Desde 1904 quando se inaugurou o Túnel Novo, construído por uma empresa particular, a Cia de Construções Civis, que loteava grande parte de Copacabana que se começou a busca, juntamente com o crescimento dos bairros oceânicos, de mais e melhores vias para desafogar o tráfego.
Após a inauguração do túnel, conjugada com a abertura dos 02 trechos da Beira Mar, unidos pela Avenida de Ligação, hoje Oswaldo Cruz, passando pouco depois pela melhoria do traçado no contorno do Morro do Pasmado, evitando-se assim o tumultuado tráfego da Rua da Passagem, a cidade ainda necessitava de espaço.
Nós famosos no fluxo eram eliminados com obras, inicialmente no Passeio, logo depois na Glória. Mas os acesso à Copacabana que já nos anos 30 mostravam seu esgotamento, demandavam obras muito mais profundas que remanejamento de jardins, destruição de prédios e construção de algumas vias junto ao mar. Agache, junto com seu projeto de um proto aterro do Flamengo, também projetou os primeiros esboços para o Túnel do Pasmado e a duplicação do Novo, de forma totalmente diferente da de hoje, e que já foi descrito pelo menos umas 05 vezes nos arquivos do site.
É bem verdade que o aterro de parte da Enseada de Botafogo, como hoje está, era uma idéia muito mais antiga, de 1908, fomentada pelos mesmos homens que construíram Copacabana.
Mas de projeto em projeto absolutamente nada era realizado, até chegar ao quase total colapso do final dos anos 40, a Zona Sul oceânica precisava de novos acessos. Para isso foi reunida a brilhante equipe de engenharia do Distrito Federal, que anos depois prestou fantásticos serviços a fabulosa cidade estado.
Criou-se o sistema viário, composto por um aterro da Enseada, criando pistas rápidas, unindo as avenidas Oswaldo Cruz e Ruy Barbosa, que poderiam operar em regime de mão única e também com uma espera para o imaginado grande aterro que iria até o Calabouço, projetado no final dos anos 20 e só executado quase 40 anos após.
Juntamente com essa via, seriam construídos um conjunto de túneis e novas vias. O Túnel do Pasmado teve seu projeto modificado, agora com embocadura ao nível do mar. Um prolongamento da Av. Lauro Sodré seria aberto nos terrenos do Botafogo FR, e a parte existente, requalificada, criando-se duas novas e largas pistas, ao lado da velha via ( hoje servindo de acesso ao Shopping Rio-Sul). Como continuidade natural o velho Túnel Novo seria quadruplicado, a galeria original de acanhadas duas faixas de rolamento, seria alargada, numa majestoso túnel com 05 faixas e 2 passeios, e uma nova galeria de iguais dimensões seria aberta. Para isso um lado inteiro da Av. Lauro Sodré, bom como abas do Morro da Saudade foram destruídas.
Já em Copacabana iguais providências seriam tomadas, de início planejava-se construir uma nova avenida, sobre o leito da ancestral Salvador Correia, até a esquina com a Av. Ministro Viveiros de Castro. Que demandaria só desapropriações de quadras esportivas e a supressão de metade da Praça Demétrio Ribeiro.
Mas a velha via ainda subsistiria até a Av. Copacabana, nessa época já unida com a destruição de boa parte do Morro do Inhangá. Decidiu-se mudar os planos por mais custoso que fossem, principalmente num bairro que se valorizava e que se verticalizava. Até a Av. Copacabana o governo do DF honrou pesadas desapropriações, de casas e até mesmo de prédios de apartamentos, de menos de 10 anos de existência.
Mas o quarteirão final, sem dúvida, era o maior óbice, havia pelo menos 04 prédios de apartamentos, dois com endereço na Av. Atlântica, e um hotel, virado para o trecho final da Salvador Correia. Pensou-se me desistir, foi planejada até mesmo um pequeno aterro na praia, para servir de rótula distribuidora do fluxo entre a Prado Júnior e a Salvador Correia. Mas a prefeitura distrital demoliu primeiro as casas, mas fáceis de se desapropriar e começou uma verdadeira batalha judicial com as dezenas de proprietários de apartamentos no trecho visado, e com o o Hotel Vogue, hotel de alto gabarito e sem dúvida a desapropriação mais cara.
Mas, quis o destino que em 1955 0 Vogue ardesse em chamas num trágico incêndio. Com o imóvel destruído e condenado pela defesa civil por colapso nas estruturas, o valor a ser pago em muito diminuiu, sendo em pouco tempo todo a área liberada para a chegada da Av. Princesa Isabel à praia.
Nossa imagem, do início dos anos 50, mostra em destaque todo o sistema viário, bem como o quarteirão entre as Av. Copacabana e Atlântica ainda ocupado pelos prédios de apartamentos.