Ela mostra a entrega da segunda parte do Jardim de Alah, projeto do grande urbanista da PDF Azevedo Neto.
O projeto do jardim englobava muito mais que mero paisagismo, ou ocupação de uma área pantanosa, ele vinha concluir um projeto ainda da administração de Carlos Sampaio que acreditava que a solução para a mortandade de peixes na Lagoa, bem como o excesso de lodo era salinizar o máximo possível as suas águas, para isso canais foram construídos, como o da Visconde de Albuquerque, e comportas colocadas na chegada das bacias que desaguavam na Lagoa. Mas para o projeto estar completo era necessário disciplinar a entrada e saída das marés pelo canal de ligação com o mar, até então aberto de forma natural.
Ao contrário do enorme canal natural foi construído no mesmo lugar um outro artificial, estreito, profundo e junto a praia instalada uma comporta, o plano parecia bom, mas nunca funcionou ao contento, e até hoje diversas administrações tentaram implementar soluções para a correta renovação da água, bem como o carreamento da areia das praias do Leblon e Ipanema para dentro do canal.
Mas voltemos à foto, e ela nos mostra a primeira parte da urbanização concluída ainda do lado de Ipanema, no lado do Leblon ainda podemos ver o contorno do litoral original, o último pedaço de terra firme junto a Pedreira do Baiano, que inclusive exibe uma casa típica de pescadores. Mais à frente ilhas de areia formavam a base para o novo litoral constituído de seguidos aterros, entre elas a Ilha das Dragas, que já abrigava barracos, que anos depois formariam uma das grandes favelas da região. Esse conjunto de finas ilhas formavam uma pequena enseada que ia até os limites do Jockey Club, acompanhada pelo traçado original da Av. Afrânio de Melo Franco
A ilha do Clube Caiçaras, pode ser vista parcialmente no canto superior direito da foto, pois ainda estava muito longe de ter as suas atuais dimensões conseguidas por seguidos aterros dos anos 50 até os anos 70, processo que também fez aumentar a Ilha Piraquê em pelo menos 3 vezes seu tamanho original.
Vemos ainda no pé da página a ponte da união das principais vias de Ipanema e Leblon, concluída só em 1936.
Nossa foto deve ser da primeira metade dos anos 40 e o recém inaugurado jardim, já era considerado um dos lugares mais aprazíveis da Zona Sul, principalmente o trecho entre a praia e a ponte da Av. Ataulfo de Paiva com Rua Visconde de Pirajá, inaugurado primeiro e escolhido de forma espontânea pela população como um lugar ideal para se levar as crianças no fim de semana. Curiosamente esse trecho que vemos aqui fotografado, sempre foi a parte menos freqüentada do Jardim de Alah, mesmo muito antes da construção da Cruzada, e atualmente é a mais abandonada.
Agradecemos ao amigo Gilberto Negreiros pelo envio desta foto
Comments (20)
André, acho estranho o ângulo da foto, será que já existia um edifício alto o suficiente naquela região para tirar esta foto? Não seria uma aérea de verdade?
Antes tarde do que nunca, um espetáculo a foto!
Nesta época ainda não havia aquele monumento Art-Deco acho que ao Almirante Saldanha da Gama?
Excelente foto (poderia me mandar?).
E nunca foi implantado o projeto de colocar gôndolas no Jardim de Alá.
http://fotolog.terra.com.br/luizd
O lugar me parece familiar…
Não me lembrava que o local hoje destinado à estacionamento era uma outra pista, na Epitácio Pessoa.
O trabalho de desobstrução do canal atualmente é incessante. Draga-se quase diáriamente. Realmente não funcionou.
Essa foto é uma relíquia. Conheço bem a região, morei nos jormalistas e antes, na década de 50, ia passeas nas charretes de bodinhos e passear de barco no canal.
Waldenir, o monumento ao Saldanha da Gama fica na parte seguinte do jardim, essa é que fica mais perto da Lagoa, após a Visc de Pirajá
Uma beleza essa paisagem…
Aproveitei varias vezes o cenario,com o verde ja crescido,para fazer algumas fotos de familia…
Gostaria de ver o que tem do lado esquerdo, para os lados da Ataulfo de Paiva. Será que o Gilberto Negreiros não tem mais fotos dessa época? Seria um resgate do meu passado.
Jardim de Alah; hoje um nome impensável que nenhum prefeito aprovaria. A não ser o maluco deste que está aí, fingindo que governa mas gasta o tempo para encaminhar o filho na vida que, cá entre nós, é um trabalho hercúleo.
Mas voltando à coisas sérias, quem se arriscaria hoje a ser um outro Salman Rushdie, perseguido por um bando de fanáticos vestidos de Laurence da Arábia, montados em camelos 4X4 ?
O máximo permitido seria o nome: Jardim das Odaliscas. E mesmo assim se elas estivessem de burka.
Muito bonito, parece uma maquete de tão perfeitinho e limpinho.
Parabens, adoro este flog.
Heloisa
Visão fantástica, com direito a ônibus e tudo.
Como era chic o Rio de Janeiro.
Já existia, sim, um prédio alto, no J. de Alah, construído em 1934, estilo art déco, nº 186 da Epitácio Pessoa, de onde penso ter sido tirada a foto.
Simplesmente estou impressinado e muito emocionado com essa raríssima imagem pois cresci aqui no Jardim! ! Muito obrigado por quem postou!!!