Cabo do Corvo – 1965


 
Nada melhor nesses tempos de polarização política, ataques com base em Fake News, denuncismo desenfreado comandado por militantes partidários e advogados à soldo de interesses nebulosos, derretimento do sistema político-partidário, perda de controle do Estado de áreas de seu território, militarismo, esquerda ouriçada, imprensa acuada, e políticos assassinados pelo “segundo estado”  etc… que lembrar da cândida figura do “Corvo”.
Lacerda foi A figura explosiva da política dos anos 30 aos 60 com sua oratória explosiva, cominada com a verborragia eloquente (sim ele tinha esse dom quase impossível), escrita  demolidora e o conhecimento político de quem foi da extrema esquerda à extrema direita em pouco menos de 25 anos.
Ladino e com o senso de  oportunismo que lhe garantiu o apelido de o Corvo, por estar sempre grasnando nos acontecidos mais dramáticos do cotidiano imediato.
Teve a capacidade de guinar a história do país em pelo menos três ocasiões, na Intentona, quando expôs de vez o fascismo de Vargas, no movimento político o qual aflorou a covardia do mesmo no Agosto e depois com a gradativa destruição da ordem institucional nos pusilânimes e confusos governos de Jânio Quadros e Jango que culminou com o Golpe de 1964.
Fracassou em pelo menos dois períodos históricos quando mesmo suas qualidades de bulldozer político não foram capazes de ir contra movimentos maiores. Na tentativa de golpe militar contra JK e poucos anos depois de evitar a cristalização dos militares na longa ditadura de 64. Perdendo sua almejada candidatura a presidente numa possível eleição de 1965, que como sabemos nunca ocorreu.
Sucesso maior Lacerda tem na construção da Guanabara, onde junto com seu inimigo político Negrão de Lima fizeram juntos o maior olimpo administrativo que essa pobre cidade teve da segunda metade do séc. XX, e até hoje ( logicamente cheio de falhas, a hemeroteca não mente, mas em patamares muito superiores a mediocridade populista que veio e vem depois), onde com uma administração moderna deu uma reviravolta urbana e administrativa na carcomida ex-capital do Brasil e construiu seus alicerces os quais até hoje a cidade, embora em ruínas, se mantêm.
Lacerda, Negrão, JK, Prestes, Tancredo, Teotônio, Ulysses, monstros da política fazem muita falta nos dias de hoje, onde a mediocridade toma conta de todos os espectros e cores de nossa política. Temos uma esquerda presa no passado embalada num messianismo  que faz os neo- pentecostais parecerem céticos além de pregar o ódio e a divisão da sociedade; uma centro esquerda presa no fabianismo, não tendo nem chegado no new deal de Roosevelt; um centro dominado pelo fisiologismo; uma centro direita fossilizada e ocupada pelos jovens do regime de 64 e uma extrema direita que muitas vezes tenta se maquiar com a aura do “Novo” mas está com um pé no neo-totalitarismo que brota na EU e nos EUA, além de pregar o ódio e a divisão da sociedade, não me surpreendo que em pouco tempo estejam a chilrear anauê.
 
Nosso cabo eleitoral e sua banquinha estão na Rua do Ouvidor bem na esquina com a Gonçalves Dias, local do comércio chique da velha cidade, que mesmo as reformas de Passos não eclipsaram. De pronto vemos a nobilidade do ponto com  a presença do letreiro da Joalheria Krause, uma das melhores da cidade desde os anos 20, desaparecida no turbilhão do início dos anos 80, turbilhão esse que ajudou a destruir os endereços da foto.
 
 

13 comentários em “Cabo do Corvo – 1965”

  1. “Tempos complicados” e de uma gravidade nunca vista. Nos tempos de Plínio Salgado o “fanatismo político” era digno das “chiquititas”, nada comparável ao grupos políticos atuais, muitos bancados pelo narcotráfico ou pelas “igreja pentecostais”. Vou fazer como o Luiz D` e vou dar “às de Vila Diogo”, já que o tema é controverso e “este sítio” não é o local adequado. Apenas faço uma ressalva quanto a um dos “monstros da política citados”: Luiz Carlos Prestes! Um indivíduo que nunca trabalhou e apenas serviu aos ideais comunistas fomentando sublevações e revoltas, sempre às custas da “internacional vermelha”, servindo de exemplo para bandidos perigosos que se perpetuam em partidos de esquerda, jamais poderia ser citado como exemplo político. Faz bem Getúlio Vargas quando mandou-o para uma enxovia durante longos anos.

    1. Quanto ao fato de ser educado, gentil, e de ter uma visão política, nada justifica os seus objetivos. Stálin era um assassino que matou 110 milhões de pessoas em nome de uma ideologia que só trouxe morte e sofrimento. Prestes foi condecorado e recebeu a comenda de “Amigo da União Soviética”, além de três “dachas” {casas de campo} presenteadas por Stálin. É curioso que adeptos do “comunismo” possuam inúmeros bens enquanto milhões vivem na miséria. Aqui no Brasil ideologias de “esquerda” só tem espaço devido ao baixíssimo nível cultural e social de seus habitantes. São os “cafetões de pobre” Bilionários, sempre com bandeiras políticas que reduzirão a miséria, promoverão a saúde e a educação, mas só empobrecem a nação em progressão geométrica.

  2. Bom dia a todos.
    Excelente texto.
    Depois da Copa, veremos muito esse tipo de coisa nas ruas dessa metrópole como aparece na foto de hoje.

  3. Gostei da foto e do meio de comunicação.Bem melhor do que se vê hoje em dia nas mídias sociais.Quanto aos políticos…passo!!!

  4. Boa noite a todos.
    O tema é controverso, com vários matizes políticos representados, com seus lados positivos e negativos. Infelizmente radicalismos existem dos dois lados, mas parece que o de um lado parece ser mais aceito do que o do outro nesses últimos tempos. Hoje ser de esquerda parece ser algo pior do que ser “leproso” décadas atrás. A justiça parece ser mais condescendente com um determinado partido do que com outros, deixando sua isenção de lado.
    A Manchete parece mostrar uma edição especial de 64 (ou 61?) e tampa justamente o último dígito do cartaz do cabo eleitoral. Mas em 65 não teve eleição para presidente como todos sabemos. Isso seria campanha antecipada descarada e ele teve o tapete puxado pelos militares que ele ajudou no golpe de 1964.

  5. Até nisso Niterói não teve problemas já que Paulo Torres foi nomeado governador em 1964. Mas bem antes disso Niterói já tinha o melhor índice de qualidade de vida.

  6. Esse Corvo não é do meu tempo e passei poucas algumas vezes nessa esquina a caminho da Praça 15. Sou mais familiarizado com área do BRT.

  7. Gostei muito do texto. A mim, que tenho 32 anos, esclarece mais um pouco da história do Rio, mas que norteia a história do país. Gostei também da leitura política apresentada.
    Aproveito e reitero: adoro esse site

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