Vemos o hospital da Gamboa logo após os aterros da região para a construção do porto, a área ainda é dominada pelo capim que encobre os aterros ainda não muito nivelados, um pouco atrás vemos vestígios da velha linha do mar, do Saco da Gamboa, representados pelos trapiches agora abandonados e aguardando a demolição.
No topo do Morro da Gamboa vemos o conjunto do hospital e sua capela, o hospital constituído em 1853, com fins filantrópicos é hoje administrado pela Santa Casa de Misericórdia, mas a primeira unidade da região remonta há alguns anos antes, na casa de Saúde do Doutor Peixoto construída em terrenos considerados ventilados, isolados e com boa vegetação. Bons para o isolamento e recuperação de pacientes com doenças contagiosas, notadamente a febre amarela, que teve a sua primeira grande epidemia em terras cariocas no período de Dezembro de 1849 a Setembro de 1950.
A epidemia foi violenta, dos 166.000 habitantes da cidade atingiu 90.658 habitantes tendo 4.160 falecido, a epidemia vitimava de 80 a 90 pessoas por dia segundo estimativas do médico Pereira Rego. Houve nesse período também uma epidemia de varíola e outra posterior de Cólera Morbo.
O Dr. António José Peixoto fundou a primeira casa de saúde do Brasil, formado por Montpellier e Paris, teve muitas dificuldades para obter a autorização régia para a sua casa de saúde, em Agosto de 1840 ele requereu a primeira licença, solicitando apoio financeiro para o seu estabelecimento. Esse pedido foi levado à Imperial Academia de Medicina em 1841, que negou; na realidade reflexos de uma fogueira de vaidades entre os membros da academia e o Dr. Peixoto que com a sua competência e técnicas modernas vinha obtendo grande clientela inclusive em cirurgias de cálculos renais.
Superados esses obstáculos no final de 1841 a casa de saúde começou a funcionar num pequeno complexo de vários prédios no topo do Morro do Cal, hoje da Gamboa, dando frente para a praia da Gamboa e acesso pela rua homônima. Em 1852 com vários melhoramentos e amplos e novos prédios o estabelecimento era tão eficiente e moderno que o contra-almirante Dessoin, comandante em chefe da estação naval francesa no Brasil deu a ele o título de “Maison de Santé de la Marine Française”.
Em 1853 após as graves epidemias a Junta Central de Saúde, “requisitou” a casa de saúde do Dr. Peixoto, para ser a segunda enfermaria e emergência da cidade para doentes contaminados pelas epidemias que grassavam pela cidade, tendo seu nome mudado para Enfermaria NS. Da Saúde.
O hospital continua na ativa até hoje, apesar de pelo menos por fora suas instalações se mostrarem um pouco degradadas como toda a região no entorno.
Agradeço ao Dr. Heyder Gomes de Mattos e José Caruso Madalena pelas informações históricas compiladas
Comments (14)
Não tenho ideia onde é esse hosp.
Realmente nessa época algumas violentas epidemias de febre amarela atingiram a imunda e asquerosa capital. Só a partir da segunda ou terceira (não tenho certeza) é que as autoridades começaram a se conscientizar sobre a destruição de cortiços (imagina cortiços em predios coloniais) e a construção de vilas de diversas categorias. Canalização das águas, alguma rede de esgoto, etc.
Excelente registro. Não sabia deste hospital também.
Se não tivessem feito todos os aterros que fizeram na cidade, hoje seria impossível circular, mesmo se não houvessem tantos carros.
Continuo não tenho idéia de onde fica esse hospital. Vou ver se São Google Earth me responde…
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
Ele continua igualzinho ,a única modificação é o desgaste feito pelo tempo e descuido.
Toda vez que chego de sp e passo pela perimetral meus olhos se voltam para ele e fico imaginando a riqueza de histórias que guarda.
Também nessa região da portuária a antiga fábrica de chocolates Bhering chama a atenção
Belíssima foto!
Já localizei… fica perto da Perimetral, ao lado da Cidade do Samba, justamente no ponto em que o antigo litoral se aproxima ao máximo do novo.
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
Eu sempre fiquei imaginando como seria a orla da região do porto, antes dos aterros, com seus sacos ” , suas praias , seus trapiches ! Devia ser muito bucólico ! E, o Morro da Gamboa, com aquela capela, sempre o imaginei ( e bota imaginação nisso ),mas, rodeado de água seria o nosso Monte St. Michel , da França ! ( vejam foto, é quase igual !! )
Pois é Luís, devia ser muito bonito antes das atividades portuárias da segunda metade do sec. XIX acabarem com a região, na época dos aterros para o porto pouca coisa deveria sobrar na montoeira de trapiches, pequenos estaleiros e certamente muito lodo e assoreamento
Sem falar no fedor de óleo, lixo, esgoto e peixe morto…. arrrgh!!
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
Hoje de tarde fui até o Forte de Copacabana ver a exposição de fotos de Copacabana. Legal, gostei de ver ao vivo e a cores, aliais ao vivo e em PB!.
Bom dia, André.
A exposição de fotos suas e do Tumminelli está excelente,parabéns!
Estive no Forte no sábado,mas não cheguei a fazer contato com as pessoas,pois não tenho referências visuais de quase ninguém,exceto por aquelas fotos pequenas dos perfis.
Mas estava realmente demais.
Parabéns, o criador deste blog teve muita luz ao criá-lo. Muito legal!!
paulo santos