Do arquivo da família comemoramos o fim do Carnaval com uma imagem de minha tia-avó Maria fantasiada de cigana. As minhas velhas tias adoravam carnaval, do corso de mocinhas, passando pelos bailes chiques dos anos 50 até ao desfile das escolas de samba, onde as 4 viravam a noite numa telefunkem de 27 polegadas, munidas de fartíssimo farnel para não perderem tempo na cozinha.
Mas porque comemorar o fim do carnaval, simples, pois a febre dos blocos, surgida há uns 6 anos atrás como a redenção do autêntico carnaval de rua fugiu do controle se transformando em mais um dos monstros da cidade.
A carta escrita por mim e publicada no jornal O Globo de hoje demonstra muito bem o que vem acontecendo, moradores reféns do caos que não foi provocado por eles. Blocos se proliferando igual baratas pela cidade, com a desculpa que outros ficaram muito grandes, fechamento injustificado de vias, irrigação das ruas por um rio de mijo, com a adução de um bando de mal educados que inclusive mijam encostados em banheiros químicos, sujeira e barulho, muito barulho.
Se antes os blocos faziam barulho por si próprios, como batucada e bandas de metais, hoje eles sucumbiram a “febre do portamalas”, que é o barulho amplificado por idiotas, portadores de amplificadores, subwoofer´s e cornetas. Todo o bloco, mesmo aqueles de 100 gatos pingados carregam a tiracolo um potente carro de som que azucrina os ouvidos de quem não quer brincar, lembrando que tem gente que não brinca porque é idosa ou doente e não é obrigada dentro de casa a ficar ouvindo a brincadeira, de péssimo gosto, dos outros.
Passar hoje pela Cinelândia é de dar dó, há uma pasta preta fétida, os meiofios com uma água marrom clara e o pavimento de ruas ocmo a Sen. Dantas colando. Isso depois com passagem de várias equipes da Conlurb.
Como eu disse na carta ao jornal, o poder público é medroso e não enfrenta os problemas muitas vezes com um simples não quando eles são pequenos, se omite, ou faz ações pífias e localizadas com um condão marqueteiro. É hora de parar de pensar no populismo fácil dos votos e pensar no bem estar da cidade, pois sem ela não há eleitores.