Rua do Catete, Ilha dos Prontos, Garagem de Bondes, circa 1915

 

Nossa foto de hoje mostra o resultado das reformas urbanas de Passos, na Rua do Catete e Largo do Machado uns 10 anos depois.
A imagem é tirada de um ângulo pouco comum das imagens tradicionais dessa parte da cidade, normalmente tiradas em direção ao Flamengo e não para a Glória como essa imagem foi feita.
Em destaque temos a agora bem arborizada “Ilha dos Prontos”, um canteiro segmentador da via, que disciplinava as áreas a serem usadas pelos carris e pelos demais veículos, apelidada assim pela turma do Lamas. Por estar sempre ocupada por desocupados “duros” que se sentiam mais a vontade para observar a grande movimentação do local, sem obstruir a frente de algum estabelecimento comercial, o qual não poderiam frequentar.
Grande parte da iluminação ainda é feita por combustores a gás, mas podemos ver na ilha dois postes iguais aos da Av. Central, que não estavam quando da entrega da área por volta de 1906, e que certamente foram colocados aí para reforçar os combustores. Tiveram vida breve, pois nas imagens da ilha, já nos anos 40, eles não estavam mais no local.
A foto nos mostra que o imóvel a direita da entrada da garagem da Jardim Botânico, que nas fotos logo após a urbanização do Largo, estava sendo demolido, tinha seu terreno vazio, cercado por cartazes publicitários. Luiz Edmundo nos conta que neste imóvel funcionava um infecto açouque, dos mais imundos das redondezas. O motivo de passados tantos anos do terreno não ter sido ocupado é um mistério.
Além do prédio principal da garagem, vemos também o imóvel imediatamente a sua esquerda, na realidade um anexo do prédio principal que servia como uma sala de espera para os passageiros, com alguns serviços como venda de fumo e jornais, prática essa comum nas outras garagens da companhia.
O imovel com o coroamento mais rebuscado, já na curva da Rua do Catete era o do Café Lamas, 24 horas por dia aberto, só tendo esse prédio fechado suas portas 03 vezes em sua existência. Na Revolta da Vacina, no suicídio de Vargas e na sua demolição para as obras do metrô.

14 comentários em “Rua do Catete, Ilha dos Prontos, Garagem de Bondes, circa 1915”

  1. No início dos anos 60, ainda criança, eu frequentava a Espaguetelandia que ficava mais a direita da garagem dos bondes. No início dos 70, frequentava a lanchonete que ficou no lugar dela (Bela Itália ?) e mais tarde o Lamas e o Pontes à esquerda da garagem. Mas não consigo me lembrar como era essa entrada da garagem dos bondes que, se não me engana, virou garagem dos ônibus elétricos. Agradeceria se alguem postasse uma foto semelhante a esta nos anos 60 ou 70.
    O Largo do Machado e esta área estão completamente desfigurados desde as obras do metro. Merecem um processo de revitalização e ordenamento urbano. Não dá pra chamar o Pereira Passos de volta?

    1. Entre o Lamas e a garagem existia uma leiteria, vendendo leite fresco, creme de leite e queijos. Fechou junto com o Lamas, quando das obras para o Metro.

  2. Por trás do tapume, Decourt, o que teria sido demolido não foi o secular açougue que, ostentando em sua fachada um enorme machado, teria dado nome ao local?
    Ótima a deliciosa referência à “ilha dos prontos”, assim como o evocativo reclame do Viñol, que tentava rivalizar-se e disputar mercado com a insuportável Emulsão de Scott.
    “Quem uma vez provar Viñol não tolera mais os antigos preparados e emulsões de óleo de fígado de bacalhau… Viñol é agradável ao paladar e não contém óleo.”
    Dá pra acreditar?

    1. Tenho que dar uma lida no Luiz Edmundo, mas pelo que me lembre este açougue, não era o que deu nome ao local.
      Já óleo de fígado de bacalhau, pode parecer incrível, mas eu gostava quando era criança…paladar infantil realmente é muito estranho …….

      1. Decourt, se tiveres algum material sobre a recuperação da estrutura do Elevado do Joá (86/87). Me passe por favor. É para um estudo acadêmico!

  3. Paladar infantil do Decourt é mais estranho ainda! Onde já se viu gostar de óleo de fígado de bacalhau…
    Naquela época até um “pronto” (duro) tinha lá suas diversões… gostaria de ficar aí nesta ilha também admirando os bondes e o movimento da estação.. aliás quem não gostaria?

  4. Estou em busca de informacoes,fotos, parentes distantes de uma Leiteria entre 1915/1925 que ficava na Rua do Catete 38,o Proprietario era o SR. Francisco da Cruz Fidalgo.Nos dias atuais, fica um bar chamado Louroza,alguem pode me ajudar ???

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