Em mais uma fotografia do acervo de Harlley Pacheco mostramos mais uma imagem, das fotografadas por seu pai, nos anos 40 e 50.
A foto mostra um ângulo curioso, pois mostra a fronteira dos novos prédios da Esplanada do Castelo, no caso os jardins do moderníssimo prédio do MEC, com um nada, que faz fronteira com o tecido antigo da Rua de Santa Luzia.
Inicialmente pensei que a construção que fecha o primeiro plano fosse os fundos do Pavilhão da Inglaterra, construído para a Expo de 1922, mas um exame mais detalhado, tanto no alinhamento da igreja de Santa Luzia, como também no que seria os fundos do Pettit Trianom concluí que vemos na realidade um imóvel que dava frente para a Rua de santa Luzia e ficava de fundos para as fraldas do Morro do Castelo, ou seja, um imóvel que antes foi à beira mar.
A foto nos mostra elementos curisoso, os velhos postes telegráficos indicam que havia um servidão onde hoje está parte do prédio da Vale do Rio Doce, que ocupa a área mais ou menos onde está o primeiro pedestre. Possivelmente o local desta servidão era o antes ocupado, no projeto original, por um espelho d’água, criado por Niemeyer ao projetar o prédio da Vale, para tentar separar as ambiências, visto que à época muito se criticou a construção do prédio por eclipssar o conjunto do MEC.
Mas as dúvidas ainda continuam, pois pelo menos por este ângulo o prédio da Vale não ocupa toda a área ocupada pela construção térrea, tendo uma parte, inclusive as amendoeiras da foto, um estacionamento num grande terreno baldio.
Como bem dito no texto, realmente o conjunto do MEC foi ‘eclipssado’ pelo prédio da Vale.
Além do prédio da Vale, quem “eclipssou” o prédio do MEC foi o Palácio Austregésilo de Athayde. Pelo projeto original o MEC teria vista pro mar e seria ventilado pela brisa. Depois de cercado por grandes edifícios, e sem poder instalar um ar condicionado central por causa do tombamento, o prédio virou um forno. Isso eu li numa reportagem há muitos anos.
Pelo ângulo, acho que os carros estão estacionados justamente no terreno que até hoje é usado para este fim (uma das cicatrizes do Castelo que permanece até hoje) e o prédio da Vale estaria no extremo direito, também ocupando a área da antiga construção de fundos.
Rafa, o MEC só teria vista e aeração garantida para o mar se tivesse sido construído no primeiro terreno imaginado, o qual Corbussier até fez um projeto, que já publicamos aqui.
O terreno definitivo, onde o prédio foi construído, segundo o próprio arquiteto era um “sujo e mediocre terreno dentro de um bairro de negócios”.
Deve ter sido isso então. Eu lembro de ter visto os desenhos do arquiteto mostrando a vista imaginada para o gabinete do Ministro, é capaz que se referissem ao lugar original.
Nem sinal de arranha-céus no horizonte…
Uma beleza.
Uma fotografia absolutamente fantástica. Já foi para o arquivo.
O mais interessante da foto é que ao olhá-la parece que o seu autor clicou a cena de uma praça principal de cidadezinha do interior. Muito sugestiva.
Essas fotos do Harlley são muito bacanas.