Viaduto Ataulfo Alves, anos 60

Esse é o viaduto conhecido por todos como o Viaduto de Benfica, uma das várias obras de engenharia viária, construídas na Guanabara para a valorização das zonas suburbanas e melhoria do tráfego.
O viaduto foi construído de forma estratégica, praticamente colado na nova CADEG que fica a poucas quadras, como também constituindo um eixo viário de ligação de bairros internos dos subúrbios da Central e da Zona Norte com a utilização dos viadutos Ana Néri e da Mangueira, com as estradas de acesso à cidade estado via Avenida Brasil.
Mas a foto não nos mostra apenas uma obra de engenharia, mas sim o estado de degradação e favelização que a cidade contraiu nos últimos 40 anos.
O grande terreno que vemos na parte superior esquerda da foto é uma área militar, limitada por um ramal auxiliar , que deriva da EF. Leopoldina, que serve não só ao porto mas passa lindeira a Refinaria de Maguinhos, ramal esse vital a integração de um moderno porto com transporte de minérios e cargas pesadas.
Pois com o passar dos anos todo esse ramal foi envolvido por favelas, da violenta Vila Arará, localizada em uma área não coberta pela foto, as favelas do Parque Vitória e Parque Alegria, sendo a primeira na época dessa foto uma pequena vila proletária arruada e mapeada e a segunda completamente inexistente.
E não é só isso, toda a “park way” do viaduto, que deveria servir de área de escape, e visualização foi invadida e favelizada nos anos 80, hoje os carros passam à centímetros dos barracos, como passa também o trem, inviabilizando a operação do nosso porto com diversos produtos que ele estaria completamente apto.
Como podemos observar na foto todas as favelas surgiram da invasão de terrenos públicos ou de entes estatais, que relegaram e fizeram vista grossa a invasão de suas propriedades, todos são culpados. O mais engraçado é que todas as grandes favelas dessa região, antes o pólo industrial da cidade onde o poder público injetou fortunas nos últimos 50 anos, começaram em terrenos públicos, vazios e abandonados esperando projetos que se arrastavam à anos, décadas, como o parque de manobras da Central no Jacarezinho e que hoje nunca mais existirão, pois falta coragem para deixar os terrenos para toda a sociedade novamente.
E por culpa dessa omissão toda a região foi abandonada, e agora as favelas fagocitam indústrias, prédios e galpões abandonados por seus proprietários que fugiram de uma região que virou uma filial de Beirute ou Bagdá.