O prédio em questão era o velho Convento do Carmo, sem dúvida o prédio mais velho de nossa cidade, logicamente descontando reformas e ampliações ao longo dos séculos.
Mas, na época de nossas fotos, construções no Morro do Castelo eram mais velhas do que ele e seu vizinho Paço Imperial.
Construído como hospício para os Irmãos do Carmo em 1619, anexo à ermida dedicada a Nossa Senhora do Ó, já trocada para devoção à Nossa Senhora do Carmo, num tempo que o mar ainda batia em suas janelas, o convento ao longo dos anos foi ganhando usos distantes do religioso.
Com a chegada da família imperial em 1808, os religiosos foram despejados e o prédio, ligado ao Paço, à Cadeia e a Igreja do Carmo por passarelas elevadas, sendo destinado à guarda da Biblioteca Real, trazida junto com D. João VI e embrião da atual Biblioteca Nacional, bem como da D. Maria a Louca, sede do Real Instituto de Física e pasmem um galinheiro, onde se criavam os famosos franguinhos imperiais de D. João VI, na realidade era a Ucharia Imperial ( depósito geral de alimentos ), que pelos hábitos alimentares do monarca virou um grande galinheiro.
Em 1840, já sobre o Império de Pedro Segundo o velho convento viu fundado em suas dependências o IHGB, que funcionou aí até a República em 1896, o prédio ganhou a fachada eclética que vimos na foto de ontem em 1907, logo após as reformas de Passos, sendo ele mais um dos exemplos da substituição do colonial pelo eclético.
Logo depois o prédio foi repassado ao Banco do Brasil, que montou departamentos em suas dependências e que a partir dos anos 40 vislumbrava demoli-lo para construir sua nova sede, o prédio ficou em compasso de espera em agonia até o início da década de 70 quando foi ocupado pela Academia de Comércio, embrião da atual UCAM, e restaurado seguindo a fachada colonial na metade dos anos 70.
Na foto de hoje, tirada talvez pouco antes das reformas ecleticizantes, reparem o quisoque está no mesmo lugar nas duas fotos, vemos que em comparação a fachada restaurada de hoje, existiam diferenças, a mais marcante na fachada lateral virada para a Rua Sete de Setembro, que ainda guardava cicatrizes do passadiço que a ligava a Capela Imperial na Igreja do Carmo.
Comments (9)
Quanta informação,riqueza de conhecimento,verdadeira aula de História. Parabéns.
Parabéns André,assim fica fácil conhecer a história de nosso Rio. É emocionante e como os costumes mudam..
Marmelada !!!!!!
E os religiosos foram despejados permanentemente… nunca mais voltou para a mão deles.
Pois é, apostei sem muita confiança, custei a acreditar que o prédio tinha sofrido uma transformação tão profunda. A fachada eclética durou até os anos 70? O casarão ficou abandonado?
Eu imagino algo parecido feito na Cinelândia. Imaginem aqueles dois espigões espetados no Quarteirão Serrador “aparados” e revestidos com fachadas decô-ecléticas como seus vizinhos…
eu só queria dormir e acordar nessa época…só isso, mais nada.
que lindo…ainda bem que as tentativas para demolí-lo foram frustradas e hoje ainda podemos não só falar a respeito do prédio, como também visitá-lo (pelo menos do lado de fora). Obrigado André