Nesse anúncio de 1950, pinta-se a região da Barra com muito mais infra-estrutura que ela tinha à época, Tijucamar e Jardim Oceânico ainda surgiriam nos próximos anos com a construção da primeira ponte, nessa época a área de restinga da Barra era de acesso precário.
Vamos ao anúncio:
Mais un grande empreendimento da Sul América Capitalização SA
“JARDIM DA BARRA”
( Barra da Tijuca, em frente eo Itanhangá Golf-Club )
Cenário deslumbrante- o oceano e as majestosas montanhas da Gávea de da Tijuca
Magníficos terrenos em zona de valorização rápida
Financiamento para construção – ( tabela price )
-Água límpida e abundante da Serra da Tijuca
-Força elétrica, luz e telefone
-Panorama grandioso e ar puro do mar e da floresta
-A 50 minutos do Centro da Cidade
-Estradas de primeira ordem, que conduzem ao Leblon, ao Alto da Boa Vista, às Furnas da Tijuca e Jacarepaguá
-Lotes com área mínima de 1.000 metros quadrados, situados na parte plana, e em nos suaves declives que iniciam os contrafortes da Serra da Tijuca
-Urbanização moderna, ruas macadamizadas a pedra britada e betume, e calçadas a paralelepípedo
-Saneamento- Canalização de águas pluviais
-Brevemente também servido pela nova estrada litorânea e pela nova Estrada das Furnas que atravessam os terrenos, ambas em construção.
Tratar na sede social da
SUL AMÉRICA CAPTALIZAÇÃO SA
Rua da Alfândega 41-quarto andar- Edifício Sulacap ou no local, casa grande, no alto
Como podemos perceber o lugar que era vendido era a região do Itanhangá, perto do acesso ao Alto da Boa Vista, o nome desse loteamento se perdeu com o tempo, ao contrário dos outros trechos pioneiros da Barra, que mantem o nome de seus loteamentos até hoje.
Vendia-se facilidades, que deveriam ser precaríssimas, como telefone e força, num local sem estação telefônica e que tinha a sub-estação de energia mais próxima no Alto da Boa Vista.
Como curiosidade é mencionada de forma indireta a construção das duas novas estradas, na realidade retificações dos velhos traçados da Estrada de Jacarepaguá com prolongamento no contorno do Golf-Club, bem como a execução das variantes da Estrada de Furnas, ambas feitas na época pelo DER-DF.
O macadame já tinha se mostrado pouco utilizável no Rio, com as experiências de Passos, já na década de 30, as ruas com esse pavimento na Zona Sul já eram asfaltadas, talvez explique a razão de nos anos 80 e 90 várias ruas dessa região fossem solos lunares com pouquíssimos vestígios de calçamento.
Mas sem dúvida era um paraíso e o foi durante os anos 70, quando um grande número de residências e casas de veraneio urbanas foram construídas, expanção essa que entrou pelos anos 80 e início dos anos 90.
Hoje ainda se constroi, mas mais barracos do que casas nessa região. O crescimento acelerado da Barra, e sua constante necessidade de absorver mão de obra, aliado ao precário transporte de massa, está fomentando a criação de um grande número de favelas nos “fundos” do bairro “emergente”. E infelizmente essa belíssima região de montanha e lagoa é uma das mais pressionadas.
Podemos contar 6 favelas, só na região do Itanhangá, todas ainda de pequeno porte e transformadas em condomínios fechados controlados por milícias. O material de construção que é carreado após fortes chuvas para as vias principais indica que elas estão em franca expansão, chegando o dia que a classe média alta será expulsa da região.
Comments (11)
Uma pena a degradação de mais uma região.
Quanto ao anúncio, nada como dourar a pílula para vender…
Compro tudo, compro tudo!!!
E dizer que nos anos 70 pesquei várias vezes nas límpidas águas da Lagoa de Marapendi… era tudo mato.
50 minutos do centro?!?!?!?!! Só nessa época mesmo!! Hehehehehe…
Esse papo que a ausência de transporte de massa é motivo para se fazer favelas, só mesmo aqui no Rio de Janeiro. Os subúrbios são atendidos por uma extensa rede de trilhos.
As favelas são construídas mais por oportunismo do que necessidade. É mais um problemna culltural, idiossincrásico, reflexo do espírito de parte da população, do que econômico. Pois o Brasil, apesar de todas as sacanegens é um país de oportunidades e com imenso território. Mas os que se fazem de vítima preferem viver nessas condições. Depois a culpa é minha.
excelente registro!
quem poderia imaginar como seria hoje!!!!!!
PS: que coincidência, ein?
hahah
bjs
/arcadiano, respeito seu ponto de vista, mas há trilhos na Barra ou em grande parte da Zona Sul ???
Esse sem dúvida é um dos motivos urbanísticos mais plausíveis para as favelas serem construídas, já os socilógicos passam por muito do que vc falou !
A maior favela da cidade (complexo do Alemão) foi construída junto à linha da Leopoldina, com farta condução para o centro.
Tem muito gente que gosta de se fazer de vítima. Muito fácil colocar a culpa de sua mediocridade no governo.
Morar longe não é o fim, mesmo a dita elite mora na Barra da Tijuca, há engarrafamentos de distância … Também em Paris muita gente mora longe, e nem por isso a cidade se tornou impraticável.
E outra, quando as favelas surgiram havia farta condução de bondes (sem engarrafamento !) para toda a cidade. O Rio de Janeiro nessa época era uma das melhores cidades do mundo servidas pro bondes, por sinal.
E mais, quando as favelas na cidade cresceram, cidades do interior se enriqueciam com a terra lavrada, como nas cidades do interior do Paraná e Goiás entre tantas outras … em condições muito mais difíceis, sem estradas, sem escolas, sem até auxílio espiritual …
A favela só cresce por que muita gente lucra com isso. Precisa relacionar ?????