Hoje contaremos uma pequena história que nos foi apresentada pelo amigo e colega Jaime Morais: http://fotolog.terra.com.br/ilhadogovernador
O rádio como muitos dos meios de comunicação, hoje tão comuns, começou timidamente no Brasil, e no meio dos anos 20, apesar do esforço de muitos abnegados o rádio ainda engatinhava no Brasil.
Anunciantes nem pensar, e as rádios da época eram muito mais uma sociedade entre amigos que uma instituição comercial.
Definitivamente a difusão deste meio de comunicação que em menos de 20 ficaria tão famoso em nosso país, penetrando por ondas curtas nos rincões, pelo menos nessa época atingia poucas pessoas.
Para tentar aumentar a audiência, em 1931 a Rádio Clube do Brasil passou a transmitir os jogos realizados em São Januário para tentar popularizar os rádios. Rapidamente os dirigentes cruz maltinos passaram a exigir que a Rádio Clube pagasse para transmitir os jogos. Situação no mínimo curiosa, pois como o Rádio Clube pagaria se ela não tinha anunciantes e era sustentada pelos seus sócios. O impasse continuou até o “speaker” da emissora, Amador Santos, fosse proibido de entrar nas dependências do clube.
Mas a emissora não se deu por vencida, iniciando-se aí uma curiosa, mas, muito conhecida na crônica esportiva, briga de gato e rato.
Rapidamente a Rádio Clube arrumou o telhado de uma construção próxima ao estádio, na Barreira do Vasco, que ainda se encontrava incompleto permitindo uma boa visão, mesmo de longe, afinal havia também binóculos. Arrumada a “gávea” rapidamente se construiu uma pequena platibanda, mais para poleiro, onde o locutor Amador Santos pudesse irradiar o jogo.
Os dirigentes ficaram furiosos, pois não podiam fazer mais nada, afinal o repórter não estava mais dentro das dependências do estádio. Depois de protestos os dirigentes vascaínos tentaram arrumar um meio de impedir a visão para dentro do campo.
Esticaram uma enorme faixa, com publicidade, na linha de visão do “speaker” para que ele não visse o jogo. Mas não contavam os lusos com os efeitos do vento em tão longa tira de pano, que se rompeu.
A nossa foto mostra o exato momento do rompimento da faixa. Como o expediente da faixa não deu resultado, nos próximos jogos os lusos instalaram um potente holofote, que mirava o rosto do locutor. Expediente esse que foi contornado com óculos escuros.
A foto também nos mostra que o Estádio de São Januário já se mostrava muito parecido, em 1931, com o estádio de hoje, e as artimanhas e implicâncias de seus dirigentes aparentemente mudaram muito pouco nesses quase 80 anos.
Na foto anterior vemos o “speaker” da Rádio Clube do Brasil em seu poleiro, acompanhado de alguns “assistentes” e um rapaz uniformizado, que poderia ser um Guarda Civil.
Em breve contaremos a história da Radio Clube do Brasil.
Mais uma vez agradecemos ao Jaime Morais por tão deliciosa história e ótimas fotos
Comments (5)
Deliciosa a história.
Concordo com você: os dirigentes atuais do Vasco pouco diferem daqueles da época retratada.
Acho que a picuinha, a implicância e a mesquinharia acompanha o homem desde a época das cavernas.
Excelente a história. Toda mudança é recebida com resistência por uma grande parcela da população.
A chegada do Jaime ao time foi um tremendo reforço. O cara é artilheiro !