Nessa foto de Malta vemos un inusual cotidiano da cidade, movimentadíssima, e até diria a beira do insuportável Rio Branco, em Março de 1923.
O transito é pesado, as calçadas estão simplesmente abarrotadas, há carros estacionados por todos os lados e um grande número de pedestres no refúgio central entres as pistas esperando para atravessar.
Ao contrário das outras fotos de Malta, que ou mostram cenários praticamente vazios, ou com um certo número de pessoas, nessa imagem o fotógrafo foge de seu modelo mostrando um dia pulsante no centro da outrora capital da repúbica.
Estamos bem na esquina da Av. Rio Branco com Rua da Assembleia, um dos primeiros locais a ser instalado um sinal de transito na cidade, que aliás é visto na foto, não só o sinal mas um posto de quarda de dois andares, praticamente não fotografado. O caminhão que passa se dirige certamente à Z. Norte vindo do velho Mercado, era a Assembleia possivelmente o caminho mais direto da Misericórida para a parte além de Mata Porcos, num tempo anterior a abertura das grandes vias da Esplanada e da Pres. Vargas.
Tanto movimento impressiona, ainda mais se pensarmos que estávemos num dia normal de Março, londe do final do ano ou alguma data festiva, pela posição do sol estávamos na parte da tarde, diria depois das 15:00 horas, alguns homens usavam ternos claros, e as mulheres vistas estavam com roupas de verão, possivelmente estava quente ainda.
No mobiliário urbano vemos que os lampiões das calçadas já tinham sido convertidos para a luz elétrica, os vidros foscos indicam isso, poucos anos à frente o conjunto de 5 lampiões seria substituído por dois globos, formato que acompanharia esses postes até sua retirada em 1975, no canteiro central os pés de pau-brasil estão enormes e as luminárias já usam lâmpadas de tungstênio. Na calçadas os jambeiros já tinham sido trocados pelos oitis.
Ao fundo a cúpula do Jornal O Paiz, e a torre do Jornal do Brasil, as árvores encobrem as duas grandes cúpulas na esquina da Ouvidor.
Ainda não consegui achar meu avô que, certamente, estaria por aí.
Impressiona, realmente, o número de pessoas e de automóveis, tão raros em fotos do Rio desta época.
Tem-se a impressão que o automóvel “invadiu” a cidade, sem que esta estivesse preparada pra isso. Fotos do Centro até os anos 60 mostram sempre carros estacionados ocupando todos os espaços.
Parece também que a “vida” da cidade nessa época se resumia à Rio Branco e arredores. Daí a aglomeração.
Eu acho interessante comparar o Rio com Buenos Aires na mesma época, ambas eram capitais de seus países e estavam recém-reformadas em estilo francês. Mas na Argentina em vez de apenas algumas ruas, construiu-se um bairro inteiro, do qual muito ainda existe até hoje. E as construções portenhas costumam ser mais grandiosas, como o palácio do governo, congresso e sede do banco nacional.
Concordo com o Rafael, acho que a vida se resumia à Rio Branco e arredores, por isso essa agitação toda!
Alguém sabe o porquê de Malta dar preferências para as fotos com cenários praticamente vazios, como observou o André?
abraços
Deve ser para realçar a beleza da cidade sem esta confusão toda.
É impressionante a quantidade de pessoas na calçada. Parece hoje , só que hoje a quantidade de escriptórios é bem maior, são prédios de 20 andares comparados com estes de 4 ou 5.
Boa tarde, André.
Vi um fotolog onde você dizia que seu pai conheceu o arquiteto chamado Carlos Calderaro. Preciso muito entrar em contato com este senhor, pois estou trablhando no projeto de restauração da Sala Cecília Meireles, que foi projetada em 1965 por ele.
Aguardo um retorno.
Caso você tenha alguma informação, meu e-mail é [email protected]
Obrigada desde já pela atenção.
Gabriela
Gabriela, falei com meu pai e ele informou que o Cláudio faleceu há alguns anos, bem como sua esposa. A firma que realizou a adaptação da sala Cecília Meireles foi a Construtora Atlântida, de propriedade do Carlos.
Espero ter ajudado
Daí não é tnao difícil entender porque o metrô já havia entrado no plano Agache… A Rio Branco já vinha perdendo a característica de larga avenida… Ah, se ainda desse pra manter o canteiro central…
Não seria perto da Páscoa?
A avenida parece mais estreita do que hoje em dia. Por que será ?