Nessa foto do fotógrafo Harriet Chalmers vemos um dos tipos comuns na cidade no final do sec XIX início do XX, o vendedor ambulante que carregava tabuleiro.
A forma do tabuleiro é muito curiosa, as pernas compridas permitiam que o ambulante o carregasse nos ombros tendo como apoio às mesmas, e essas quando o tabuleiro era colocado no chão deixavam as guloseimas bem a mostra do freguês que as podia escolher pelas vitrines.
Eram notadamente vendidos nesses tabuleiros doces e salgados simples, como empadas, quindins, cocadas, pastéis doces e salgados, bolos diversos…. tudo que tivesse fácil conservação e pudesse ser vendido em pequenas porções.
Esses vendedores eram figuras fáceis pela velha cidade, mas o nosso fotógrafo escolheu na época um dos melhores lugares para acha-los, um velho bairro ancestral da cidade, decadente e com uma enorme população carente, bem próximo dos melhores endereços “chic’s” da Belle Epoque.
Nosso vendedor, há mais um perto do menino à esquerda, está no bairro da Misericórdia, mais exatamente no largo formado pelo entroncamento de vias primordiais da cidade, a ladeira da Misericórdia e a rua do mesmo homônima, chamado de largo da Misericórdia.
A construção que vemos tenuamente por de trás é uma das fachadas do conjunto da Santa Casa, mais precisamente a empena que abriga a igrejinha de Nossa Senhora de Bonsucesso, a estátua ficava no centro do largo.
Infelizmente essa região foi muito modificada já 3 anos depois de tirada essa foto, com a expo de 1922, que construiu pavilhões em duas laterais do largo, além de retirar uma boa parte da arborização do largo, as reformas urbanas seguintes acabaram de modifica-lo de todo, como por exemplo à estátua que vemos atrás foi daí retirada em alguma época após os anos 20.
Agradeço ao amigo Flávio Sertâ de Mendonça, por ter me mostrado uma foto desse mesmo lugar, em outro angulo que acabou com a minha dúvida quanto à perfeita localização deste cenário, dúvida que durava mais de 2 anos.
Como curiosidades podemos notar, no tabuleiro a pinça para pegar os doces e a licença, afixada em lugar visível, obrigatórias após a regularização dos ambulantes feita por Passos, iguais as que as baianas que chegaram até aos anos 70 tinham junto aos seus tabuleiros. Encostado no poste à direita vemos o estojo da máquina do fotógrafo.
Foto: Harriet Chlamers
Coleção: Desmond Cole
Comments (19)
Essa foto saiu há poucos dias num outro dos nossos fotologs amigos… mas vou deixar vocês procurarem…
A descrição da modificação do lugar está bem modesta. O Bairro da Misericórdia foi COMPLETAMENTE DESTRUÍDO, como parte do grande crime que foi a eliminação do berço da cidade, o Morro do Castelo. Como na Cidade Nova, nem as ruas sobreviveram.
Uma coisa que eu acho interessante nessas fotos antigas é a pouca profundidade de foco (não sei se o termo é esse). Apenas o assunto principal fica nítido, tudo em volta fica borrado, dando um efeito interessante. Deve ter a ver com a maior abertura e tempo de exposição que eram necessários para os filmes da época
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
isso Rafael, houve uma total destruição do bairro da Misericórdia dos anos 20 até os 70, mas curiosamente fora a ausência do Min. da Agricultura de um dos lados do largo essa região permance curiosmante intacta, com ruas estreitas, lógico que nõa podemos chegar até o fim da ladeira da Misericórida.
Uns post’s sobre isso já estão engatilhados
Como já disse em outro “post”, que saudades das maçãs caramelizadas vendidas na calçada do Rei da Voz, entre as Lojas Brasileiras (na Travessa Angrense) e a Sloper (na Raimundo Correia), bem em frente ao Metro-Copacabana.
Sobreviveram até quase os anos 70, em Copacabana.
Luiz, havia também mais dois vendedores desse tipo em Copa, a senhor das uvas também caramelizadas na porta da Galeria Menescal e o senhor de doces e brigadeiros que ficava na frente da galeria do prédio 658, o que tem a cascata no sub-solo.
Com a invasão dos camelôs eles resistiram mas foram curiosamente protejidos pelos comerciantes estabelecidos, no meio da balburdia brizolista os dois foram levados para as entradas das duas galerias sobre as benções dos lojistas.
Os dois eram já senhores nos meus tempos de criança e adolescente, hoje se aposentaram ou já faleceram…uma pena….como também o sumiço da baiana da esquina da Dias da Rocha com Av. Copacabana que também foi tragada pelo comércio irregular e bandido dos camelôs.
o Rei da Voz !!!! Meu Deus.. há quanto tempo ! Havia um na Rua do Riachuelo esquina com a Av N.S. de Fátima onde moravam minha avó e uma tia-avó, esta ainda vivíssima….
Lembro bem da baiana que fazia ponto em frente à Sears da Praia de Botafogo… Eita cocada boa !
Ninguém teve Misericórdia com o podre bairro.
Q história!!!
Conheço uma senhora que morreu de tetano comendo um docinho desse português ai. Ele foi indiciado pelo chefe de policia Tavares Silva do 4 Districto por homicidio glicósico. Cumpriu pena na Ilha Grande, onde morreu com 98 anos.
Andresíssimo,
como já comentei esta foto, principalmente no aspecto higiênico dos alimentos ali apresentados,
peço licença para fazer outras observações a saber:
acho que a caixa de couro encostada no poste, era o estojo da câmera fotográfica do Mr. Harriet Chlamers.
Acho que a estátua ali ao fundo é de São Francisco o homem que não conseguindo ser rico sozinho, entrou para a igreja católica, ficou pobre e fundou uma ordem religiosa das mais ricas do mundo.
Acho que o jovem ali encostado, com a mão nas cadeiras, seria mais tarde conhecido como Gigi, La Blonde, a maior transformista dos anos 30 no Rio de Janeiro.
Por último, acho que se o patrão me pegar agora, matando trabalho, escrevendo tanta bobagem, vou parar no olho da rua.
Postei a foto que o André mencionou. Podem ir conferir.
JBAN, fiquei na dúvida. POBRE bairro ou PODRE bairro? Ato falho ou sua proverbial sinceridade? (PI)
http://www.flaviorio.globolog.com.br
Lembro bem do Sheik das Cocadas. Era do mesmo ramo que o sorveteiro da Kibon em frente à casa do Luiz D’ no Cantagalo. E, dizem, de um vendedor de flores que trabalhava no Leblon e São Conrado, vestido de smoking.
http://www.flaviorio.globolog.com.br
POBRE BAIRRO !!!!!!!!!!
Na porta do Santo Inácio tinha um vendedor de uvas carameladas que era suspeitíssimo de fornecer outras substâncias para a Galera… Grapes ! Grapes !!
Na minha época de SCI tinha o tal do “Madura” vendedor de balas na frente do colégio…..boatos rodavam o colégio que ele vendia outros baratos…
Quando eu fui pro Princesa o mito caiu, pelo menos com o baleiro que ficava de frente, autorizado a entrar na hora do recreio e o sorveteiro a vender seus sorvetes pelo portão entre aberto sob a supervisão dos inspetores, muito mais para ninguém escapulir para tomar uma cerveja na esquina da S. Clemente
Vendedor de flores de smoking era o Pedro das flores,vendia nas boites da zona sul
Ô Decourt, você estudou no Princesa?
Eu também… de 85 a 91.
http://fotolog.terra.com.br/rafael_netto
Fala, Decourt!