Nossa foto de hoje mostra a região da antiga Praia Funda, com as primeiras grandes modificações que sofreu desde os anos 20 do séc. XX que mudaram o traçado do litoral dessa importante praia da Lagoa Rodrigo de Freitas, usada no período colonial e até mesmo até o final do Séc. XIX como um dos principais acessos aos areais de Copacabana e Ipanema, por barcos que partiam da Praia da Piaçaba, no Humaitá.
Com a abertura do Corte do Cantagalo, sepultando parte do Caminho do Caniço, uma das vias primais para se chegar à Sacopenapã, parte do material resultante do desmonte das rochas foi jogado para além do cais da Av. Epitácio Pessoa, formando mais um bolsão de aterro, que inclusive levantava o lodo mais adiante, uma característica do solo do fundo da Lagoa, muito instável. Com a abertura da via criou-se uma pequena rotatória no encontro das avenidas mas a área a frente, que ficou de considerável tamanho permanecia sub-utilizada e tomada pelo mato.
No início dos anos 50 ela foi urbanizada, tornando-se um embrião do Parque do Cantagalo dos dias hoje, brinquedos, jardins, um campo de futebol compunham o pequeno parque, que não tinha nem iluminação pública nem um cais o separando da Lagoa.
Com o aumento do tráfego no final da década e início dos anos 60 a área verde perdeu um bom pedaço, pois em sua área foi criado um pequeno trevo que visava eliminar os seguidos acidentes de veículos bem como disciplinar o fluxo. No final dos anos 60 aconteceu a modificação mais radical, com um novo aterro e a construção do conjunto do Viaduto Augusto Frederico Schimidt ( http://www.rioquepassou.com.br/2005/05/06/ ) parte de um complexo sistema viário que além de englobar o novo papel da orla da Lagoa como rótula distribuidora do transito na Z. Sul da cidade também seria um trevo do Túnel Botafogo- Ipanema ( http://www.rioquepassou.com.br/2004/04/14/ ).
No final da década de 70, novos aterros na região, empurrando a água quase como imaginou Agache nos anos 20, para a criação do Parque do Cantagalo, uma bela área de lazer que sofre com a instabilidade do solo da Lagoa, o que será resolvido com uma custosa obra de estaqueamento de seus limites.
Ao fundo vemos o conjunto modernista edificado junto as escarpas do Cantagalo, composto de prédios construídos para abrigar uma efervecente classe média que não podia pagar o pedido para morar em Copacabana na época e queria a casa própria, fugindo portanto do Leblon e de partes de Ipanema com pequenos prédios quase todos de famílias que os usavam para auferir renda com o aluguel.