Manifestação Autonomista, liberdade de P. Ernesto – 14 de setembro de 1937

Nessa foto de hoje do acervo da FGV vemos a carreata que conduzia o já doente Pedro Ernesto da Cadeia para sua residência em Setembro de 1937.
Libertado  das masmorras do Estado Novo que se criava o prefeito e seus correligionários tentavam organizar mais um partido, oPartido Libertador Carioca PLC, mais uma das articulações que visava dar soberania a então capital da República, bandeira essa também defendida por meu bisavô e que os dois nunca conseguiram ver, pois a autonomia sonhada por eles só aconteceu num curto espaço de tempo no Estado da Guanabara.
A articulação do PLC, começou a ganhar força e já se previa um novo movimento como o que levou o grande prefeito ao Paço Municipal no Campo de Santana, quando em mais um golpe Getúlio aniquila os que lhe tentam fazer sombra, Pedro Ernesto é novamente preso, e o PLC esmagado como todos os outros partidos políticos.
Por fim, como exemplo das injustiças cometidas pelo regime de Vargas, um pequeno trecho do discurso de Pedro Ernesto no Teatro João Caetano 15 dias após ser libertado a primeira vez:

O povo que sempre me oferecera provas de sua estima não pudera, naquele momento, levar-me a sua solidariedade e fazer o seu protesto contra essa ignomínia. Estávamos em estado de guerra, e as liberdades asfixiadas. Porém, recolhido à prisão, onde sofri toda a sorte de afrontas, nunca duvidei da amizade desse povo altivo e digno, ao qual me apresento hoje, o veredictum da Justiça, confundindo os meus caluniadores. Ao milagre do meu restabelecimento, porque somente um milagre, realmente, me afastou a morte, no momento em que, por ódio, me recusaram o adequado tratamento à minha enfermidade, se veio juntar o milagre não menor da vossa dedicação sem par.
Senhores: no meu recolhimento, no meu martirológio, no isolamento de minha prisão, meditei sobre a situação política do país, vivendo sob o guante de um governo autoritário, disfarçado em liberal-democrata. Foram renegadas todas as liberdades, mas, sobretudo, negada a liberdade individual, porque pessoas inocentes, operários, funcionários, parlamentares, eram, juntamente com os culpados, recolhidos às prisões.