Nossa foto de hoje gentilmente enviada pelo amigo Carlos Ponce de Leon de Paiva mostra os aterros para a construção da Park Way da praia do Botafogo que teria a função de dar fruição de tráfego e embocadura ao Túnel do Pasmado e seu sistema viário.
Curiosamente no início do séc. XX, em Novembro de 1908 é publicado no Jornal O Copacabana, bem como divulgado por outros meios de comunicação e por folhetos distribuídos pela cidade, um plano para o saneamento da Enseada de Botafogo. A autoria do plano pode ser especulada ao grupo de Alexandre Wagner e Otto Simmon, da Cia de Construções Civis, que era um dos grandes patrocinadores da publicação.
O plano era descrito com a construção de uma larga avenida, de 100 metros de largura, que partiria do Morro da Viúva até a Praia Vermelha. Ela teria 3 pistas de 35 metros de largura e dois passeios de 4 metros. Contaria com tráfego de carris e um sistema de trens rápidos que poderia ser extendido ao resto da cidade. Essa via melhoraria em muito o acesso à Copacabana prejudicado pela precariadade de trechos da Av. Pasteur junto ao Pasmado. Também lembramos que Alexandre Wagner esteve ligado a uma concessão de carris para Copacabana, que criou muita polêmica e brigas com a Jardim Botânico no final do séc XIX.
Anos depois, Agache lançou os embriões do Aterro do Flamengo ( Glória e Botafogo também) e do sistema dos Túneis do Pasmado e Novo, que foram sendo modificados até chegarem a feição definitiva, executada nesta obra.
No fundo as sedes do Guanabara e do Botafogo FR ainda podem ser vistas, invelizmente o pequeno tamanho da imagem não nos permite ver as obras na embocadura do túnel, mas notamos que o Pavilhão Mourisco não está mais lá.
A foto também é muito feliz em retratar o belo trabalho urbanístico da equipe de Passos, 40 anos depois de realizado, árvores crescidas e muita proporção entre jardins e avenidas. Pela posição o fotógrafo estava no Ed. Corcovado, um dos bons endereços da orla, que foi avacalhada com a construção dos verdadeiros balanças no final dos anos 50.