Em mais uma foto do acervo da Myrian Gewerc vemos um Leblon que vem desaparecendo, tragado pela especulação imobiliária e valorização predatória de seu espaço físico, cena essa que já vimos em diversos bairros da cidade até serem sugados à exaustão.
Vemos em primeiro plano a Rua Prof. Arthur Ramos, bem na esquina com a Rua Gal. Urquiza a foto possivelmente foi tirada do prédio de número 119 da Gal. Urquiza, e é impressionante que uma imagem tirada a no máximo 17 metros de altura pudesse nos brindar com tão larga amplitude visual, possível graças a horizontalidade do bairro, destruída a partir dos anos 70 e 80.
No canto esquerdo vemos um pedaço da arquibancada do estádio do Flamengo, mais a frente o espelho d’água da Lagoa, a Ilha Piraquê, com um dos primeiros pavilhões do Clube Naval (possivelmente o do antigo ginásio e bares da piscina) se destacando na paisagem. Ao fundo o bairro do Jardim Botânico sem nenhuma construção mais alta exceto o hospital da Lagoa, vemos o Vale do Humaitá, já com prédios de 8 a 10 pavimentos, a região da Fonte da Saudade e no canto extremo direito um pedaço da Favela da Catacumba.
O bairro, nesse trecho ainda estava tomado pelas construções de sua ocupação original, prédios de 3 a 4 pavimentos e residências unifamiliares, o estilos representam bem os ideais da burguesia urbana da segunda metade dos anos 30 até o o fim dos anos 40, art-dèco contido, Normando, Missões e Proto Moderno. Abrindo bem o zoon vemos que o Leblon não tinha sido submetido a modernização da iluminação pública que aconteceu em Copacabana e Ipanema, sendo as ruas próximas ainda iluminadas pelos modelos Light com globo a meia altura, muito usados nos bairros residenciais da Z. Sul e trechos da Grande Tijuca que eram urbanizados a partir dos anos finais da década de 20 e por toda a década de 30.
Algumas construções vistas na imagem sobrevivem nos dias de hoje, como podemos ver pelos links: http://goo.gl/maps/JbsdQ , http://goo.gl/maps/kU46D , http://goo.gl/maps/OVpdv e só não tiveram esse destino http://goo.gl/maps/MnO5b pois muitas estão tuteladas pelo DGPC.
Onde o que seria motivo de orgulho, charme e descontos em tributos é guerreado por uma suspeita associação, a soldo certamente das grandes construtoras e até mesmo de nosso prefeito, que já admitiu publicamente não ser um apreciador das zonas tombadas, o que demonstra o que ele sempre foi, um agente de especulação imobiliária.