Terminamos a semana dando mais detalhes do famoso Estilo Compoteira tão ironizado por Luiz Edmundo.
Os prédio são alguns dos mostrados ontem em tomada no sentido inverso, vemos um pedacinho do Restaurante e Charutaria Pariz, segundo Luiz Edmundo o único prédio digno desse canto do velho Largo da Carioca, e ao seu lado a total personificação do estilo Compoteira, a confeitaria Rocha & Meneres, vemos com detalhes toda a arte alta da construção, com destaque para as platibandas contendo as compoteiras ladeadas pelas 6 estátuas das 4 estações do ano (explicação na foto de ontem) e além de tudo o famoso chalezinho suíco no topo, outra moda no Rio também. Chalés esses, segundo Luiz Edmundo, naturalizados brasileiros pelas mãos de mestres de obra do Porto.
Mais a frente vemos que o prédio da Casa de Ferragens Leitão, apesar de mais discreto também era um fiel representante do estilo, as vezes chamado também de Goiabada, que embora não possuindo vasos ou estátuas no seu topo, tinha a indefectível platibanda, bem como o chalezinho em seus telhados.
Termino o texto com um trecho do texto do grande historiador: “É um panaché notável, diante do qual, por vezes, estrangeiros param disfarçando sorrisos que nos humilham e que nos fazem mal.”
Comments (20)
Por mais que ironizasse o Edmundo, deviam ser sensacionais esses chalés em cima das lojas.
Fico imaginando o dono da loja morando no chalé com a família e descendo para trabalhar em seu estabelecimento. Na hora do almoço subia e comia, convivendo muito mais com os familiares que nos dia de hoje.
Agora as compoteiras realmente deviam ser um criadouro de mosquitos danado…
Não existem mais “compoteiras” no Rio, não é? Como eu disse outras vezes, derrubaram praticamente tudo que era do século XIX.
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
Acho até bonitinho…
podia até ser sujo… mas era bonito
Adrésíssimo edmundiana personagem,
eu sei de muita gente que baba e revira os olhos quando vê imagens deste Rio do passado.
Tenho lá também minhas “saudades” inexplicáveis ao ver trechos da cidade como esses. Me lembra conversas longas e despreocupadas em botequins e casas de chá; cálices de genipapo, cafés moídos à beira da calçada, cheiro de feijão, pitanga e carambola pelo ar.
Mas, por outro lado, me repulsa um pouco pensar num sistema de água e esgoto deficiente, num sistema de arejamentos das casas inoperante, numa revoada de mosquitos e hordas de ratos pelos desvãos das calçadas.
Enfim, fico sempre balançado entre duas sensações; a de um Rio ingênuo, romântico, despreocupado, em contraste a uma cidade sem ordem, planejamento, saúde e conforto.
É o que eu chamo de teoria lusitana do “não sei se vá ou se fique”.
Concordo com o Tom Jobim quando dizia: Nova Iorque é ótima mas é uma merda; o Rio é uma merda mas é ótimo”.
E durma-se com um tiroteio desses.
Ih, esqueci o “stili compoteira”.
Desculpe.
Mas também não me desagrada tanto.
AG
o cafe da rua da carioca num 10, e o Antiqualhos, tb chamado cafe do Bom, Cachaça da Boa, o quadro e de 1908 do artista Marques junior, afinal VC JA DESCOBRIU AONDE ERA O CAFE PAPAGAIO?
E o CAFE DO JAVA, alguem confirma se era no Lgo de Sao Francisco com Ouvidor?
mas afinal o q caracteriza exatamente o estilo compoteira?
não consgeui saber de ninguém onde era esse tal Café Papagaio que o Marques Junior colocou como cenário dos intelectuais da época tomando café e fumando.
Uma coisa interessante dessa reprodução no Antiqualhos da Rua da Carioca 10, é que ao lado há uma lista dos que estão retratados mas não há numeração para dizer quem é quem.
Fica-se da mesa tentando-se advinhar se aquele é o João do Rio ou um outro gordinho qualquer que não sabemos o nome.
Já falei com os donos da casa e eles me disseram que o sujeito que vem “dar nome aos bois” promete, promete, mas nunca aparece.
Uma pena.
bela foto!! linda descrição!
O Café Papagaio ficava na rua Gonçalves Dias, entre a Ouvidor e a Sete de Setembro, era simples, mas pitoresco e acolhedor, no seu restaurante havia uma pequena orquestra de cordas e flauta, muito correta segundo Luiz Edmundo, tocando muita música brasileira.
Na porta do estabelecimento havia o letreiro de carne e penas, o papagaio, o primero era mudo, entediado, ficava apenas de cabeça torta olhando os fregueses, parecia de banzo o tempo todo.
Mas esse papagaio foi achado numa manhã, congelado caído no chão. Aí entra o Bocage, o papagaio que era a alegria dos boêmios, parecia um gramofone..gravava tudo.
De palavrões a trechos de publicações pornográficas, tendo por especial predileção recitá-las quando ao passar de alguma senhorita.
Tinha gente que vinha de longe e ficava do outro lado da rua vendo Bocage agir durante o dia, a sua atuação foi tão intensa que o poder público foi obrigado a agir e Bocage exilado da rua Golçalves Dias.
Outro papagaio foi comprado, para subistituí-lo, um meio termo entre o primeiro mudo e o segundo totalmente desbocado.
Andre
E o cafe do Java, confirma o q eu falei acima?
Providencial, essa explanação sobre o estilo “compoteira”.
Acho que as compoteiras devem ter sido, em parte, responsáveis pelas epidemias, cujo vetor era o mosquito, combatida pelo incompreendido (pela população carioca da época) Oswaldo Cruz. Imagino que o sanitarista devia ter ojeriza a essas “compoteiras”, verdadeiros criadouros de mosquitos.
Se algumas sobreviveram, paradoxalmente, devem ter sido as dos túmulos, nos cemitérios da cidade.
Decourt, desculpe a demora em responder, mas só agora vi seu comentário no Rafael.
O endereço da Farmácia Granado é Rua Conde de Bonfim, 300, esquina com a Rua Almte Cochrane, que fica exatamente onde termina a Praça Saens Peña, na Tijuca.
abraço
Ana Lucia
http://fotolog.terra.com.br/anlufrusca
Eu disse “onde termina”? Desculpe, pela minha localização, é onde termina.
Na verdade, é onde começa, no sentido da numeração da Rua Conde de Bonfim.
Desculpe a localização estabanada!
abraço
Ana Lucia
http://fotolog.terra.com.br/anlufrusca
Andresíssimo, valeu !
Finalmente sei onde ficou o famoso Café Papagaio.
Interessante é que não me lembro de ter lido essa informação no Rio de Janeiro do meu Tempo. Seria no Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis ?
De qualquer forma, valeu, companheiro.
Eu heim !!!!
O estilo compoteira faz efeito.
Quem se arrisca a fazer o mesmo que o Sr. Moreira mas em sânscrito ?
(L)