mostra uma montagem fotográfica do início dos anos 50, algo muito utilizado até pouco tempo atrás, que mostra o Aterro já sem os prédios, mas com uma orla completamente diferente, principalmente na área próxima ao Santos Dumont, bem como o enorme número de pistas de rolamento e os viadutos na região da Glória para a Avenida Norte-Sul, que se conectaria ali com a Avenida Humaitá-Glória, responsável por vários prédios afastados em várias ruas como São Clemente e Catete, e que só teve a única parte concluída na Rua Humaitá até o Largo dos Leões.
Vemos que na imagem ainda não estavam previstos o Monumento dos Pracinhas, bem como a Marina da Glória. E o MAM embora já projetado e com seu lugar definido ainda tinha o resto do seu complexo bem diferente do que foi executado.
A feição definitiva do Aterro só se deu no Governo Lacerda, onde os planos da Av. Norte Sul foram rasgados pelo bem do comércio do Centro velho da cidade, e os viadutos da Glória passaram a ser totalmente desnecessários, mas as pistas ainda com 14 faixas de rolamento, contando ambos os sentidos de trávego, ainda estavam sendo pensadas, quando Lota Macedo convenceu não só Reydi como o próprio governador que a cidade ganharia muito mais com jardins no lugar de asfalto e que só 10 faixas seriam suficientes. Como são até hoje passados mais de 40 anos.
Comments (6)
André, não seria Lota Macedo Soares?
Ela foi uma grande figura na administração do Carlos Lacerda!
Exato, confundi o sobrenome
Excelente post André. Uma aula. Sem reparos. Quando você vem para o Terra ?
Realmente, nada a dizer depois desta explanação.
Bravo!
http://fotolog.terra.com.br/luizd
Pior que usar gabarito urbano mínimo é deixar algo acabar
e não fazer manutenção ou fazer sem qualquer qualidade.
Porque reabrir a Rua Raimundo Correia? temos que aumentar
vias para pedestres e ciclovias e não para carros.
abç
http://www.fotolog.com/duram