Nossa foto de hoje, do Correio da Manhã mostra as obras de construção da galeira central da Av. Brasil, uma das várias obras realizadas pela DAE-DF logo após o encerramento da concessão da velha City Improvements para o esgotamento sanitário da cidade. Como já falado aqui no site algumas vezes o legado deixado pela City no término do seu contrato era crítico, elevatórias sucateadas, redes de esgotamento velhas, mal mantidas e ultrapassadas, vastas áreas não assistidas e problemas sérios de drenagem em toda a cidade.
A galeria central da Av. Brasil visava resolver os problemas de esgotamento de São Cristóvão, Santo Cristo e Gamboa, ainda dependentes do sistema da Elevatória da Alegria, construída no início do séc. XX, com 2.500 metros de extensão fazia parte de um novo sistema de elevatórias, compostas pelas elevatórias do Arsenal e da Gamboa e de uma nova estação de tratamento a da Alegria, que iria desativar a velha estação de 1909.
A galeria começaria no Canal do Mangue e iria até a nova estação, os planos seriam a eliminação de diverso pontos de despejo de esgoto in natura e a capacidade de tratamento de esgotos na vazão de 200 milhões de litros por dia. A nova estação da Alegria como sabemos só foi construída nos anos 90 do séc. XX e até hoje opera aquém da sua capacidade pela falta de rede coletora. A nova galeria e as novas elevatórias feitas nos anos 50, acabaram levando o esgoto para a velha Elevatória e Estação de Tratamento da Alegria que com seu velho sistema de tratamento por gradeamento e decantação simplesmente tratava muito pouco do enviado pela nova rede, ajudando a destruir a baia da Guanabara por décadas.
A foto nos mostra a Av. Brasil ainda no trecho da natimorta Av. Norte, com o sistema de iluminação da Light para vias largas, esse sistema ia até Benfica onde a Av. Norte entraria pelos subúrbios, traçado substituído pelo novo da Av. Brasil no início dos anos 40.
A foto nos mostra a esquerda os jardins da Igreja do Bonfim e do Paraíso, destruída e saqueada pela desídia de sua irmandade, e da direita pelo Cemitério do Caju, que assinalavam o velho litoral. A região na época já profundamente alterada hoje está irreconhecível pela construção da ponte Rio-Niterói e do Viaduto do Gasômetro com suas alças de acesso.
Para quem não lembra, a Avenida Brasil em seu início era bem diferente dos dias atuais. Vindo da Francisco Bicalho ou da Rodrigues Alves, havia o “complexo” da fábrica de biscoitos Marilu, onde em parte dele existe o INTO, seus desvios ferroviários, e alguns prédios em seguida, para chegar ao ponto onde aparece o lotação na foto. Não custa lembrar que no ponto adiante do mesmo existe o cruzamento da Rua Monsenhor Manoel Gomes, onde os bondes atravessavam a avenida Brasil. Imagem surreal de um tempo bem diferente. A obra das galerias de esgotamento perderam a eficácia devido à intensa favelização da região e do sucateamento dos prédios existentes. Não custa lembrar que essa região especificamente era residencial e pacata e sua descrição detalhada pode ser observada no livro “O triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, e que se passa em 1893.
Um pouco mais adiante estão acontecendo as obras do novo viaduto para a Transbrasil.
Esse Transbrasil está a merecer um maior carinho, ou sozinho ou num conjunto com as outras vias do VLT.
Amo todas as fotos ,do pintorest são as melhores do mundo., na minha opinião
TODAS AS FOTOS SÃO LINDAS…!!!