Na foto vemos o acesso para a velha Fábrica Aliança, conhecido como Rua Aliança. Fechando horizonte vemos o imponente pórtico da fábrica.
A fábrica de tecidos foi uma das maiores do Brasil à sua época, tendo contado com mais de mil funcionários, e foi fundada nos anos 80 do séc XIX, tendo sido fechada em 1937. Com o fechamento da fábrica o enorme terreno foi transformado num loteamento conhecido como Jardim Laranjeiras, o responsável por isso foi o último proprietário da manufatura, Severino Pereira da Silva, que certamente vislumbrando o alto valor fundiário das terras onde a fábrica se encontrava achou melhor negócio encerrar as atividades industriais e iniciar as imobiliárias.
O conjunto edificado mais marcante do novo loteamento é o conjunto de prédios ao longo da Rua General Glicério após a praça Jardim Laranjeiras, são edifícios altos afastados um dos outros, deslocados de junto da via pública por jardins e acessos para carros e já com forte flerte no modernismo, resultado do projeto de alinhamento do arquiteto Washington de Azevedo, as demais ruas foram loteadas com os lotes livres. Curiosamente o Jardim Laranjeiras como um todo lembra muito o urbanismo de outra região da Zona Sul que era urbanizada mais ou menos ao mesmo tempo, que é o Bairro Peixoto em Copacabana, na tipologia dos prédios originais das ruas Estelita Lins, Prof Ortiz Monteiro e Belizário Távora, como na arborização original composta por sombreiros (mortos nos dois lugares por uma praga de pulgões ) e no mobiliário urbano original.
A lembrança deixada da enorme fábrica que existia no local é o conjunto edificado na Rua Cardoso Júnior, com casas que faziam parte da vila operária da Companhia Fiação e Tecidos Aliança, como aliás acontece em vários lugares da Zona Sul, onde as vilas operárias são as guardiãs de um pouco conhecido passado industrial de vários caros endereços.
Comments (16)
Interessante observar como era aquele local.
Existe um outro conjunto um pouco mais abaixo na R das Laranjeiras que o Arquiteto não observou esse afastamento, mas que se tornou também curioso construtivamente, pois praticamente não foi prevista calçada, entra-se no meio dos dois caixotes construidos, mas são harmoniosos por serem baixos e procurados para moradia pois são espaçosos os AP, se não me engano é chamada vila dos franceses, seria isso mesmo? Desculpem se não for esse nome.
:))
Caro Andre, muito grato pela lembrança ! Minha mãe vai gostar muito da imagem da tão falada fábrica.
Sempre que houver algo interessante sobre Laranjeiras/Cosme Velho, por favor nos dê o
prazer de ler a respeito. Tenho particularmente muito carinho por esses bairros 🙂
abs
Marcelo
– Como ? Em Laranjeiras ? — perguntou aqui o incrédulo idiota.
E, pacientemente, ele me explicou o lugar da fábrica que bate direitinho com que o Dr. Decourt explicou agora.
Confesso que levei anos para aceitar que Laranjeiras já tivera uma fábrica de tecidos. Para mim isso era coisa de Vila Isabel e Bangu.
Foi a época da “Revoluçao Industrial Brasileira”.
E a maioria eram de tecidos.
Na Gávea também não tinha uma?
Derani, havia na Gávea e no Jardim Botânico. Na Gávea aliás até os anos 70 haviam industrias, inclusive farmaceuticas
Que lindo prédio. Outras épocas.
É verdade, na Gávea havia, nos anos 70, a Sudamtex.
Acho que já contei isso aqui no bar mas vou contar travêis.
Um dia, meu patrão me contou que a Sudamtex era uma das empresas “legais” da Máfia italo-americana. Claro que ri. Imagina, Máfia americana… tás de sacanagem.
Um dia tive que fazer uma reunião lá e o que me aparece como presidente da empresa ? Um cara com a cara, o cabelo e o terno do Andy Garcia.
Sestroso, sorridente, bem falante.
Se nome: Jerry Della Barba.
Belo dia a Sudamtex, vendeu a fábrica, pagou tim tim por tim a todos, inclusive operários e desapareceu do mapa, silenciosa como uma caravana no deserto.
Vidas.
Um advogado conhecido aqui do Rio, já falecido, fez fortuna defendendo (e sendo laranja…) desse pessoal da Sudamtex (não sabia o nome, apenas sabia que era na Gávea) até o início dos anos 80.
Lembro da Sudamtex e de empresas farmacêuticas com seus galpões na Gávea.
Este empreendimento da General Glicério, quando foi projetado, previa um túnel de acesso a Botafogo. A praça seria uma passagem, e não o calmo “fim-de-linha” que acabou sendo. Tenho em algum lugar uma arte com a concepção do bairro com o túnel (vista aérea), mas já procurei algumas vezes a não consigo achar.
Na Gávea, ficava também a saudosa Moura Brasil.
André quando vc comenta “Severino Pereira da Silva, que certamente vislumbrando o alto valor fundiário das terras onde a fábrica se encontrava achou melhor negócio encerrar as atividades industriais e iniciar as imobiliárias.” isto me faz pensar nos postos de gasolina que estão sumindo. Aliais eu tb faria o mesmo.
Quanto a fabrica de remédios na Gávea , era a Moura Brasil.
Meu bisavô trabalho nessa fábrica ,foi mecânico de maquinas,achei essas informações em documento encontrados dele no Arquivo Nacional.
Hj bato cabeça procurando por aí fotos antigas de operários e o livro de funcionários. Como pode tudo isso desaparecer nesta cidade?
Cidade cada vez mais sem memória,isso é muito triste…
Sou bisneta de um operário desta fábrica! Meu avô, hoje com 95 anos, morou nesta vila!! Ele ainda tem as lembranças desse tempo. Será incrível mostrar esta imagem para ele!
Meus pais trabalharam nessa fabrica. Meu pai faleceu em dezembro de 1983. Minha mãe ainda é viva e hoje está com 95 anos. Ficaria muito feliz de poder mostrar fotos da fábrica para ela. Onde poderei encontrar algumas memórias entre as décadas de 30 e 40. Obrigada
Iria de Sá Dodde
Por favor, poderia me dizer se o local das casas dos operários chamava-se Villa Alliança?