Ela mostra a Lapa clássica, com seu traçado pós Passos e que foi um dos templos da boêmia, malandragem e da boa música popular na cidade por muitas décadas.
Na parte inferior temos o traçado estreito da antiga Travessa das Belas Noites, hoje chamada de Rua das Marrecas, nome bi-centenário o qual se tentou trocar diversas vezes ao longo dos sécs. XIX e XX sem êxito, hoje o principal motivo deste nome não mais existe, que era o Chafariz das Marrecas, localizado no encontro desta com a Rua Evaristo da Veiga, infelizmente ele já estava demolido na época desta foto, para a ampliação do QG de polícia.
Vemos também na esquerda inferior um naco do Passeio Público e sua densa vegetação. Mas é na metade da altura de nossa imagem, ainda na extrema esquerda que começamos o tema principal do post de hoje.
Vemos ali o Grande Hotel, na esquina com a Travessa do Mosqueira, depois de reformas nos anos 50 o prédio abrigou o cinema Colonial e hoje é a Sala Cecília Meireles, no centro do Largo da Lapa vemos em destaque o Lampadário da Lapa, a estação de bondes só seria construída poucos anos à frente de nossa imagem, embora ali já existisse refúgios para os passageiros dos carris.
Mas é por de trás do largo que podemos ver o tecido urbano da Lapa antes do Arcos, como era até a absurda demolição dos anos 70, os dois quarteirões triangulares que vemos, primeiramente englobando o entre o Largo da Lapa, a Rua Visconde de Maranguape e a Av. Mem de Sá, e o segundo englobando Av. Mem de Sá, Rua do Passeio e rua dos Arcos foram varridos sem nexo nos anos 70, com a desculpa de se dar mais visão aos Arcos e usando-se o projeto do Plano 1000 da década de 40, que já tinha sido posto de lado pelo Governo Carlos Lacerda por ter se entendido que ele seria extremamante danoso ao comércio e urbanismo do Centro, só ficando a ser realizada a parte referente à Esplanada de Santo Antônio.
Essas demolições somadas a outras realizadas no passado, como contemporâneas e até as dos anos 80, quando foram obstadas pelos protestos da demolição da Fundição Progresso, aceleraram a decadência da região. Que provocou o desaparecimento de outros inúmeros imóveis destruídos pelo abandono, invasões e incêndios seguidos de desabamentos que provocaram os inúmeros vazios que temos na região. Região essa que apesar do renascimento a partir dos anos 90 ainda guarda muitas cicatrizes desse período.
Mas infelizmente o grande vazio feito na frente dos Arcos foi uma mutilação que até hoje não cicatrizou a árida esplanada criada, além de desconectar a Lapa do Centro urbanisticamente é extremamente desconvidativa à presença humana, que a transforma em terra de ninguém, ocupada por desocupados e marginais, o pequeno anfiteatro criado ali no início dos anos 90 é um pequeno sopro de atividades e presença sadia no local, mas sua presença é tímida numa área tão grande.
Indo um pouco mais para a direita da nossa imagem vemos os Arcos, é interessante notar que ainda só havia uma das arcadas duplas aberta, a da Rua dos Arcos, anos depois uma outra seria aberta na passagem da Rua do Riachuelo e da Av. Mem de Sá, no qual vemos seu encontro no quatrande direito superior da foto. Essas arcadas duplas seriam fechadas por Carlos Lacerda que promoveu a primeira grande restauração dos Arcos da Lapa, voltando-o para seu formato colonial.
Na parte esquerda superior vemos a subida para Santa Teresa e no extremo esquerdo também superior temos grande parte do convento que de nome ao simpático bairro carioca.
Comments (17)
Esse sim, foi o verdadeiro bota-abaixo.
Concordo, demolição sem nexo…
Que foto!!! linda, desta vez tiram a HISTÓRIA para implantar um vazio… sem palavras.
Também compartilho de seu amor pelo Rio Antigo.
Na foto existente no site flickr há um comentário seu sobre o prédio do Silogeu que não corresponde à realidade.
O prédio com palmeiras à frente é o da Escola Carmelitana Santo Alberto, onde eu fiz meu curso primário.
Do prédio do Silogeu só se vê a parte superior atrás do prédio da Escola.
De qualquer forma parabéns pelo seu trabalho.
MARCO ANTONIO
[email protected]
Voce tem uns comentarista meio esquisitos por aqui…
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Domingo tem uma expo de carros antigos e velhos lá em Itaipava. De repente, se voce estiver por perto, poderá ser um programa curioso…a cultura indígena é sempre uma curiosidade para nós, simples urbanos.
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O evento será na loja Itapneus, próximo ao Chópingui Vilarejo.
Eu estarei lá na parte da manhã.
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esse tipo de absurdo só acontece pela prática comum no Brasil da apropriação dos cargos públicos. Aqueles que deveriam representar a população, representam sim seus própios interesses, somada a extrema passividade das pessoas com relação a essas atitudes estúpidas e lamentáveis…
…e só nos resta a nostalgia desta linda foto, parabéns André
Aprende-se muito por aqui.
Eu presenciei os desabamentos na Rua dos Arcos,na enchente de 1966 e foram consequencia do abandono total já naquela época.
A fotografia é um exercício fundamental da criatividade. Torna-la possível através das páginas do fotoblog é uma maneira de revelar o gênio da criação. Caminhos que nos levam a apreciarmos a beleza que esta na intimidade das pessoas. Essa beleza desenhada através de formas, luz e cor. Resumindo, arte fotográfica. Da simplicidade à maioridade da estética visual. Parabéns pelo trabalho.
Olhando essa foto dá vontade de chorar !!! Quanta merda já se fez em nome do “progresso”…
Me manda esta em alta definição, cumpadi?
A ultima referência esquerda superior, acrescentaria que ali fica a atual escada que está se tornando mais conhecida como Selaron, devido ao trabalho do Chileno de revesti-la com cerâmica.
Nota-se que a área à direita da escada ainda não havia sido edificada, agora tem uma casa ao lado da outra em toda a subida.
Olhar a escada de baixo ou de cima é muito bonita a aparência plastica dos ladrilhos e cerâmicas aplicadas.