Skyline do Centro, início da década de 50

Hoje é segunda feira, feriado enforcado, pelo menos para o funcionalismo público, nada melhor que pegar o carro  e aproveitar o Centro com seu comércio farto, bons bares e restaurantes para resolver aquelas comprinhas de última hora, encontrar com alguns colegas de repartição e aproveirar para almoçar sem pressa aproveitando uma amena tarde de fim de inverno quase primavera e quem sabe dar uma “esticada”.
Depois de passar na Mesbla para pagar o carnet do Chevrolet De Luxe que faz a alegria da família, nada melhor que tomar uma laranjada na Laranjada Brasil, ali na Cruzeiro,  antes de encarar os comércio da Uruguaiana e Ouvidor a fim de resolver alguns breves contratempos de vestuário, além de aviar encomendas da patroa e verificar qual seria um bom presente para o Juninho do qual o aniversário se aproxima.
Uma passada rápida no ministério na Graça Aranha, para ver o encaminhamento dos expedientes de sexta última, embora tenha certeza que o contínuo não apareceu hoje, bem como D. Lurdes a quem dei abono para mesma aproveitar o feriado e ver a mãe em Juiz de Fora, afinal ela merce por ser uma boa secretária. Verificado tudo é hora de  reunir-se com a turma a fim de um bom almoço ou na Leiteria ou no Monteiro, certamente o Ribas quererá ir na Colombo, sob protestos dos outros que consideram muito formal e caro.
Após o almoço uma passada na Casa Persa para pegar aquela caixa de charutos cubanos já encomendados, e se estiver quente uma afrouxada na gravata ( por quer vir com ela hoje!!!) e tomar um frapê no Simpatia, pode-se aproveitar para fazer uma fezinha, enquanto os colegas veem o “movimento” na calçada da avenida.
A tarde começa a se avizinhar já é quase 4, é hora de procurar um telefone público e avisar “em casa” que os colegas resolveram fazer uma confraternização, pois afinal amanhã é feriado e que chegará mais tarde.
A Vilarino é uma boa opção, podemos encontar amigos de outros órgãos, inclusive um boêmio membro do Itamarati que ali sorve seu scotch, passamos e aproveitamos para ver as obras do novíssimo prédio da embaixada americana, moderníssimo e que sobe em uma velocidade impressionante, afinal dinheiro não falta e ninguém está levando “o seu”.
Depois de um dia de rei deste, não há quem dos colegas que não fique animado para dar uma flanada no Night and Day, no Serrador. Talvez só o Felix, que se mande com a desculpa que mora no Leblon e que tem que pegar o bonde, mas na realidade ele tem medo da “patroa”, uma carola maior do que ele. Quem sabe hoje as pequenas estejam mais disponíveis sem os Senadores, que voltaram para seus estados a fim de fazer alguma politicagem nos redutos, os que ficaram ou estão no Filet de Ouro do Copa com suas esposas ou subiram para Petrópolis, o certo é que o Monroe está apagado e o estacionamento vazio. Caso não se logre êxito a Lapa é sempre uma opção.
Lá para as duas da madrugada é hora de pegar o Chevy na garagem aos pés do Santo Antônio e rumar para casa torcendo para ninguém estar esperando a fim de deslizar silenciosamente para os lençois na mais perfeita candura.
Uma foto para se ver em alta, clicando-se na imagem.

7 comentários em “Skyline do Centro, início da década de 50”

  1. Programa perfeito!
    O mais duro foi encontrar um telefone público, depois um que estivesse funcionando, a seguir conseguir uma ficha telefônica, ter paciência para esperar uma linha e torcer para a ligação ser completada e não dar ocupado…
    A foto e o texto são ótimos.

  2. Belo post.
    O comentário revela detalhadamente os interesses do pré-feriado do Carioca trabalhador, pai de família e que não deixa de ser um “bon vivant”..rsrs
    Saudações!

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