Nessa imagem vemos um bonde completamente lotado durante a Segunda Guerra Mundial.
Além do tumulto para embarcar no carril temos uma idéia da alta mobilização de tropas nesse período na então Capital Federal, aparentemente quase todos os fardados são do exército, mas talvez alguém mais versado em fardamentos possa elucidar com mais certeza de que força eram os militares.
Com o racionamento de combustíveis durante a Guerra os bondes viram o seu último grande “boon” de passageiros até sua desativação nos anos 60, pois o racionamento em determinados momentos era tão abrangente que deixava muitas vezes grade parte da frota de ônibus da cidade, ainda movida à gasolina parada nas garagens, deixando então o velho carril como única e confiável opção de transportes.
Os bondes chegaram a transportar 703 e 709 milhões de passageiros em 1944 e 45 respectivamente, isso sem contar os milhares que viajavam nos estribos, sem pagar, e os desvios praticados pelos condutores, o que eram folclóricos na cidade. Enquanto isso a frota de ônibus decrescia mais de 30% acumulado nesse período, sem contar que grande parte da frota não conseguia circular ou circulava precariamente em ônibus movidos a gasogênio.
Os ônibus antes da Guerra respondiam por uma nada descartável parcela da população por eles transportada, em torno de 13,5 % em 1940, isso dava mais de 108 milhore de passageiros por ano.
A Light que já sofria reclamações desde 1933 pela falta de capacidade de seus bondes, e que vinha contraditoriamente travando uma briga de foice com sua Viação Excelcior face as dezenas de pequenas e médias empresas de ônibus na cidade, aparentemente tinha posto seus carris mais ou menos de lado, não obstante as medidas moralizadoras do sistema implementadas por Pedro Ernesto, que rapidamente se esvairam no autoritarismo do Estado Novo.
O resultado foi que quando os ônibus tiveram que se recolher, na crise de combustíveis, os bondes que já estavam com a oferta e demanda afetadas simplesmente não deram conta de todos os novos passageiros que para ele ocorreram, criando uma grave crise de transporte público que durou até o início dos anos 50, onde a cidade perdeu a chance de inciar já naquela época um moderno sistema de transportes sobre trilhos, modernizando os bondes e construindo um metrô.
Foto: National Geographic