Ipanema Clássica, últimos dias

 

 

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A legenda da foto poderia ser dada pelo mestre Ruy Castro, que tão bem escreveu e escreve sobre o bairro e seus personagens.
Nessa foto de 1973 vemos os últimos anos da Av. Vieira Souto clássica, ou seja, com basicamente sua urbanização que acompanhou a fase de maior crescimento do bairro.
 Criada nos anos 30 em substituição a do início do século que possuia até araucárias no canteiro central, que logicamente devem ter sido dizimadas pelo solo e pela inclemente maresia.
Maresia essa que provocava corrosão nos postes de ferro fundido de maneira tão rápida que as avenidas litorâneas de Ipanema e Leblon foram as primeiras a ganhar postes de concreto armado, no final dos anos 30, postes que vemos ainda de pé nessa imagem.
Na época da foto muitos dos coqueiros plantados sob a risca de Azevedo Neto já tinham perecido com a mudança do tráfego na via, desses hoje, só restam 3 ou 4 em toda a orla. O canteiro central, que possuia bancos e era usado como calçadão até os anos 50 já tinha tido seu uso desvirtuado pelo crescimento do bairro e pelo “descobrimento” da praia. Nessa época, inclusive, a orla já tinha ganho o calçadão junto a areia em toda sua extenção, revestido de cimento, algo que mudaria em menos de 2 anos. que tirou os pedestres de vez onde costumaram andar e ficar sentados apreciando o mar nos tempos que o bairro era um das opções baratas de moradia na Z. Sul.
Apesar do urbanismo ainda antigo, vários elementos “modernos” já tinham sido inseridos na paisagem urbana. Vemos mais a frente um sinal de trânsito, e seu respectivo poste, no padrão DETRAN-GB, uma placa de transito indicando a rota para o T. Rebouças e na esquina mais a frente um pirulito indicador de ruas.
O gabarito, civilizado de prédios de 4 andares, já estava sendo destruído na orla, primeiro com prédios de 8 ou 10 andares aprovados nos anos 60 e mais a frente com o hotel Sol Ipanema, altíssimo, na esteira da lei do final da década de 60 que favorecia estabelecimentos hoteleiros ocm gabaritos muito maiores que os bairros nos quais eram inseridos. Já na esquina com a R. Farme de Amoedo temso a terceira fase deste processo, com a construção de espigões, que, apesar de recuados em relação as ruas e descolado das divisas, feriam gravemente a silueta do bairro. Ipanema inciava seu inexorável processo de ocupação selvagem do espaço urbano, que durou todas as décadas de 70 e 80, mudando para pior o bairro. Hoje ele já dá sinais de esgotameto urbano em vários trechos, embora tenha pedaços relativamente preservados da sanha especulativa que varreu do mapa quarteirões inteiros.