Nessa foto do acervo do Fernando França Leite temos um flagrante do primeiro urbanismo das orlas de Ipanema e depois replicado por poucos anos na do Leblon.
Com o traçado definido das vias abandonando-se um primeiro que praticamente faria da Av. Vieira Souto uma réplica da antiga Av. Atlântica foi-se instalado o urbanismo no final dos anos 10, totalmente inadequado as condições do local, o que demonstrava o desconhecimento das autoridades para com aquela nova orla que se descortinava numa antes abandonada e improdutiva restinga entre o mar e uma laguna conhecida pelas suas mortantades de peixes e águas pestilentas que abrigavam nas margens alagadiças milhões de mosquitos vetores de malária e febre amarela.
De inicio tentou-se postes de ferro fundido, no canteiro central os raros padrão Light de luminária central, extintos na cidade desde os anos 50, e junto aos prédios e areia os postes franceses pequenos, já convertidos para luz elétrica. Certamente vindos de outras áreas de cidade onde o gás era abandonado. Essa iluminação já chegou em lâmpadas de tungstênio, ao contrário da pioneira, junto a linha dos terrenos e a velha avenida transformada em calçada que foi instalada em 1911 com lâmpadas de arco.
Na arborização o uso surpreendente de araucárias, em fileira única pelo canteiro central, não se usou as casuarinas que se adaptavam muito bem nos terrenos arenosos da cidade e eram usadas como mais um auxiliar na dissecação de terrenos notadamente junto a caminhos.
Logicamente em pouco mais de 15 anos todos esses equipamentos haviam sido destruídos pelo clima agressivo, muita maresia e ventos úmidos e frios que assolam o litoral aberto de Ipanema e Leblon com a chegada das frentes frias, as araucárias não se desenvolveram e os postes foram devorados pela maresia, além dos junto a areia derrubados pela força das dunas e das ondas nas ressacas.
Na primeira metade dos anos 30 todo o urbanismo foi trocado e no início dos anos 40 aperfeiçoado com os oasis planejados por Azevedo Neto.
Uma pena não conseguirmos ler o nome da viação na lateral do ônibus. O trecho, pelos trilhos do bonte é o entre a Francisco Otaviano e a Rua Teixeira de Melo.
Esse post deve ser lido conjuntamente com outros dois mais antigos que tocam na questão do urbanismo na orla de Ipanema/Leblon: http://www.rioquepassou.com.br/2010/05/05/av-vieira-souto-primeira-urbanizacao-inicio-do-sec-xx/ e http://www.rioquepassou.com.br/2005/04/09/av-vieira-souto-1937/