Nossa imagem de hoje é um postal aparentemente do início dos anos 50 mostrando a Av. Pres. Vargas na região da Candelária.
Por ser o ponto de maior valor fundiário e interesse especulativo da nova avenida, foi o que primeiro formou o urbanismo imaginado pela prefeitura de Henrique Dodsworth, com muitas características, pioradas, do Plano Agachge do final dos anos 20 e que teoricamente tinha sido abandonado por Vargas como algo da velha ordem.
Vemos praticamente todo o conjunto subindo mais ou menos junto em vários estágios de acabamento, mas enquanto do lado que vemos, à direita da imagem, se resolvia urbanisticamente de forma rápida, o lado esquerdo, em primeiro plano, que ocupava partes do leito da desparecida Rua Gal Câmara, mantinha cicatrizes e velhos prédios, e é até hoje uma das partes mal resolvidas da Av. Pres. Vargas com uma empena cega bem na lateral da igreja.
Possivelmente a razão para isso fosse o alto valor dos prédios nesse pequeno pedaço do Centro, que na época da construção da avenida abrigava o poderio financeiro do país, abrigando quase todos os bancos importantes, corretoras e escritórios de advocacia especializados. O pequeno quadrilátero entre as ruas Primeiro de Março, Alfandega, Buenos Aires e Gal. Câmara, tinha essa tradição desde os tempos coloniais, quando era o centro da Freguesia da Candelária a mais próspera e valorizada da cidade, e que até hoje em seus velhos prédios e edifícios de 12/13 andares dos anos 20 marca essa tradição.
Com o alto custo dos imóveis e logicamente o poder político de seus proprietários a PDF não teve a liberdade de passar o rolo compressor como fez nas áreas operárias da praça XI nem da região dos pequenos comerciantes da região da Rua da Alfândega.
Essa é a razão de alguns prédios terem permanecido, como a Herm Stoltz, e esse na esquina da rua Primeiro de Março, praticamente debruçado da rua ( podemos ter uma idéia de quanto, pois o poste de iluminação fica atrás da linha da fachada ) e que só seria demolido nos anos 60.
Com esse era um pedaço pouco movimentado da avenida foi usado como uma grande área de estacionamento até os anos 70, quando a região foi urbanizada, ganhando a Praça Pio X.
É o trecho mais “palatável” da Av Pres. Vargas, talvez justamente por ter a Igreja quebrando-lhe a monotonia da grande e árida linha reta da Avenida.
Derani, acho que muito mais do que o largo da Candelária, o que tornou este ponto mais palatável foi a proximidade com a Rio Branco, ou seja, o centro finaceiro e comercial.
Só mesmo arquitetos “modernistas” para construir esses prédios medíocres ao lado da bela Candelária. Francamente.
Acho que a av. Pres. Vargas só teve um mérito: destacar bem a bela Candelária.
Mas o preço que se pagou para isso, derrubando a esmo muita coisa que deveria ter sido preservada, não compensou
E pensar que o Cesar Maia, em sua primeira administração, pensou em usar tecnologia européia para girar a Igreja da Candelária e deixá-la de frente para a avenida.
Árido, muito árido.