Nossa imagem do acervo da revista Life, de autoria de Hart Preston, mostra um absorto Walt Disney observando o movimento da Av. Rio Branco como estivesse dentro de um transe. No canto direito da imagem, segurando uma pasta juntamente com outra membra da equipe de Disney vemos Lillian, sua mulher.
Disney e equipe foram mandados por Roosevelt como agentes da política da boa vizinhança dos EUA perante seus vizinhos das Américas, o motivo não podia ser escondido de ninguém, bastando ler as manchetes de todos os jornais em volta de nossos personagens, a Segunda Guerra Mundial (e as influências dos países do Eixo), que ainda não havia atingido o Brasil diretamente, nem os EUA embora o “Dia da Infâmia” se aproximasse, fato este que levaria o gigante para a Guerra.
Nesse período a ida de Disney era um instrumento de tentar evitar, naquele momento o termo correto seria amenizar, a perigosa aproximação dos fascistóides governos das duas maiores potências locais com os países do Eixo, notadamente a Alemanha , que cada vez fincavam mais seus tentáculos políticos/econômicos/ideológicos no Brasil e na Argentina, com as facilidades ofertadas por simpatizantes da “causa”, que embora existentes dos EUA, encontravam muito mais desenvoltura nos países do Cone Sul.
O local onde Disney estava era o que podemos chamar da “pequena Cinelândia” da Rio Branco, o triangulo formado por 3 salas junto as esquinas da Rua da Ajuda e Bethencourt Silva, a saber o CINEAC- Trianon, o Parisiense e o Eldorado (antigo Central). Ao fundo vemos o Hotel Avenida, coberto pelo poste e pela árvore temos tenuamente o prédio do Jornal do Brasil, e junto a linha dos prédios junto ao quepe do chofer o Ed. Guinle.
Vemos muitos carros na rua, o que indica que as dificuldades de se obter combustível não tinham começado ou eram reduzidas, o que leva a especulção que os U-Boats alemães ainda não tinham muito interesse em navios brasileiros, fato este que mudaria em breve. A urbanização da Rio Branco ainda se mantinha muito próxima da era Passos, com modificações no sistema de iluminação pública, principalmente no canteiro central, e a presença de alguns poucos prédios de concreto armado.
Essa era a cidade pré-guerra que tanto encantou Walt Disney e que foi desfigurada com o estilo de vida de seus país ao fim da Guerra, onde uma Europa enfraquecida e arruinada pouco pode fazer para manter suas fortes influências de antes da Guerra na sociedade brasileira.
Você disse ou escreveu muito bem,sobre a perplexidade de Disney
perante a ainda bela cidade do Rio. Hoje ficaría perplexo diante do
caos que o centro se tornou.
Chama a atenção o número de mulheres com roupas digamos, de trabalho, no centro da cidade. A iimpressão que se tem é que naquela época eram poucas as mulheres que trabalhavam fora.
Outra coisa é a tranquilidade da celebridade caminhando no centro do Rio.
“Tudo Arrasado” – é a manchete do jornal.
A tragédia da guerra abatia a Europa… e nós aqui na maior tranquilidade.
Dá pra entender quando os refugiados do pré e pós guerra falavam que aqui era uma maravilha.
Com essa arquitetura então…
“Após a furiosa tormenta”, parece ser o subtítulo da manchete “Tudo Arrasado”.
olá.
qual o local exato da foto, olhando o mapa atual em http://goo.gl/maps/ouoJ9?
A influência americana, trazida entre outros pelo Disney, ajudou a desfigurar a cidade.
Fato! A conservaçãoe a tendência a predileção por grandes malhas de transporte de massa, bem típicas da Europa foram pro saco… Sumiram os bondes e vários marcos arquitetônicos.
Essa é nova para mim.
Olhando em alta, a manchete “Tudo arrasado” parece ser do jornal A Noite. Algo profético em relação à avenida.
Acima do Walt Disney, na placa, está escrito: “O seu dia chegará”.
Acho que a manchete do jornal talvez se refira à grande enchente que houve em Porto Alegre naquele ano: http://pt.wikipedia.org/wiki/Enchente_em_Porto_Alegre_em_1941
Quanto a foto em sí, nunca havia visto, apesar de já ter garimpado bastante o acervo da Life. Não canso de me impressionar e admirar o estilo e o ‘feeling’ da época, incomparáveis com os dias atuais. Realmente, outros tempos, outro mundo!!
Muito boa a imagem. Especialmente por ser desconhecida!
Sobre os comentários precedentes eu digo que o “balneário” de Copacabana já tinha fugido dos parâmetros europeus. Em Ipanema, com muitos moradores estrangeiros, o padrão urbanístico europeu também não predominava. Eu vejo assim.
Gostaria de saber alguma coisa sobre a antiga fabrica da Remington maquinas de escrever que ficava na avenida Brasil em Guadalupe.
Eu moro em Guadalupe e, respondendo a sua questão: A fábrica foi demolida,hoje estão construindo predios residenciais. Ah! as máquinas de escrever eram as melhores Remington….
Eu me encanto imensamente ao ver fotos de épocas bem remotas, porque a diferença para os dias atuais é grande. Antigamente era tudo tão belo; vestuário, calçados, glamour, as ruas eram calmas, as pessoa educadas. Ah!!! que pena tudo mudou tanto…..