Nossa imagem do início dos anos 70 mostra o maior erro da política de remoções dos governos Lacerda e Negrão, o ônibus.
Os ocupantes das favelas removidas foram levados para locais de terra barata, certamente pensando-se no máximo aproveitamento do dinheiro disponível no orçamento para a construção de mais casas e conjuntos populares.
Seria tolerável que mesmo afastados dos seus locais de trabalho, pois um dos motivos do surgimento da favela é o mercado de trabalho próximo, os novos moradores dos conjuntos tivessem um transporte de massa de qualidade e farto, trens ou metrô.
Mas isso não aconteceu, conjuntos foram erguidos em regiões ermas e completamente desconectadas das redes de transporte de massa, sendo seus ocupantes reféns do transporte rodoviário e de seus meandros e implicações, típicos da nossa cidade.
Temos o caso da Cidade Deus, construída na divisa de Gardênia Azul, Taquara e Pechincha, numa época que o pedaço hoje tão central para a Zona Oeste, era uma terra vazia e sem vias de penetração. Os seus moradores ficaram reféns de uma empresa que atendia a demanda da área, quase rural, dispersa e pouco povada. Passando a atender um grande contingente populacional, isso sem que novas empresas fossem autorizadas ou mesmo impelidas pelo poder concedente a ali colocar linhas. O resultado é que se criou um monopólio de transporte no local, deixando os moradores sujeitos aos humores e trajetos, muitas vezes pouco lógicos de uma só viação.
Muitos perderam os empregos e outros a qualidade de vida, e o pior esse erro abasteceu o imaginário “cabeça” que a remoção de favelas é um absurdo e que as mesmas são intocáveis.
O resultado é que hoje sofremos com o crescimento desenfreado das favelas, fomentado pelo populismo estatal, que injeta a fundo perdido bilhôes de reais em projetos como PAC´s, Favelas Bairro, Cimento Sociais etc….. para deixar os moradores morando em uma favela, muitas vezes em áreas que contrariam as boas noções de urbanismo.
Já as empresas de ônibus depois de pintarem e bordarem durante décadas, estão sofrendo a concorrência do que elas eram antes do governo Lacerda. As vans resultado da falta de transporte de massas sobre trilhos e da precariedade da distribuição das linhas de ônibus, já faliram diversas empresas de ônibus, embora o lobbie de seu empresariado ainda é forte como podemos ver pela resitência a todas as tentativas de se corrigir os graves erros do transporte rodoviário em nossa cidade; teimosia e cegueira ibérica, é o que parece.