Nessa foto tirada em pleno “bota abaixo” vemos a região do antigo Largo da Mãe do Bispo, na época já renomeado para Praça Ferreira Vianna, focado da Ladeira do Seminário no Morro do Castelo.
A foto mostra com muita clareza as demolições do precário casario que existia onde hoje se ergue parte do Teatro Municipal, alguns desses imóveis já estavam praticamente arruínados antes de serem postos abaixo.
Vemos a chegada da antiga Rua dos Barbonos, renomeada de Rua Evaristo da Veiga no largo e seu encontro com a antiga Rua da Guarda Velha, hoje Treze de Maio. Quase no vértice da esquina das duas ruas podemos notar a torre da Igreja Anglicana, que tinha aí seu templo, depois nos anos 20 transferido para Botafogo, em outro prédio praticamente igual a esse.
Na base da foto vemos os entulhos dos prédios que ficavam junto às fraldas do morro e que acabavam de ser demolidos, o “eixo” da avenida ainda não chegou nessa parte das obras, porque ainda era necessário desbastar um bom pedaço das encostas do Morro do Castelo, inclusive o mirante temporário onde o fotógrafo estava. No meio dos destroços também podemos vislumbrar o traçado da velha Rua da Ajuda, estreitíssima, embora à época fosse uma das principais da cidade.
Ao fundo vemos o Morro de Santo Antônio, tomado por mato e construções precárias, quase favela. Era engraçado que os dois morros, tão próximos, tivessem tido no mesmo período histórico ocupações tão distintas, o Morro de Santo Antônio, ao contrário do Castelo, nunca foi densamente ocupado e nunca teve prédios de monta, exetuanto-se o convento que está até hoje nos restos de uma das suas fraldas, e um ou outro prédio público construído no final do séc XIX início do séc XX.
Comments (19)
Puxa, obrigado pela lição. Nem imaginava ter havido isto tudo aí.
Essa região, com ponto de vista parecido (focando o Municipal e a esquina de 13 de Maio com Evaristo da Veiga) já apareceu algumas vezes nos fotologs, a última foi esta foto do JBAN publicada pelo AD mostrando a região em 1979:
http://fotolog.terra.com.br/sdorio:170
a foto é de número 170.
Não tenho dúvida de que a região ficou muito mais bonita poucos anos depois desta foto.
http://fotolog.terra.com.br/luizd
Realmente seria inabitável esta parte do Rio se não tivesse havido o bota-abaixo…
A diferença de ocupação dos dois morros talvez tenha sido devido ao fato de que o Morro de Santo Antônio era um arrabalde no Século XVII, quando o Morro do Castelo já era povoado (desde o Séc. XVI). A cidade então desceu o Morro e se implantou no baixio entre o Catelo e São Bento, somente avançando para “dentro” com a dissecação de lagoas e aterro de pântanos. No final do século XVII quando a cidade chega próxima à Santo Antônio, a várzea já estava sedo ocupada e não havia interesse de se ocupar o morro.
Isso é um teoria.
Acho sua teoria correta jban,havia muito o que ocupar e avançar.Andre, babei com esta foto,é a primeira vez que eu a vejo publicada,mais um pouquinho e teremos um panorama 360 ao estilo Meireles.
Às vezes eu imagino, que se o Rio tivesse um crescimento mais “europeu”, o Centro seria em São Cristóvão e a “cidade velha” colonial existiria até hoje, nos moldes de Paraty.
A Evaristo da Veiga chamava Rua dos Barbonos por que ? O convento era de Capuchinhos ?
E ainda por cima tem uma Igreja Anglicana na parada.
É que o apelido da tropa que ocupava o hoje QG da PM, na realidade uma guarda urbana embriã da atual corporação era o de Barbonos
Na verdade, antes do Quartel, existia no local um Convento dos Barbonos…. Aprendi essa neste final de semana em uma publicação assaz interessante….
Amigo Andre, aquele telhado no meio da foto, seria da fabrica de chocolate?
até eu que sou um apreciador declarado das construções coloniais portuguesas, concordo que reformas eram necessárias, pois questões higienicas e até pelo mal estado de conservação de alguns prédios. Porém, salvaguardando os benefícios das reformas de Passo, na verdade, estamos lidando com escolhas, só isso. Não havia, como não há nada inevitável. O que ponho em dúvida é a ideologia do projeto das reformas, o desrespeito e a inadequação, pois a cidade já existia e isso nem foi levado em consideração.E as pessoas? Quantos foram os desalojados? Quantos lutaram por indenizações na justiça e nada conseguiram? Aliás, senhor derani, quem HABITA a Av. Rio Branco?
Perdoem o meu destempero
com todo respeito
Hoje é o Bola Preta que ocupa esta esquina à esquerda?
Viva a história…..\o/
Dexteram, a Rio Branco foi criada como uma via negocial, ou seja residências não eram o foco principal, apenas dois prédios residênciais foram construídos, o Casa Mauá e o Lafond, curiosamente nos 2 extremos da avenida, o casa Mauá rapidamente e expontâneamente teve seu uso mudado, e o Lafond foi substituído pelo São Borja, que apesar de não ser um palacete era um edifício misto
Concordo que deveria ter sido pensado com mais cuidado e planejamento o alojamento das pessoas que eram exploradas pelos proprietários dos cortiços e ruínas chamadas de estalagens, esse foi o grande erro, vilas proletárias deveriam ter sido construídas na Cidade Nova e nos bairros suburbanos atendidos pelos carris e pelos trens, mas isso foi feito de maneira tímida.
Em breve mostrarei mais algumas iniciativas, além, da Villa Arthur Sauer, mas antes tenho que desencaixotar meus livros e revistas
Aqueles 2 quiosques no centro da foto vendiam aguardente e fumo.O chão ao redor do dito era sujo e extremamente sujo por cusparadas dadas pelos fregueses. Eram um grande problema de saude pública.
Os ditos quiosques sempre aparecem em fotos desse mesmo local e foram os últimos a tombar pelo visto.
http://fotolog.terra.com.br/sdorio