Dedicarei a semana a uma obra que mudou a face do crescimento do Rio nos últimos trinta anos, em fotos que poucos conhecem :
A primeira foto é a das bocas do túnel Zuzu Angel chegando em São Conrado.
A construção da Auto-estrada era uma aposta arriscada do governo da Guanabara, onde uma obra caríssima iria dar a acesso à uma área totalmente desocupada, e sem nenhuma infra-estrutura, mas o os projetistas e visionários da Guanabara, falavam com muita propriedade que toda a Zona Sul do Flamengo ao Leblon não chegava a Quarta parte da área disponível na Baixada de Jacarepaguá, e que era a chance para desafogar a cidade implantando um novo modelo de crescimento apoiado no Plano Lúcio Costa .
Notem o tamanho da Rocinha, que apesar de maquiada nessa foto era umas 4 vezes menor do que hoje, e possuía uma parte plana erradicada na construção da estrada, pergunta-se porque perdeu-se a oportunidade de se retirar o resto, e valorizar tão importante área e poupar a floresta da Tijuca da agressão bizarra que vem sofrendo .
Comments (10)
Ele não só se lembra como diz isso freqüentemente. Quando a gente vai a Positano, na Itália, e vê aquelas casas lindas (e caríssimas) esquece que aquilo, um dia, foi uma espécie de mini-mini-Rocinha… O que o Millôr gosta é a improvisação, o gênio humano; mas é óbvio que, a essa altura, como todo mundo, ele também acha que a Rocinha já passou — e há tempos — do limite do razoável.
Cora, acho que o total descontrole da Rocinha, urbano, social e até criminal inviabiliza qualquer tentativa de transformar aquela massa disforme de alvenaria em algo bonito, ela só vem servindo para nos últimos anos desvalorizar o alto da Gávea, poluir a praia de Sào Conrado, e invadir a floresta da Tijuca sem controle .
Acho que a tendência é melhorar – e não piorar – nas próximas quatro ou cinco décadas. O poder aquisitivo do pessoal vai subindo, os imóveis são melhorados aos poucos, cria-se “áreas mais ou menos nobres” dentro da favela, os mais pobres migrarão para novas favelas em áreas menos valorizadas, vem a urbanização e pronto…
Na semana passada entrei na Rocinha, percorri o Caminho do Boiadeiro (uma das principais vias do lugar) de ponta a ponta. Foi essa a impressão que tive. Atualmente, reinam o caos e a arquitetura caixote-de-mestre-de-obras. Mas tive a impressão que em uma ou duas gerações a Rocinha será uma parte da cidade como outra qualquer. Repito: é coisa para 50 anos (ou antes, se surgir um novo Pereira Passos…).
Escrevi um bocado… Desculpe!
Uau..Era assim???
cochesdecuba, olha que eu sou uma pessoa otimista,
mas como você estou prá ver… Eu tb entrei na Rocinha, há uns dois meses atrás com um grupo de fotografos e um guia local, e fomos de ponta a ponta, provavelmente por esse mesmo caminho…
Não vejo como melhorar, só se derrubar tudo e começar do zero! Não tem saneamento básico,
não sei como conseguem tirar algum lixo dali, reina os “gatos” de enrgia eletrica…
Tem várias fotos no meu flog da favela e a ainda tenho algumas por colocar…
bj
Quando eu trabalhava na Barra, sempre que passava por ali ficava imaginando como era “antes”.
Bem… descobri. Só não imaginava que a Rocinha já tinha essas proporções nessa época.
O que cochesdecuba disse tem lógica, gostaria muito que as coisas evoluíssem dessa forma.
Mas… sei não, viu…
Quase concordo com o “cochesdecuba”: piorar, impossível. Mas é coisa de muito longo prazo mesmo. E o problema, nesse meio tempo, é que a gente sempre tem um jeito de piorar a situação. Sou um pessimista quase nato, em relação às chances de a humanidade evoluir. Chato, mas é verdade. O descontrole é geral. A Rocinha é um problema, mas dos menores. Fiquei curioso: de quando é essa foto aí, prezados? Abraço
O problema atual é a verticalização das favelas não sendo cumpridas nenhuma das normas de ventilação, insolação etc…. prá consertar só demolindo tudo e refazendo com um novo traçado, e certamente algumas áreas devendo ser desocupadas
Há uns tempos atrás, andando pelo Largo da Carioca, me deparei com os restos da feirinha do livro, já sendo desmontada, e no chão um “saldão” de 50 centavos cada. Nesse bolo todo, salvei um caderno, editado pela prefeitura, sobre o projeto da Lagoa-Barra. Tem fotos incríveis da obra e dos cortes dos túneis!!! Junto com esse, pela inacreditável quantia de UM real, comprei o caderno do projeto da Av. das Américas, e de todo o plano urbanístico da Baixada de Jacarepaguá. Prometo escanear as fotos se vcs se interessarem! Ahh, by the way, adoro visitar seu blog. Já estou tão entusiasmada com essas fotos todas do Rio que penso em fazer um também, só com as que tenho (atuais, mas tiradas com muito amor pela cidade, por uma arquiteta frustrada).
besos*
Estou com o que João Ubaldo escreveu em sua crônica dominical. Infelizmente, não há mais esperanças. Vai piorar, sim. E muito.
Acho que foi o Millôr que escreveu “Em 50 anos, a Rocinha será o bairro mais bonito do Rio” (será que ele lembra disso Cora?). Uns 25 anos se passaram desde então, mas eu ainda levo a maior fé…