Nossa foto de hoje mostra um tecido urbano muito modificado, no qual dos prédios que aparecem na foto só dois sobrevivem, o mais antigo e o mais moderno.
Ela mostra a região do Calabouço nos anos 50, antes da construção do Perimetral, onde com modificações o urbanismo ainda era o criado para Expo de 22.
Em primeiro plano vemos o prédio do Museu Histórico Nacional, situado na antiga Casa do Trem do Arsenal de Guerra, a velha Casa do Trem é mais um dos projetos do homem que deu à cidade importantes marcos coloniais, o Gov. Gomes Freire, o Conde de Bobadela.
O prédio manteve seu uso bélico até o início do séc XX, sendo completamente reformado e modificado para feições neo-coloniais, tendo partes demolidas, principalmente na parte do Arsenal e ganhando um acrescimo de uma grande torre nas ruínas do Forte do Calabouço. Tudo para o velho prédio se transformar no Pavilhão das Grandes Indústrias. Curiosamente dentro do pavilhão o núcleo do MHN foi criado em duas salas, e que com o passar dos anos foi ocupando todo o complexo.
Na foto o prédio ainda está com as características das deformações sofridas na reforma neo-colonial, nos anos 70 praticamente todos os excessos foram retirados, e a fachada prospectada, tendo vários dos elementos coloniais originais surgido e podendo ser restaurados.
Logo atrás do prédio do MHN, vemos o antigo Pavilhão dos Estados, construído para a mesma exposição, e sendo repassado depois para o Ministério da Agricultura, tendo sido burramente demolido na mesma época do Palácio Monroe, na década de 70.
Ao rés do chão, em média distância, vemos a torre de número 1 do Mercado Municipal, demolido poucos anos depois de tirada essa foto, para a passagem do Perimetral, demolição e destruição, pois o mercado era todo em estrutura metálica pré moldada e poderia ter sido no mínimo reconstruído em outro local, ou então o projeto do viaduto ter sido feito de maneira mais inteligente.
No horizonte, vemos fechando a foto o Edifício Estácio de Sá, construído praticamente isolado no meio das ruínas do Bairro da Misericórdia no final dos anos 40, mas só ocupado no início dos anos 50, para abrigar a Prefeitura do Distrito Federal e suas repartições, desalojadas do prédio histórico no Campo de Santana quando da abertura da Av. Pres. Vargas. Mas o prédio nasceu como um caro arremedo, pois Reidy já tinha projetado 3 grandes prefeituras para o Distrito Federal, em vários terrenos hoje abandonados do Centro que foram desapropriados para esse fim, tendo sido nenhum deles executado.
O resultado é que já nos anos 50 o prédio já não conseguia centralizar as repartições municipais que se espalhavam pela cidade. Com a fusão o prédio passou para o Governo do Estado e hoje como o resto da máquina estadual é uma quase ruína, um mafuá do serviço público, que abriga desde PG’s da Procuradoria do Estado, Núcleos da Defensoria Pública e entidades assitenciais ainda do tempo dos “inhos” passando por repartições da Fazenda. Por muitos anos o prédio figurou no rol dos prédios mais perigosos em risco de incêndio e evacuação pelo Corpo de Bombeiros.
A rua onde o caminhão passa não existe mais, transformada num jardim nos anos 70, hoje é uma praça gradeada.
Comments (9)
belíssima foto!
…ver certos prédios fantásticos demolidos a troco de nada, revolta , não?
bjs e bom dia!
A cidade gradeada.
Grades!
Devia ter sido proibido modificar qualquer coisa no centro a partir de 1940. Depois disso só estragaram tudo.
mais um angulo para se observar detalhes, muito bom.
http://www.flickr.com/photos/8264320@N04/
Dá a impressão que a foto foi tirada já de cima da rampa da Perimetral. Logo atrás do caminhão está o portão do museu.
Essas alterações neocoloniais no MHN ainda sobrevivem no trecho virado pro terreno do Detran, será que foram preservadas de propósito?
O pobre bairro da Misericórdia foi destruído, praticamente varrido do mapa sem dá nem piedade. O que sobrou foram restos aqui e acolá. Um prédio, um beco, um pedaço de ladeira, um pedaço de rua. Que Carma !!!!
Amigos, no MHN ainda existe um calabouço, que devia ser a pisão do forte. Uma escadaria leva até o fundo, onde não se vê mais nada depois que a porta é fechada. Coitado de quem passou por lá.