Em mais um panfleto, editado possivelmente no alvorecer do séc. XX, embora possamos também especular os últimos anos do séc. XIX vemos, em francês, conforme as normas de boa classe da belle èpoque o anúncio de um dos melhores estabelecimentos hoteleiros da cidade. Na mesma linha do panfleto do Restaurant Ipanema, já postado por nós, http://www.rioquepassou.com.br/2009/09/07/restaurant-ipanema/ .
Fora do burburinho do centro da cidade, que afetava sem dúvida as boas condições de hospedagem de hóteis famosos como o Do Globo e o De France o Dos Estrangeiros se localizava numa das partes mais nobres da cidade à època, local de boas residências, mas não tão afastado da cidade como outros estabelecimentos no alto das Laranjeiras e até mesmo Santa Teresa.
Localizado pertíssimo da maior garagem de bondes da cidade, em uma região que se urbanizava, sofisticadamente e de forma célere, certamente o hotel era sem dúvida um dos estabelecimentos de maior classe, aliado com praticidade, da cidade à época.
Os dizeres do panfleto traduzem muito da sofisticação, com as modernidades, que o estabelecimento oferecia aos seus exclusivos hóspedes: Farta disponiblidade de transportes, carris e tiburis; refeições completas, inclusive de refeições “a minuta” termo ainda usado em hotéis pelo Brasil; inúmeros salões para o conforto da estadia do hóspede como de jogos, leitura, banquetes….; quartos com mais de um cômodo, capazes de abrigar possivelmente famílias; água quente e fria; convênio com empresas de carruagens; cozinha especial para dietas médicas; lavandeira completa; oficina para reparo de malas; e o que mais me chamou a atenção a anunciada proximidade do o Hight Life, balneário na própria rua de esquina com o hotel, que anos mais tarde se transformaria no Hotel Central, tão conhecido de nós.
Por fim, numa época que o Rio era conhecido como um dos mais perigosos portos ao sul do equador o hotel fecha seu reclame anunciando em destaque sua higiene perfeita.
Do que vemos na pequena litogravura, apenas 3 objetos se encontram no local até hoje. A estátua de José de Alencar, embora em local diverso do apresentado, e duas das 5 Ficus Religiosas, que resistiram não só a demolição do prédio do hotel mas todas as profundas modificações urbanísitcas sofridas ao longo desse mais de século.
Agradecemos ao amigo Carlos Ponce de Leon de Paiva o envio desse panfleto.