Rua Real Grandeza, anos 50


O post de hoje, numa incomum terça feira, é o resultado de pedidos dos frequentadores do Saudades do Rio para que a foto publicada ontem ( http://fotolog.terra.com.br/luizd:2758 ) seja aqui postada, explorando o recurso da grande resolução, o que fazemos, indo mais a fundo nas grandes mudanças ocorridas nesse pequeno pedaço de Botafogo.
Como já falei no Saudades esse é o único local da Rua Real Grandeza onde o seu PA foi realizado de pleno, planejado para ser uma via complementar da Av. Humairá-Glória, juntamente com o binário Mena Barreto/Visconde Silva também duplicadas e outras ruas conectadas  totalmente ao sistema viário do bairrocomo era o caso da Pinheiro Guimarães; essas obras faziam parte de um projeto ainda maior, realizado por Reidy no início dos anos 50, reescrevendo o planejado pelo Plano Agache para quase toda a cidade. Novos túneis, ruas requalificadas, o Aterro, orla da Lagoa etc. O PA apresentado aqui, do trecho mostrado é dessa época, 1958, quando se planejava duplicar o túnel velho tradicionalmente, por duas galerias paralelas e não sobrepostas como acabou sendo feito.
Mas as demolições, até o início da Rua Dr. Sampaio Correia, onde temos a curva e uma marmoraria foram efetivadas, apenas a partir daí mudou-se o plano e no lugar da praça planejada temos a saída do mergulhão da pista inferior do túnel: http://g.co/maps/y8uk3

As memórias do Paulo Stilpen foram fantásticas pois descreveram uma zona viva, com comércio de bairro e comunitário, não a estéril região que surgiu no final dos anos 60, quando o PA foi  executado e os imóveis já desapropriados por decreto foram finalmente ao chão.
Em alta vemos o pequeno comércio localizado na entrada da vila no 358 da Real Grandeza, o bar com o pequeno letreiro da Coca-Cola e logo depois segundo as reminiscências do Paulo uma tamancaria. Após ela vemos a estreita entrada da Rua Aníbal Reis, hoje bem modificada pela construção de um prédio que obedece dois recuos e pela ocupação desordenada de lotes que tiveram os imóveis originais postos ao chão. No fim da rua um grande terreno, de mais de 1.200 metros quadrados, desmembrado, de um ainda maior e em parte doado EGB em 1974 foi criminosamente invadido no final dos anos 80, transformando a rua em entrada de favela. Aliás toda a área desmembrada foi invadida, e nela criada a toddy nos últimos 10 anos a favela de Nova Mangueira.
O único imóvel que continua de pé nesse trecho é um sobradão, de número 382, que está encoberto pelo bonde, curiosamente ele na planta do PA tem o mesmo afastamento de todos os outros demolidos e fica aqui a pergunta, havia um erro na planta ou a fachada foi recuada usando todos os elementos da cantaria originais? ( http://g.co/maps/f232m ).
Na foto ao a explorarmos com grande resolução conseguimos vislumbrar o quarteirão triangular das ruas Real Grandeza, Dr.  Sampaio Correia e Lacerda de Almeira, antiga Travessa da Real Grandeza, aberta pela Jardim Botânico para dar acesso ao túnel no séc. XIX e alargada em 1920, perdendo a função de via de acesso dos bondes ao túnel quando da abertura da Dr. Sampaio Correia no final dos anos 20 ( http://www.rioquepassou.com.br/2008/09/04/tunel-velho-boca-de-botafogo-1927/ ), esse post foi atualizado com a foto em grande resolução.
No topo do morro vemos o cotovelo da Ladeira dos Tabajaras, assinalado por um solitário poste de iluminação pública, totalmente vazio, sem barracos, pois era, e é, área do Ministério da Marinha, invadida nos anos 80, invasão que também galgou o corte por de cima do cemitério.
A região hoje, em um ângulo muito parecido com o do fotógrafo pode ser vista aqui: http://g.co/maps/6u9w5